Tuesday, January 29, 2019

A Dona Lígia e o Patinho Feio


A Dona Lígia e o Patinho Feio

Mal sabia, na minha meninice, "
que a vida era um eterno perder e ganhar, 
uma renovação a cada dia.

Todo aprumado, de uniforme limpo e passado e, principalmente, revestido da reasposabilidade de um garoto de 7 anos, eu desço a enorme ladeira para depois subir outra e chegar à minha escola, o Grupo Escolar Dona Suzana de Campos. Na minha pasta, aquele estojo bonito, cheio de lápis coloridos e a caneta tinteiro.
Lá chego, entro na fila junto com os outros, e subo as escadas. Cuidadosamente, espalho meu material pela velha escrivaninha de madeira, dupla, com cadeiras atreladas. A minha professora, como gostava dela, era a Dona Ligia. São bem mais de 60 anos e posso me enganar, mas acho que era morena, magra e bem alta. Para mim ela era um mistério gostoso, um ser superior. Fazia o máximo para fazer tudo direitinho, como ela mandava. Os outros meninos, eu não os conhecia, nem me importava muito com eles. Havia aquele com cabelos ruivos, altivo, cheio de si, bem a meu lado. Mais tarde soube ser filho de um chefe  da companhia de cimento. Fazia sentido. O que me incomodava nele, não era ele, em si, era seu lápis. Tinha um conjunto de pequenas penas coloridas no topo. Parecia exibicionismo, tentando assim obscurecer o esplendor de minha professora.
Os meses foram se passando e o final do meu primeiro ano ficando mais próximo. Sabia que iria perder a Dona Lígia  e isso me incomodava. Mal sabia, na minha meninice, que a vida era um eterno perder e ganhar, uma renovação a cada dia.
Finalmente, chegou o dia da última aula. A professora anunciou que havia um prêmio para o melhor da classe. Enquanto pensava na importância daquele momento, ouvi meu nome. Demorou um pouco para eu entender. Eu tinha sido o estudante mais aplicado, com 88 pontos. Devia ser bastante, pela pomposidade com que ela anunciou o evento. Estava radiante. É verdade que estava dividindo o meu posto com o Osvaldinho, meu colega de classe. No entanto, eu me sentia o dono de tudo, era melhor do que o menino de lápis de penas, eu era o preferido da Dona Lígia. Com muito orgulho fui até a frente pegar meu prêmio: um livro colorido, cheio de desenhos, O Patinho Feio.
Esqueci de muita coisa daquela época, mas da Dona Lígia, eu não me esqueci. Até agora me lembro de seu rosto fino, moreno, simpático... Amor de menino pela professora não se esquece jamais.

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À procura de Lucas


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Monday, January 28, 2019

Tempo de tempestade









Tempo de tempestade

Navego nesses tempos,
como se navega na tempestade.
Ondas grandes e pequenas,
me cobrem e me descobrem,
como se eu nada fosse...
Tento lutar, depois me acomodo,
quem há de o mar vencer?
Às vezes, subo com a onda,
bem na crista, lá em cima...
E é aí que vejo a linda praia,
cheia de luz, cheia de sol!
E me encho de esperança, de vida,
antes  de novamente afundar...
Ar, mar, é preciso esperar...


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Estranhas Histórias
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Wednesday, January 9, 2019

Não se fazem mais velhinhos e velhinhas como antigamente



Não se fazem mais velhinhos e velhinhas como antigamente

Quando eu era um garoto, ou um “piá”, como dizia naqueles tempos o meu tio Giuliano, uma pessoa ter 40 anos era estar perto do fim. Talvez esteja exagerando, mas que significava que a pessoa tinha dado o primeiro passo na fase da velhice, isto, definitivamente, podemos afirmar. Cinquenta anos era oficialmente ser velho, com direito a carteirinha e tudo mais. Fazer sessenta anos era um privilégio para poucos e essas pessoas eram consideradas uma exceção. Chegar aos setenta era um acidente do destino. Alguém ter oitenta era certamente uma lenda ou uma mentira. Nem vou falar de números mais altos.
Tudo mudou.
Agora muitas pessoas só casam depois dos quarenta. Os que casam. Há também o oposto: os que se casam o tempo todo; uma, duas, três vezes... Com cinquenta, as pessoas começam a ficar maduras em termos de relacionamento. Claro, aqueles que têm vocação para relacionamento sério. Sessenta anos é uma idade de um pouco de insegurança. Homens e mulheres ficam com ciúmes e fazem briguinhas de amor. Iguais àquelas que faziam os namoradinhos de outrora. Com setenta, os casados começam a pensar em um relacionamento mais definitivo, para, talvez, com 80 se assentarem. Não sei onde vamos parar. A “idade do lobo” que era aos quarenta anos, eu nem sei mais se ainda existe. Ninguém mais falou dela.

Sei que estou me excedendo na minha análise, mas há muita coisa de verdade nisso tudo que escrevi. O fato é que, certamente, não se fazem mais velhinhos e velhinhas como antigamente.

oooooOOOooooo

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