Friday, September 29, 2017

Eu queria ser um tardígrado



Eu queria ser um tardígrado

Não sei se você já ouviu falar deles, os tardígrados. São uns capetas. Na verdade, uns capetinhas, pois medem apenas de 0,05 a 1,25mm. São chamados familiarmente de ursos d’água ou leitões do musgo. Resistem a tudo. Não possuem sistema circulatório e nem aparelho respiratório. Podem viver em qualquer lugar do planeta: no fundo oceânico ou no alto do Himalaia. Pelo menos 300 espécies vivem no Ártico e na Antártica, e 115 espécies foram catalogadas na Groenlândia. São capazes de resistir aos raios cósmicos, a radiação ultravioleta e a falta de oxigênio. Foram enviados ao espaço para teste e resistiram a raios ultravioletas que são cerca de mil vezes mais intensos do que os encontrados na Terra. Podem viver cerca de 120 anos, o que é um absurdo para animais desse tamanho. Conseguem “desligar” seu metabolismo para se proteger de condições extremamente adversas e têm a incrível capacidade de “consertar” e recuperar seu DNA, no caso de serem danificados por radiação. Aguentam mais de 75 mil atmosferas, o que é dezenas de vezes mais do que aguentam animais que vivem em regiões abissais do oceano. Aguentam calor duas vezes superior ao de uma chaleira com água fervendo. Álcool etílico a 96º ou éter, eles simplesmente ignoram.
Queria ser um tardígrado, conseguir sobreviver a tudo isso. Pena que eles não pensem, não raciocinem. Ou será que...? 

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Brasil




Thursday, September 28, 2017

O sorriso de Deus


O sorriso de Deus

Dizem que está tudo no cérebro. O choro, a lágrima, o sorriso, a alegria, são tão somente sinais elétricos que, numa orquestração magistral, vão passando pelas sinapses, pelos neurônios. Um complexo mecanismo, matematicamente desenhado. Uma perfeição. Recentes estudos até dizem que a crença em Deus, e até a sensação de livre arbítrio, fazem parte do sofisticado sistema da evolução. Isso mesmo. Na verdade não teríamos a capacidade, ou melhor, a liberdade, de decidir sobre nossas ações. Estaria tudo já decidido previamente de acordo com determinadas regras. A sensação de que estamos no comando, de que podemos decidir, estaria habilmente implantada em nossas cabeças. Se assim não fosse, o homem seria menos do que um animal, seria uma coisa.
Se isso for verdade, que se dane. Ainda assim, eu adoro, poder desabafar a tristeza com um choro sutil. Adoro sorrir quando uma alegria inexplicavelmente cutuca lá dentro da alma. Mais do que tudo, eu adoro ver os sorrisos das pessoas. E não importa se é o sorriso da miss ou de uma velhinha desdentada. É como se a minha alma estivesse se alimentado de um misterioso néctar.
E o sorriso das crianças, então? Acho que esse é o sorriso de Deus... Aquele mesmo Deus que a Ciência ainda não explicou.

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Tuesday, September 26, 2017

O destino dos meus sonhos




O destino dos meus sonhos

Todos os dias, eu espero,
o que é para se esperar.
E tudo, então, acontece,
diferente do meu sonhar.
Vou, então, acomodando,
o que devo esperar,
do jeito que o destino,
arrogante, quer encenar...
Quem sou eu para querer,
este futuro transformar?
Só uma coisa não deixo:
é que ele, arrogante,
vá minha quimera apagar...


XIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIX

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Sunday, September 24, 2017

Velhinhos




Velhinhos

Hoje vi muitos velhinhos,
velhinhos de todos os tipos.
alguns saudáveis, sorridentes....
outros poucos, zangados,
reclamando de alguém!
Velhinhos, gente comum,
gente como toda gente.
À noite, cansado, fui me deitar,
e comecei então a pensar.
Caramba, eu sou um velhinho também!

XIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIXIX

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O tempo tropeçou



O tempo tropeçou

Estava indo tudo muito bem. Apesar das fatalidades e dos atropelos, tudo corria dentro dos parâmetros. O tempo passava como devia passar. Algo inusitado, porém, aconteceu. Uma estrela, localizada nas bordas desse nosso Universo, começou a diminuir de tamanho. Ela fica escondida numa enorme nebulosa, por isso nunca a acharam. Seu nome é Novaks, ou pelo menos vai ser. Não se sabe por que cargas d’água, ela começou a se transformar numa estrela anã. Pois bem, esse corpo celeste é de especial importância. Serve de elo com o outro Universo, o paralelo de nós. Tem uma correspondente lá do outro lado. A sua irmã, porém, continuou normal, não mudou de tamanho. Criou-se um impasse e daí tivemos um problemão aqui neste nosso querido mundo. Tudo começou a ficar confuso. Não sei se você notou os fatos estranhos que estão ocorrendo. Guerras primitivas estão voltando. Catástrofes bíblicas, também. O tempo, em sua essência, foi distorcido pela assimetria causada pela Novaks. Características do começo do mundo, costumes da Idade Média, estão reaparecendo por todo lugar. Por outro lado, embora não se possa ver, há celulares e computadores dentro de conventos da idade Média e os frades estão doidos, tentando entender. Acham que é uma coisa do demônio. Nós aqui também, estamos achando que muitas ocorrências atuais são demoníacas. Até os pastores estão comentando. Está tudo invertido, podem ter certeza. Mas no fim vai dar tudo certo. A nossa Novaks vai ficar mesmo anã, entretanto. A sua irmã, no mundo paralelo de nós, vai continuar, enorme, pairando naquela nebulosa gigantesca. Algum desequilíbrio tinha de haver, mas as coisas vão se ajustando, vão se compensando. Vamos continuar a ser espelho do outro Universo. Com uma estrela a menos, porém. Entendeu? Tinha de haver uma explicação lógica para tudo que está acontecendo...

Só para concluir, eu adoraria ver a cara daqueles frades do século XIII olhando para um celular. Já pensou se ele de repente tocasse, então?

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Thursday, September 21, 2017

O dia de hoje


O dia de hoje

Hoje saí pelas ruas,
vi pessoas zangadas,
vi faces nuas.
Hoje pensei em coisas,
pensei no passado,
pensei no futuro.
Hoje eu me perdoei,
hoje eu me consolei,
eu me esqueci de mim
Hoje não fiz contas,
hoje não escrevi,
também não deduzi.
Deixei minha mente voar,
minha alma descansar,
meu corpo se conhecer.
Hoje não vi notícias,
não senti tristeza,
não senti saudade.
Hoje eu tirei férias de mim...
Nossa, como foi bom,
estava cansado de mim mesmo!


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Wednesday, September 20, 2017

O furacão e suas histórias




 O furacão e suas histórias

Ele já tem uma certa idade, mas ainda trabalha oito horas todos os dias da semana. Nunca falta. Nem precisaria dar duro assim, tem mais do que suficiente para viver, mas é viúvo, mora sozinho, fazer o que em casa? Além disso, ele adora o que faz. Trabalha num dos hotéis da Disney e sua função é simples: quando chegam os hóspedes, cumprimenta-os com um sorriso, dá-lhes boas vindas e indica o caminho a seguir. Todos os conhecem: funcionários, gerentes, clientes antigos, etc. E mais, quando há um casamento, ele segura a cauda do vestido da noiva.
Foi por isso que todos estranharam quando Richard não veio trabalhar logo depois do furacão. Aquele não era ele.  Querido que era, imediatamente foram atrás dele. Logo descobriram o que tinha acontecido. O local onde morava – só para pessoas de idade – tinha sido inundado. Não estava no abrigo onde a maioria tinha sido recolhida. Estava numa espécie de estalagem adaptada para recolher as vítimas da enchente. Já era o terceiro dia em que ele comia mal, não tinha roupas para trocar e nem água para banho. Imaginem! Justo ele, tão metódico, tão certinho!
Foi tirado de lá imediatamente. Conseguiram um quarto de hotel na Disney, roupas secas, comida, material de higiene pessoal, tudo. Daí ele falou que precisava do uniforme, que tinha se perdido no meio das águas. Não precisa, fica uns dias sem trabalhar, falaram todos. Mas ninguém conseguia convencê-lo. Faltar mais um dia era inadmissível. Levaram-no até o departamento adequado e lá foi ele, vestiu seus trajes especiais e dirigiu-se, todo feliz, para o trabalho.
Parecia um herói. Mas por que tanta festa? Tanta gente perdeu a casa, perdeu tudo!

É que eu ainda não falei a idade do Richard. Ele está com 93 anos...

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Monday, September 18, 2017

Poeminha em prosa



















Poeminha em prosa

Um maestro invisível conduz a sinfonia cósmica. Luzes e cores se harmonizam com os sons das aves e o murmúrio das águas do mar.  O ar e o azul são uma coisa só e as nuvens do céu lutam para coibir a monotonia e o absoluto do infinito. Há uma sintonia fina entre o cascalho movido pelo inseto e o surdo som do terremoto. Numa luta insensata, a harmonia do bem tenta impedir a confusão do mal. Luz e treva, som e silêncio, rancor e amor, vida e morte, se encontram, se difundem, se destroem e se consomem numa batalha contínua. O amálgama às vezes é assustador, às vezes é de uma beleza sem igual. No fim, as forças se anulam, o eterno equilíbrio se restaura. O feio justifica o belo, o belo existe por causa do feio. O eterno conflito recomeça só para se estabilizar mais uma vez.
Quando as causas e consequências se anulam, quando a estabilidade é quase infinita, olho para fora, pela janela, e vejo uma flor. Vermelha e imponente, quase agressiva em sua beleza. Majestosa, poderosa, ela se impõe. Então, sozinha, ela desequilibra, de novo, o meu universo.

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Essa vida da gente

(crônicas e contos sobre o cotidiano)












Wednesday, September 13, 2017

O “seu” Bonifácio e os canários (Perus nos anos 50...)


O “seu” Bonifácio e os canários   (Perus nos anos 50...)



Era bonito ver aquele montão de pássaros, de todas as cores, cantando, cantando. Eu era muito pequeno e ficava vendo meu pai limpar as gaiolas, colocar alpiste novo, trocar a água. Havia alguns com penas de um azul claro lindo, misturado com pontos amarelos. Havia aqueles de cabeça vermelha e peito marrom. Outros, amarelinhos, amarelinhos. Uma vez meu pai me explicou que aqueles que cantavam bem bonito, eram machos tentando chamar a atenção das fêmeas. Acho que na época não entendi direito, mas achei que era uma coisa interessante. Eram todos muito formosos, um mais formoso do que o outro.
Um dia perguntei a meu pai porque eles ficavam presos ali, sem poder voar. Eu me lembro de que ele ficou preocupado com minha pergunta e me explicou. Aqueles pássaros não estavam acostumados a ficar lá fora. Desde criancinhas eles tinham se acostumado com gaiolas, Já eram assim quando vieram para casa. E para provar que não era mentira – não que eu não acreditasse - pegou um e deixou-o na porta da cozinha. Era um lindo canário. Deu alguns saltinhos para fora, olhou para um lado, depois para o outro. Chegou a tentar um voo curto mas logo depois foi voltando para o lugar de onde viera. Fiquei com pena dele. Era lindo, mas não podia voar por aí como os pardais e as andorinhas.
Certamente meu pai amava muito aqueles bichinhos. Cuidava deles com um carinho sem igual. E quando estava com eles, tinha sempre um sorriso nos lábios.
Um dia, chegou em casa um homem que eu não conhecia. E ele conversou muito com meu pai. Apontavam para os passarinhos, falavam, falavam. Só mais tarde percebi que o homem tinha vindo comprar os canários. Levou todos, não sobrou um só. Talvez meu pai tivesse ficado preocupado com o que eu dissera a respeito de eles não poderem voar. Talvez estivesse cansado de ficar todo dia, durante três horas cuidando deles, uma vez que já tinha trabalhado duro na fábrica de cimento desde manhã. Pode ser até que estivesse precisando de dinheiro, não sei.

O que eu sei é que nas próximas semanas o “seu” Bonifácio ficou muito triste. Até eu, embora pequeno, percebi que era por causa dos bichinhos. Voltava da fábrica de cimento, ficava ali na cadeira, sentado, olhando para o nada. Talvez estivesse esperando um deles piar novamente.Talvez um deles voltasse, voando, para seu antigo lar. Mas eles nunca mais piaram, eles nunca mais voltaram. Da mesma forma como os anos também não voltam mais, passado é passado.

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