Imersão profunda
O lugar era um apartamento
vazio, sem paredes, aquele esqueleto de concreto no ar. Havia mais pessoas e
acho que as conhecia. Conversávamos sem falar. Um diálogo absurdo, uma mistura
de esperança e desespero. Precisávamos de abrigo, precisávamos sair dali.
Alguém sugeriu, sem usar palavras, que havia uma escada. Alguns foram, eu
fiquei. Precisava pensar mais, deveria haver uma resposta. Poderia ser um sonho
e, se fosse, era inútil me preocupar. Algo, em minha mente, garantiu que não
era. Passei os dedos no chão e olhei para eles. Lá estava o pó. Era ele prova
de que aquilo tudo era verdadeiro? Por algum motivo tinha convicção absoluta de
que não estava sonhando. Às vezes você simplesmente sabe.
Senti uma vontade
enorme de vencer. Olhei para todos e lados e então eu vi. Penduradas em uma das
colunas, havia um par de asas. Asas mesmo, como se fossem de pássaro, mas eram
de metal. Eram feitas de folhas pintadas de azul, de ouro, mas havia outras tonalidades.
Ficou claro o motivo de sua presença. Eu tinha de vesti-las e sair voando pelo
espaço. Certamente elas me levariam para um lugar seguro. Não só seguro, um lugar
de prazer, de vitória, de paz. Elas se encaixaram perfeitamente em mim. Bati os braços um pouco, para ver se
funcionavam bem. Se houvesse espaço, eu poderia treinar um pouco. Treinar o
voo.
Estava claro que
aquilo era um desafio. Eu tinha de ousar, de me jogar no espaço. Precisava de coragem. Precisava voar.
Precisava fazer uma imersão profunda no vazio do ar. Foi então que me lembrei:
Imersão Profunda!
Era o nome do novo
“game” que tinha sido lançado, o maior desafio já criado no gênero. Houve muita
controvérsia, quase proibiram sua comercialização. Mas a companhia tinha
vencido. Era isso, eu estava em pleno jogo. Havia algo de muito diferente nessa
nova diversão. Você precisava voar, sair do esqueleto de concreto. Se não
conseguisse, ficaria para sempre preso no prédio não acabado, ou seja, jamais
sairia da realidade virtual. Meu Deus, era isso mesmo? Como alguém poderia ter
criado uma barbaridade dessas? Como eu tinha sido seduzido por algo tão cruel?
Eu então tive
certeza. Eu estava imerso naquela realidade virtual, mais forte que a própria
realidade. Eu estava naquela imersão profunda e precisava vencer, precisava
mergulhar no ar. E eu não sabia se iria conseguir...
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Imagine um país que vai de São Paulo até o Uruguai, numa outra realidade. Imagine agora que este país foi dominado pelos alemães e agora são seus habitantes. Esta nação é GERMÂNIKA e pertence a um universo paralelo ao nosso.
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