Tuesday, January 31, 2017

St. Louis, mais uma vez



St. Louis, mais uma vez

Com a recente história de controle imigratório nos EUA, voltou à tona uma história americana que muita gente gostaria de esquecer por sentimento de culpa ou constrangimento. Em 1939, um navio com 900 judeus, que fugiam dos nazistas, tentou aportar em terras americanas, em busca de asilo. O St. Louis foi impedido de ancorar por aqui. Tiveram que voltar para seu ponto de origem. No final, 250 de seus passageiros foram executados pelo regime nazista.
Os historiadores contam que vários fatores pesaram na decisão das autoridades americanas. A opinião pública, influenciada por “formadores de opinião”- sim, eles sempre existiram – achava que podia haver nazistas infiltrados que, mais tarde, poderiam causar danos aos americanos. Outros fatores foram também apontados, mas, lá no fundo, o que mais pesou foi o puro preconceito. Depois de estarem a uma distância curtíssima da salvação, da liberdade, do sonho de começar uma nova vida sem opressão, foram devolvidos a seu destino, que, como se sabe, foi muito cruel. Covardia, negligência, falta de visão, e outros fatores contribuíram para que essa barbaridade fosse cometida.
Como diz a sabedoria popular, a história se repete. Há poucos dias atrás, centenas de refugiados, que conseguiram esse status depois de um penoso e complexo processo exigido pelos americanos, acabaram sendo devolvidos para seus carrascos. Justificativa: medo de haver terroristas no meio deles.

Que Deus – qualquer que seja sua religião-  tenha misericórdia deles. Mais uma vez o “St. Louis” vai voltar, dessa vez pelos ares. Os carrascos são outros, os que rejeitaram o socorro são os mesmos.

 *************



  À venda


Lançamento no Clube de Autores:  Insólito

Para comprar no Brasil ( impresso ou e book) clique: 



Para comprar nos Estados Unidos clique


Monday, January 30, 2017

PALAVRAS



PALAVRAS

Palavras doces,
palavras amargas
palavras duras,
palavras sutis
palavras sem sentido,
palavras fortes,
palavras soltas,
palavras contidas,
palavras de amor,
palavras de ódio,
palavras que confortam,
palavras que machucam,
palavras dos homens,
palavra de Deus.
Eu dou minha palavra,
mas não passo escritura.
Palavras, palavras, palavras...

  *************



  À venda


Lançamento no Clube de Autores:  Insólito

Para comprar no Brasil ( impresso ou e book) clique: 



Para comprar nos Estados Unidos clique


Saturday, January 28, 2017

A ultradireita e as “margaritas”



A ultradireita e as “margaritas”


Uma ala da extrema direita, nos últimos anos, tem estado muito arisca. Acham que grande parte dos problemas americanos são os imigrantes, principalmente os hispanos. Alguns falam em deportação, outros falam em se obrigar a falar Inglês e, os mais extremados, até em se proibir o uso do Espanhol. Certamente desconhecem a história do próprio país, não sabem que uma boa parte do oeste e do sudoeste americano, nada mais eram que território mexicano há um tempo que, historicamente, não está tão distante assim. A cultura, incluindo língua, culinária e topônimos, está profundamente impregnada na terra e na população.
Fico imaginando os extremistas querendo mudar os nomes El Paso, Los Angeles e Santa Fe para algo assim como  “The Step”, “The Angels” e “Holly Faith”. Quem sabe “Saint Anthony” e “Saint Francis” substituindo San Antonio e San Francisco? Sem graça, tanto quanto o oposto de se querer chamar Yellowstone de “Piedra Amarilla”.  Será que eles querem banir toda a comida mexicana e as “margaritas” também?

Toda vez que alguém vai para um extremo, acaba ficando ridículo.Que tal relaxar? Olha que belo e sugestivo é o nome  “El Paso”! Não é deliciosa essa mistura maravilhosa de nomes latinos, hispânicos, com  algumas das duras palavras anglo-saxônicas?  Quebra o gelo, não quebra? Além disso, não é gostoso poder comer “fajitas” e “tacos”, além de hambúrgueres? Poder escolher entre margaritas e uísque do Tennessee? Entre uma cerveja americana e uma do México? Relaxa, ultradireita, relaxa, a vida é boa, ainda mais perto dos trópicos...


                        =============

         À procura de Lucas


Para adquirir este livro no Brasil 

Clique aqui  ( e-book: R$ 7,32 / impresso: R$ 27,47)

Para adquirir este livro nos Estados Unidos 


Friday, January 27, 2017

Você, meu caro amigo



Você, meu caro amigo

Você, meu caro amigo,
que pensa em parar,
mas não para para pensar,
que é sempre perdoado,
mas perdoar que é bom,  
não quer perdoar não,
que sempre muito recebe
e nunca nada  dá...
que gosta de ser amado,
sem precisar amar...
que olha e não vê,
que ouve e não escuta,
Você, meu amigo querido,
precisa dar um jeito,
de levar a vida do jeito,
que esta dura, doce, vida
precisa se levar.

                                =============

À procura de Lucas


Para adquirir este livro no Brasil 

Clique aqui  ( e-book: R$ 7,32 / impresso: R$ 27,47)

Para adquirir este livro nos Estados Unidos 

Wednesday, January 25, 2017

São Paulo, meu amor (Homenagem a São Paulo)



São Paulo, meu amor


Tenho saudades da minha cidade. Eu sei que dizem que ela é violenta, perigosa. Falam tanto dela. Falam que todo mundo é apressado, que as pessoas não têm tempo para nada. Mentira. À noite as pessoas se reúnem, cantam e contam histórias. Quem quer, sempre tem um amigo e quem não quer, pode ficar sozinho. Não há prazo de adaptação, não há carência. Assim que você chega, você pertence. Todo mundo pertence. E há de tudo. Há pecados e lugares para se pecar. Há perdão para poder se pecar. É boa de se cantar, é boa para se poetar. Caetano falou que é o avesso do avesso do avesso... e daí eu paro no avesso que quiser, no avesso que melhor me servir. O Tom Zé canta que nos amamos com todo ódio e que nos odiamos com todo amor. E Billy Blanco diz que as portas de aço levantam, todos parecem correr, não correm de, correm para... Para onde, não sei? Sei sim, quero correr para lá. Ela tem de tudo, de todas formas, todo o tempo. Ela é adulta, ela é criança, ela é adolescente também. Às vezes ela adoece, mas está sempre a se curar. Há Consolação, há Socorro, há Liberdade e até uma Casa Verde para não se perder a esperança. À noite, então, nem posso falar. Há gente nos teatros encenando cenas que saciam os cultos e há cinemas ocultos que saciam a vontade de sexo dos incultos. Há cultos sinceros, mas há os vilões do templo também. Há cultos e  pastores da noite de quem não quero falar. Há tantas coisas na cidade, em cada canto, em cada esquina. Há dor, muita dor, mas tanta alegria vem junto que às vezes nem sei qual é qual. E os sonhos, então?
Tantos sonhos... Tantos segredos, tantas histórias que todos sabem e ninguém quer contar. Há também contos  de fada, milagres que acontecem, outros que se compram, alguns que se vendem. Há gente de todo lugar, há lugar para todos e em algum lugar sempre algo está para acontecer. Há segredos que não se podem contar. E há contos que não são mais segredos. E há lendas, lendas e mitos. Quase todos são verdade, mas ninguém precisa saber. Falam tantas coisas de você... Eu escuto todas e só presto atenção nas que quero. Sinto muito sua falta. Não há cidade igual.  Tenho muitas saudades de você, São Paulo, meu amor...


         *************
  À venda


Lançamento no Clube de Autores:  Insólito

Para comprar no Brasil ( impresso ou e book) clique: 



Para comprar nos Estados Unidos clique



Monday, January 23, 2017

De onde sou

Image result for melting clocks

De onde sou

Sou daqui, sou desses tempos,
sou do futuro também.
O passado me inquieta
e suas memórias, com cuidado,
seleciono muito bem.
Separo fatos e dados,
e fico como um louco,
quando eles, duros, persistem.
Às vezes ele insiste,
malvado, impiedoso,
em, cruel, me atormentar.
O presente? Me deixa tonto!
Tão rápido, tão feroz,
é como um dardo veloz,
meu coração a flechar!
É, estranho, um futuro,
que passado se tornou.
Não tem ele identidade,
é uma bolha de sabão,
que não consigo pegar,
e que quando eu a toco,
explode vazia no ar!
Devo, humilde, confessar,
porém, que por mais que goste
do instante, da quimera,
que estou a eternizar,
é o porvir que mais quero!
É como se fosse a amada,
fugaz, sutil, me traindo,
das minhas mãos saindo,
querendo não acontecer.
Mas, por mais que ameace,
no ar, volátil, sumir,
eu a prendo dentro de mim.
Não quero que ela, matreira,
vá meus sonhos, sorrateira,
como um tufão, consumir!


                  =============

À procura de Lucas


Para adquirir este livro no Brasil 

Clique aqui  ( e-book: R$ 7,32 / impresso: R$ 27,47)

Para adquirir este livro nos Estados Unidos 

Saturday, January 21, 2017

Gnomos, duendes, anjos e demônios


Gnomos, duendes, anjos e demônios

Existe gente que acredita em gnomos e duendes. Eu nunca vi um e não acredito neles, mas não é por não vê-los.  Simplesmente não acredito. Fadas, já vi algumas, mas sei que são apenas personagens e nelas também não acredito não.  Além disso, elas me deixam enfadado, como o próprio nome diz.
Demônios? Acredito sim,  e os vejo todos os dias. Na televisão, nos jornais, em todo lugar. São ainda piores do que aqueles pintados e descritos nos livros sagrados. São assassinos brutos, torturadores, estupradores, e animais desse tipo. Como poderia não acreditar?
E os anjos? Mais do que em qualquer outro ser, neles eu acredito com sinceridade. Conheço de longe, só de olhar. Tenho amigos e amigas anjos. Tenho parentes anjos. Houve até um anjo que dormiu em minha casa. São pessoas como nós, sem maldade, sem malícia. São pessoas boas que só desejam o bem e o veem em tudo, mesmo onde ele não está.
Como não acreditar neles? São, praticamente, a única razão pela qual vale a pena continuar.

Eu gosto  muito dos meus anjos. Bem lá dentro, desconfio que eles também gostam de mim. E, acreditem, eles não têm razão nenhuma para gostar!

=============

À procura de Lucas


Para adquirir este livro no Brasil 

Clique aqui  ( e-book: R$ 7,32 / impresso: R$ 27,47)

Para adquirir este livro nos Estados Unidos 




Friday, January 20, 2017

A oitava dimensão


A oitava dimensão


Eu me chamo Gabriel. Não sou daqui e nem desses tempos. Muito menos estou anunciando boas novas, não sou um mensageiro. Na verdade, eu recebi a mensagem. De certa forma, sou a própria mensagem.
No ano de 2176 a Ciência e a Tecnologia chegaram a um ponto a partir do qual, aparentemente, não haveria mais progresso. Todas as grandes dúvidas da Ciência, como os buracos negros, a gravidade, a matéria escura, tinham sido plenamente esclarecidas, entendidas. E tínhamos ido muito mais além. A partir daquele ponto específico no tempo, 14 de janeiro de 2176, então, algo surpreendente aconteceu.
Antes de continuar, porém, quero que você saiba que meu verdadeiro nome não é Gabriel, e sim Alan Shepard, em homenagem ao grande astronauta do século 20. Eu sou diretor do projeto da “Grande Máquina Dimensional”. Pode ser considerada também uma máquina do tempo, mas isso, desculpe eu antecipar, é impossível. Mas não se decepcione. A Dimensional é muito mais avançada. Além disso, você vai descobrir daqui a algumas décadas, da sua época, que viajar no tempo é irrelevante. Não vamos, porém, pular etapas.
Estava falando daquele dia especial de janeiro. Pois bem, depois de vários ensaios, finalmente, às 13:47, acionamos a o gigante mecanismo. Nosso objetivo era que nosso grupo de cientistas – éramos onze – entrássemos numa outra dimensão. Para ser mais preciso, na oitava, pois sabíamos que nessa não seríamos pulverizados. Algo surpreendente, realmente surpreendente, aconteceu. Cinco de nós sumiram. Os outros, eu inclusive, voltaram. No entanto, eles estavam dentro de nós, de nossos pensamentos. Mais, eles estavam dentro de nossas moléculas, de nossos átomos. Éramos um só. Nosso grupo era um só. Daí, tivemos mais surpresas, ainda. Junto com nossos colegas, sumidos, vieram participar seres da oitava dimensão. Nossa constituição passou a ser a mesma. Passamos a ver tudo que eles viam, sentiam, viviam e eles também, com referência a nós. Estavam eles, de lá e de cá, todos em mim. Eu era todos eles ao mesmo tempo.
Foi então que percebemos que passamos a fazer parte de uma espécie de clube cósmico, que praticamente sabia tudo. Ou pelo menos tudo nessas duas dimensões: a nossa e a oitava. E esse conhecimento era suficiente para fazermos qualquer coisa. Não havia limites para nosso conhecimento, para nossa capacidade. Junto com essa sabedoria veio também a certeza de que a maior parte das coisas pelas quais sempre lutamos, eram desnecessárias. A única coisa ainda impossível era criar do nada. Quanto ao resto, tudo era possível. Possível, mas não necessário.
Nós sabíamos que agora estávamos perto de Deus. Éramos quase Deus. Teríamos de caminhar para outra dimensão: a décima primeira. As outras dimensões, as que pulamos, não importam. Havia, porém, um longo caminho a ser perseguido e nós éramos os escolhidos. Nós éramos os recebedores da mensagem. Nós éramos a mensagem. Eu sou a mensagem. Agora, para mim, não há tempo, não há época, não há limites. Talvez por isso que eu tenho outro nome agora. Como disse, sou Gabriel. Mais que um arcanjo. Estou indo para a décima primeira dimensão.
Estou, agora, na singularidade.

=============

À procura de Lucas


Para adquirir este livro no Brasil 

Clique aqui  ( e-book: R$ 7,32 / impresso: R$ 27,47)

Para adquirir este livro nos Estados Unidos 



Thursday, January 19, 2017

A multa da Mafalda






A multa da Mafalda

Garcia era um homem sério. Trabalhava como guarda de trânsito. Multava o dia inteiro. Sabia que a sua era uma das profissões mais odiadas do mundo. Não ligava, alguém tinha de fazer o que ele fazia. À noite foi para casa. A Mafalda, sua mulher, o esperava. Assim que ele entrou, começou a bombardear. Reclamava de tudo, contava tudo, falava como doida. Ele fez um sinal para ir devagar, dar um tempo, ele estava cansado, estressado. Que nada, ela falava mais ainda. E mais rápido. Talvez achasse que não havia tempo suficiente para dizer tudo.
O Garcia pôs o dedo em seus lábios e, com a outra mão, fez um sinal para ela esperar. Não adiantou. Ele, então, pegou seu bloco de multas, a habilitação dela que estava em sua bolsa, e fez o que sabia fazer. Deu para ela duas multas. Uma por não parar diante do sinal e outra por “dirigir” muito rápido. Pegou o imã e colocou as duas na porta da geladeira. Só aí ela entendeu o que ele queria dizer. Eram duas multas de verdade. Ficou ali, entre incrédula e indignada.

Ele, por sua vez, tomou um bom banho, colocou um pijama confortável e deitou-se. Dormiu com aquela sensação gostosa. A sensação de dever cumprido.

o><o><o><o><o><o>


=============

À procura de Lucas


Para adquirir este livro no Brasil 

Clique aqui  ( e-book: R$ 7,32 / impresso: R$ 27,47)

Para adquirir este livro nos Estados Unidos 

Tuesday, January 17, 2017

Iporanga, rios e secas


Iporanga, rios e secas

Como é bonita a língua indígena. Você não gosta do nome “Iporanga”? Tem de gostar. Vem do Tupi-Guarani “I” que significa água, rio, e de “Poranga” que significa bonito. O nome Rio Bonito também é bonito, mas Iporanga é ainda mais. E eles gostavam mesmo de água. E Araguarari?  “Ara” ( arara), mais “guá”  ( vale, enseada) e, de novo “I”...Rio da morada das araras! “Tu”significa queda. Portanto em Itu, temos queda de água. Água, de novo. Jacareí, rio dos jacarés, Jundiaí, rio dos bagres... E Itamarati, rio dos cristais?
Não precisamos de um antropólogo ou especialista em cultura indígena para nos dizer que eles admiravam a água e a natureza. Certamente, naquela época, as águas eram limpas e cristalinas e a natureza, bonita e maravilhosa. A maravilha desapareceu, pois a poluição, a sujeira e as garrafas de plástico invadiram nossas correntes, nossos riachos. Muito breve, porém, nem teremos de nos preocupar mais com isso. A água já está sumindo... Apatuiá significa “secar”...Quem sabe, deveríamos inventar um nome para nossa grande represa seca: Apatuiaí... Não gostei. Quem sabe “ibaí” ( imprestável + água)... Pior ainda.
Se ainda houvesse índios, certamente eles iriam chorar de tristeza e, com suas lágrimas, tentar encher nossas represas...

<o><o><o><o><o><o>


=============

À procura de Lucas


Para adquirir este livro no Brasil 

Clique aqui  ( e-book: R$ 7,32 / impresso: R$ 27,47)

Para adquirir este livro nos Estados Unidos