Monday, May 28, 2018

As pílulas do Doutor Sampaio




As pílulas do Doutor Sampaio

O Léo não andava nada bem. Tristeza, depressão, falta de ânimo pela vida. Às vezes, tinha surtos de alegria intensa. Curtos, muito curtos. E ele não queria nem ouvir falar em médico. Psiquiatra, psicólogo? Nem pensar!
Chegou uma hora, entretanto, que não deu mais. Era um perigo deixar um rapaz naquele estado andando por aí, isso sem contar o sofrimento. A família deu um jeito, e, com jeito, levaram-no para o doutor. Esse era daqueles bem práticos. Conversa não adianta nada. Fez uns testes e receitou um monte de remédios. No começo, a própria irmã do Léo é que separava os comprimidos. Um branco, cinco azuis, duas vezes por dia. Havia também um amarelinho que era só à noite.
E não é que a medicação do Doutor Sampaio estava funcionando? Dois dias depois o Léo já estava bem melhor. Depois de uma semana estava claro que ele já podia cuidar de si mesmo e ingerir todas aquelas pílulas.
Um mês depois, uns dias antes da nova consulta, o rapaz sentou-se no sofá da sala. Estava feliz. Agora sim estava entendendo o que se passava com ele e queria continuar com aquele tratamento. Por falar nele, lá estavam, do outro lado, sobre a cristaleira, aquelas pílulas milagrosas. Branquinhas, azuis, amarelinhas. Um milagre da Medicina. Fechou os olhos por uns segundos e podia ver aquelas luzinhas coloridas brincando no ar. O azul às vezes se destacava, crescia, aumentava e depois ficava nebuloso. Depois era a vez daquele amarelo bonito que ia e vinha pelo ar. Depois todos os comprimidos se misturavam num perfeito arco-íris. De repente, o Léo se lembrou que era hora de tomá-las. Levantou-se e atravessou a sala, foi até a cozinha e voltou com um copo de água na mão. Pegou os três frascos e colocou-os na mesinha da sala. Abriu aquele com as bolinhas azuis e pegou cinco. Depois ficou em dúvida. Achou que eram cinco brancas e uma azul e não o contrário. Será? Mas por outro lado a azul parecia mais importante e resolveu pegar cinco de cada. Depois pegou as amarelos. Sabia que era um só e era à noite. Mas por uma questão de simetria, era melhor cinco de cada. Colocou-as na palma da mão. Antes de engoli-las, pensou como aquela azulzinha fazia bem. Tinha certeza de que ela era a mais importante das três. E ele queria ter uma noite feliz. Pegou mais cinco daquelas azuis. Só para garantir. Azul, cor de anil, cor da felicidade. Talvez fosse perigoso tomar tudo aquilo, pensou. Mas quando pensou, já tinha tomado. Recostou-se no sofá e alguns minutos depois já se sentia mole e gostoso. Dormiu profundo, o Leo. O profundo mais profundo de sua vida.
Nunca mais acordou.
Alguns dizem que foi suicídio, outros que foi um acidente. Que comprimidinho poderoso aquele azul. Azul, azul cor do céu.

Não sei por que me lembrei das pílulas de vida do Doutor Ross. Que saudade!

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À procura de Lucas





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Gente cheia de luz




Gente cheia de luz

Do meu lado direito e do meu lado esquerdo há pessoas raivosas, nervosas, tentando provar com fatos e atos que todos os outros estão errados.
Em algum outro lugar escuro, soturno e triste, há demônios sobre os quais não quero falar.
Sob luz intensa, embora ninguém os veja, há os que promovem a paz. Dão sorrisos, ajudam, curam, sacrificam-se por estranhos. Não têm malícia, são inocentes, são os anjos de uma nova era que não sei quando vai chegar. Se tivesse a habilidade e as palavras certas, era deles que gostaria de falar. Fazer um enorme poema épico, cheio da mesma luz que é a essência de suas almas.
Melhor, acho que eles são a própria luz.


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Saturday, May 26, 2018

O McFlurry do McDonald’s, o Jordan, e o Oumar, que não reclamou com o bispo


O McFlurry do McDonald’s, o Jordan, e o Oumar, que não reclamou com o bispo 



O Juan entrega comida do McDonald’s na casa das pessoas via Uber. Naquela manhã chuvosa, ele pegou um McFlurry e viu que tinha de entregar para o Jordan, que vivia a mais de 15 quilômetros de distância. Corrida boa, mas achou que esse tal de Jordan não iria dar gorjeta. Intuição. Enquanto dirigia, Juan fazia as contas na cabeça. Ele ia ganhar uns 8 dólares e o Jordan ia pagar uns 11, mais o custo do McFlurry, ou seja, 12.79. Que absurdo, suspirou. Quase 13 dólares para ingerir um monte de açúcar, colesterol, e, pior, aquele sabor enjoativo de vanila. Existe cada um...
Quando teminou o dia, Juan viu as contas e percebeu que o desgraçado do Jordan não tinha dado gorjeta mesmo. Também, quem espera gorjeta de alguém que gasta uma grana daquelas com um McFlurry? Jurou para si mesmo que jamais colocaria uma coisa daquelas em sua boca.
Começou a ler o jornal no computador e viu uma notícia pungente. Milhões de seres humanos vivem com menos de um dólar por dia. Triste, Juan resolveu dormir um  pouco. E sonhou.
Viu um rapaz chamado Oumar, magro, suando ao quebrar pedras com uma marreta. Ele era de Mali. De um lado havia um poste com sebo e uma nota de um dólar no topo. Do outro, outro pau ensebado com um copo de McFlurry lá em cima. Coisa estranha. Que injustiça, Juan pensou em seu sonho. Pelo menos, suspirou, um dólar em Mali pode comprar mais coisas do que nos EUA.  Mas era ttriste e não havia nada que se pudesse fazer. Se Juan fosse do Brasil, poderia ouvir aquela frase comum – pelo menos antigamente - para essas situações: “Não é justo? Vai reclamar com o bispo!” O que ele pensou, na verdade, que aquilo era uma coisa que, só por Deus! E quem melhor que o papa para falar com Deus? Especialmente o papa atual!
Sabia, no entanto, que isso também não seria possível! Quem consegue falar com o papa? O fato é que as coisas iriam continuar do jeito que estavam. O Jordan iria continuar comprando seu McFlurry lá longe, do McDonald’s, a cadeia de fast food iria continuar crescendo e o Oumar iria continuar na mesma. Quer dizer, depende... Havia uma boa chance de ele perder seu precioso emprego de um dólar por dia a qualquer momento. Lá não existe carteira assinada, nem direitos trabalhistas.
Ai, ai... coitado do Oumar, que nem tem um bispo com quem possa reclamar!

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Tuesday, May 22, 2018

Aperto, o do trem, e outros mais

Aperto, o do trem, e outros mais



Um braço cruzado segurando o fichário e um livro sobre o peito, para o curso noturno. Apertado como nunca. Nem os dedos dava para mexer. O outro braço, o esquerdo, abaixado, segurando uma sacola com o lanche para o almoço. Também não podia se mexer. Os pés igualmente, tinham de ficar quietinhos, movimento nenhum. A cabeça sim, essa podia virar um pouco, mas não muito.
Todo mundo empacotado, petrificado, paralisado, era o trem das seis e cinco, da manhã, é claro, saindo de Perus. Em Jaraguá piorou mais um pouquinho e em Pirituba mais um pouco ainda. O zíper do fichário quase machucava minha pele. A Lapa estava chegando, graças a Deus, muita gente ia sair lá. Ainda ia continuar  uma sardinha em lata, mas pelo menos os dedos eu iria poder movimentar. O subúrbio da Santos a Jundiaí foi diminuindo de velocidade, já dava para ver o nome da estação. Nem precisava me preocupar em dar passagem para quem ia sair. Levavam a gente para fora e depois a turma de fora levava a gente de volta para dentro. Se quisesse trocar a posição dos braços, essa era a hora.
Aquele dia porém, algo tinha acontecido. Havia muita gente naquela estação da Lapa também. Trem quebrado? Não sei, mas mal tinha conseguido ser empurrado para fora, já estava vindo de volta. O impossível aconteceu. Ficou mais apertado do que antes. Os dois braços estavam na mesma posição em que haviam entrado em Perus.
Quando chegou a Água Branca, finalmente  meu corpo e minhas coisas foram empurradas para fora. Respirei fundo, aquela sensação gostosa de ar, apesar da mistura de cheiro de freio do trem e de poluição das fábricas próximas. Podia, finalmente, esticar os membros inferiores e os superiores.
Agora era só correr até a Francisco Matarazzo e finalmente pegar o ônibus. Não conseguiria me sentar, mas pelo menos, poderia me estirar.
Era uma segunda-feira qualquer de agosto de 1966, faltavam 34 anos para o novo milênio, mas ninguém pensava nisso, tanta coisa havia para se fazer. Havia a ditadura e seus porões. Ela partiria mais tarde, mas muitos porões ficariam e outros se criariam. E o milênio chegou e mais 18 anos se passaram. O que mudou? Muito e nada. A condução, pelo menos, deve ter mudado, assim espero.

O aperto, entretanto,  pelo menos aquele dentro do peito, acho que continua forte e persistente na nossa querida pátria: a nossa pátria, amada, idolatrada, cheia de encantos mil, meu adorado Brasil.


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Monday, May 21, 2018

O assento da cadeira e o acento da palavra



O assento da cadeira e o acento da palavra

O assento, da cadeira, é claro, não tem acento, pois é uma palavra paroxítona terminada em “o”. Cadeira, por outro lado, também não tem acento, embora tenha assento, conforme explicado. Se uma firma comprar cem cadeiras, pode-se  dizer que comprou um cento das ditas cujas. Assim, com certeza, o dono vai poder dizer ”eu me sento numa das cadeiras que comprei”. Assim, não confunda “cento” com “sento”. O acento pode ser grave, agudo, ou circunflexo. Estamos falando do acento gráfico. Quase todas as palavras tem acento na pronúncia, ou seja, uma sílaba mais forte, a tônica. A maior parte delas não tem acento gráfico, porém. E é desse último que estamos falando aqui. Interessante, por outro lado, que a própria palavra acento não tem acento gráfico, assim como não o tem, também, a palavra assento. Mas isso eu já falei.
Ainda há mais. Existe o verbo assentar, que significa “tomar assento”, “fazer sentar”. Já o verbo “acentar” não existe. Manias da língua, não vejo por quê. Poderia siginificar fazer uma coisa cem vezes, ou algo assim. Mas não adianta insistir, pois a gramática já deixou assentado – entendido, registrado – que é desta forma. Consequentemente,  existe “assentado”, como ficou assentado, e não “acentado”. Conclui-se, igualmente, que não existe “assentuado”, embora exista “acentuado”. Na prática, existe. Porque há pessoas que insistem em escrever errado.

Já aprendemos que o acento pode ser agudo, grave, etc.  Embora o assento possa ser também, entre outras coisas, circunflexo, como o acento da gramática, embora não pensemos nele assim, ele é usado em outras circunstâncias. Uma delas, é grave: quando um piloto precisa usar um assento ejetável. Preciso acentuar (assentar, também, por que não?) que isso pode ser grave ou agudo, dependendo de onde ele cair. Se o paraquedas dele não funcionar, então, ele pode até ir até o “assento etéreo”, dependendo das boas obras que fez. Mas isso já é um assunto completamente fora da minha alçada. Do verbo alçar. Não confundir com o verbo assar. Que, por sinal, não tem cedilha, pois não tem a letra “c” com  som de “esse”, quando faz sílaba com a, o, u. Cada coisa, acabei de me lembrar, esse – a letra do alfabeto – e esse – pronome demontrativo - têm pronúncias diferentes, mas nenhuma das duas têm acento. Mas, voltando à questão da cedilha, ela própria não tem cedilha. Claro, embora tenha som de esse, vem seguida de "e". De qualquer jeito não há palavras iniciadas por "ç" na Língua Portuguesa. Sei lá, talvez devesse ter. Só por uma questão de coerência mental, pois, coerência gramatical, jamais iria ter. Termino aqui e isso fica assentado – como se escreve nos livros de cartório, às páginas tais e tais – que acabo de escrever uma crônica e não uma aula de Português. Foi apenas uma coincidência de assuntos (e não de assentos ou acentos).

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Sunday, May 13, 2018

O dia da Jacinta



O dia da Jacinta

A Jacinta é demais. Dá o sorriso certo na hora certa, na medida certa. Não há nada que o cliente peça que ela fale que não dá para fazer. Rápida, eficiente, chega na hora certa e não tem hora para sair. O gerente do restaurante e as pessoas que o frequentam não poderiam querer mais. Se o local era de luxo, ficava ainda mais luxuoso por causa dela.
E não é que naquele dia, uma tremenda sexta feira à noite, ela chega com um sorriso estranho, diferente de todos os sorrisos anteriores. Não que fosse mau, mas que era diferente, isso sim, era, e muito. Malicioso, malandro sem maldade, safado no bom sentido? Sei lá, não dá para definir. Mas sorriso é sorriso, é subjetivo, pode ser apenas uma impressão. Havia algo mais. Era a atitude. Dava tapinhas nas costas das pessoas assim que colocava os pratos na mesa. Sussurrava em seus ouvidos algo que não dava para entender. E o pior de tudo: vez ou outra pegava um pedacinho dos pratos para experimentar, bem na frente do freguês. E fazia sinal de positivo, como quem dissesse “está uma delícia!” Ainda assim, afinal era a Jacinta, fazia tudo com muita graça. Os garçons, um olhava para outro, davam um sorriso sem graça, mas não falavam nada. O gerente estava paralisado, não sabia o que fazer.
O óbvio é o óbvio. Jacinta estava bêbada. Nenhuma tragédia irrecuperável tinha acontecido ainda e o chefe resolveu “segurar as pontas”. Talvez fosse o caso de recolher a Jacinta, para seu próprio bem, mas quem tinha coragem de fazer aquilo com tão perfeita funcionária?
E foi assim a noite inteira. No fim todos acabaram se acostumando e ficaram aliviados pois não tinha sido o final do mundo.
Depois da sexta, sabemos, vem o sábado. E com o sábado, todo mundo curioso. Como estaria a Jacinta? Daria para aguentar outro dia desses? Nunca tinha acontecido antes, mas nunca se sabe, depois que acontece uma vez...
Com sempre, na hora certa, lá está Jacinta. Firme, segura, sorridente. Sorriso certo, sorriso bom. Segura, solícita, profissional. Perfeita.
A sexta tinha sido um dia excepcional na vida da Jacinta, uma exceção. Nunca mais aconteceu, nunca mais vai acontecer. Afinal, ela tinha direito a um dia assim, o dia da Jacinta.


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Thursday, May 10, 2018

Fetos linguísticos, fatos linguísticos



Fetos linguísticos, fatos linguísticos

Adecente,
Belamigo,
Coamor,
Nãomorrer,
Faladoce…
São palavras que não existem,
 “inatreladas”, inacessíveis,
imponderadas, indocumentadas,
São fetos linguísticos congelados,
quem sabe, um dia, elas possam nascer?


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Sunday, May 6, 2018

Acontecimento




Acontecimento

Acontece que as meninas crescem muito rápido. Antes mesmo de serem mulheres, elas acontecem. Acontecem também os meninos, antes mesmo de serem homens. E, desse acontecimento, acontecem novas vidas, que, por sua vez, crescem e, de novo, acontecem. Todo dia, toda hora, todo segundo, a cada nove meses, sempre há novos acontecimentos acontecendo. É irresponsável, se pensarmos em como está o mundo. Nada podemos fazer, no entanto. É o acontecer da vida. Ela vai tecendo o tecido da existência numa espiral sem fim. 

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Saturday, May 5, 2018

Um lugar chamado Perus


Um lugar chamado Perus

As lembranças voltam, às vezes, aos borbotões. Outras, vêm de uma em uma, lentamente.
Lembro-me de olhar para os dois lados, com muito cuidado, antes de atravessar a linha do trem. Estava voltando do Suzana de Campos. A porteira estava fechada, podia ser um risco. Quantas histórias de gente que perdeu um pé ou um braço. Antes de chegar ali, tinha sentido o cheiro gostoso que vinha da padaria perto da estação, na Avenida Sílvio de Campos. Do outro lado, bem perto da porteira, o bar do Jânio, onde eu comprava doces quando podia. Vejo-me  de repente, transportado ao Morro do Cartório, com um saco de compras. Eram da Dona Amélia. Ela me pagava para ir duas vezes por dia lá embaixo até a venda ou a quitanda. Meu primeiro emprego fixo, sem registro, é claro. Tinha apenas 8 anos. Noutro momento, estou lá em cima do abacateiro, colhendo alguns com uma vara, para depois vendê-los na quitanda da Mieko, lá na praça. Dali a pouco estou passando bem em frente à loja do “seu” Elias, com todos aqueles vidros e espelhos. Depois paro em frente ao cinema - meu ponto favorito - para, logo a seguir, beber água na bica. Pensando, ainda, nos cartazes dos filmes do póximo final de semana. Havia depois, na mesma rua, o velho Grupo Escolar e, no final, virando à direita, a venda do “seu”Machado, onde meu irmão Bonifácio trabalhou por muito tempo. Mas agora, estou misturando épocas. E o que importa? Está tudo lá, num grande redemoinho de memórias. E a estrada da Ponte Seca, onde bem mais tarde iria com meu fusquinha azul namorar em Caieiras? Como posso esquecer? E, em outra época, bem antes, eu estava a andar, de madrugada, pelos trilhos da Santos a Jundiaí, voltando dos bailinhos da Melhoramentos.

E as imagens se atropelam, vivas ou esvaídas, na minha cabeça. Umas se vão para sempre, outras voltam fesquinhas. Sei, no entanto, que um dia, todas vão partir. Talvez se transformem em poesia. Poesia pura, pairando no ar. No ar de um lugar chamado Perus.

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Wednesday, May 2, 2018

Quando o sol se vai


Quando o sol se vai

Todas as tardes olho para o horizonte:
O sol, com esplendor, se despede do dia.
Às vezes envolve as nuvens com ouro,
outras reflete nelas tons róseos de sutil graça.
A noite chega, manhosa e cheia de ilusão
e a tudo e todos com leveza abraça.
Às vezes nos lança em total escuridão,
outras faz para a lua concessões.
Assim também é minha alma:
Deleita-se muitas vezes com alegrias
e outras se entristece na escuridão.
Calma sonha com campos cheios de flor
outras vezes se contorce de dor.
Mas tenho para isso uma solução:
No esplendor do formoso crepúsculo,
logo mergulho com vontade e furor,
na triste noite de total aflição,
sonho com o sol da nova manhã.







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