Sunday, April 26, 2015

As máquinas estão maquinando


As máquinas estão maquinando

Faz tempo que elas chegaram. Muitas chegaram bem antes de eu nascer. Antigamente elas eram simples, modestas, obedientes. Humildes, até. Quando não sabiam ou não conseguiam executar alguma tarefa, esperavam pacientemente até serem consertadas. Algumas eram graciosas, outras desengonçadas.  Muitas eram até românticas, como as velhas locomotivas a vapor. As máquinas, há um bom tempo, são parte de nossas vidas, imprescindíveis, práticas.
Não sei, porém, o que aconteceu com elas nos últimos vinte anos. Começaram a ficar independentes, não necessitar mais de nós. Começaram até a fazer outras máquinas, dizer  para nós como precisam ser feitas. Conversam, perguntam e respondem. Fazem nossas contas, escrevem nossos pensamentos, adivinham o que queremos falar. Não quebram e, quando quebram, não podemos consertar. São superiores, prepotentes, arrogantes. Não nos deixam mais falar com nossos filhos. Eles mesmos, mal falam entre si e com seus colegas. Lado a lado, conversam, entretanto, através de textos, curtos, silábicos, aglutinados. Cada vez mais precisamos delas e cada vez menos elas precisam de nós. E está tudo mudando muito rápido. Tenho receio. Não sei o que essas máquinas estão pensando, tramando...Estou com medo...das máquinas. Acho que elas estão maquinando algo.




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Brasil


Thursday, April 23, 2015

Firma reconhecida para entrar no céu



Firma reconhecida para entrar no céu

Eu não sei se era um céu só de brasileiros, mas o fato é que, quando o Chico chegou lá, viu que havia uma fila enorme. Ficou um pouco frustrado. Não estava atrás de coisa grátis ou de algum serviço do Governo para ficar ali, esperando. Tinha sido honesto a vida inteira, cumprido suas obrigações, feito caridade e tudo mais. Quis saber o que estava acontecendo. Para obter informação sobre a finalidade daquela fila, teve de entrar numa outra. Aquela, porém, era rápida e foi logo atendido. Nem acreditou no que estava ouvindo. Mesmo tendo feito tudo direitinho na Terra, precisava de um requerimento para entrar no paraíso. Tinha trazido um só por garantia, mas só por trazer, jamais imaginava que fosse precisar. Deu um suspiro de alívio - é bom ser prevenido - e começou a se encaminhar para o final da fila de verdade, aquela de admissão nos campos celestes. Mal deu o primeiro passo, o anjo deu uma informação adicional: A firma precisa estar reconhecida. O Chico, apesar de toda sua seriedade, quase soltou um palavrão. Ainda bem que segurou a tempo. Ali não ficaria nada bem. Já não entendia o porquê do tal requerimento, pois, se ali era o céu, deveriam saber de tudo. Agora, além disso reconhecer firma, era demais. Para quê? Ele estava ali, em pessoa, de que servia o reconhecimento de firma de alguém lá da Terra? E se o escrivão fosse um malvado qualquer? Fazia sentido precisar ter sua assinatura firmada por alguém, que, talvez no futuro  fosse para o inferno, para outro poder ir para o céu? Isso seria sim, um paradoxo. Um paradoxo doutro mundo, de verdade. O Chico, porém, tinha sabedoria, deveria haver alguma razão. Talvez aquilo fosse um último teste de paciência. Tinha de haver uma explicação. Instalou-se pacientemente no seu lugar. A fila era imensa. Iria tentar convencer o anjo de aceitar o requerimento simples, só com a assinatura. Começou, então, a dar uma olhada em tudo para matar o tempo. Anjos apressados, voando por todos os lados, com papelada nas mãos. A burocracia tinha invadido as repartições celestiais. Era incrível. Percebeu, então, que havia muitos santos andando por ali. Reconheceu, de cara, o São Sebastião e o São Cristóvão. Ficou pensando como seria interessante ver o São Paulo. Afinal é de lá que ele tinha vindo. Pensou consigo mesmo, que até faria um comentário com ele: que não era nada fácil não pecar naquela cidade. Melhor não, talvez não ficasse bem. Poderia se ofender, afinal era a cidade do santo.
De repente, aconteceu algo extraordinário. Passou bem à sua frente, nada mais, nada menos, do que o São Francisco. Imaginem só, o seu santo de devoção. Tinha até seu nome e tudo mais. O que mais deixou o Chico surpreso e feliz, foi que o santo o reconheceu imediatamente. Logo lhe perguntou: “Chico, o que você está fazendo aqui?” Achou um pouco estranho, pois ele, como santo e permanente morador do céu, deveria saber. Imediatamente percebeu que era uma pergunta retórica. O São Francisco puxou-o pelo braço e falou que ele não precisava de requerimento e muito menos de firma, reconhecida ou não. Andaram cerca de cem jardas celestiais e num instante passaram pelos anjos que conferiam os requerimentos. Eles imediatamente os cumprimentaram e perceberam que ele estava com o santo e não precisava ser checado. O Chico achou que os primeiros da fila olharam para ele com um pouco de inveja. Talvez fosse só impressão, porém. Quem está num lugar assim, não costuma ter esses sentimentos.
Só daí é que o Chico teve ideia do que era estar no céu. Imediatamente percebeu tinha valido a pena ter sido correto o tempo todo. Pensou em perguntar ao santo como e quando tinha acontecido aquela história de requerimento com firma reconhecida, algo que não combinava com aquelas paisagens paradisíacas. Achou, no entanto, melhor ficar quieto. Já estava lá dentro mesmo e aquilo era infinita felicidade, não havia mais nada com o que se preocupar. Mas o Francisco, o santo, sabia o que ele estava pensando. Afinal de contas, ele tinha poderes celestiais. E respondeu, mesmo sem ele perguntar. Disse que estava tudo bem até há um tempo atrás. Daí alguns problemas começaram a aparecer. Não se sabe como, algumas almas que deveriam ter ido para o inferno, tinham conseguido se enfiar no purgatório e depois sorrateiramente tinham chegado às portas do paraíso. Um deles chegou a pôr um pé dentro. Ele pegou fogo imediatamente, que é o que acontece quando alguém demoníaco entra em contato com a atmosfera do Éden. A chance matemática de alguém assim entrar é menos do que zero. Mas para evitar dissabores, as autoridades divinas acharam que deveriam complicar um pouco, só para evitar a presença de indivíduos indesejados. Daí usaram o sistema brasileiro, que é o mais burocrático de todos e certamente iria dificultar os indesejáveis. Mesmo assim, andaram falsificando uns requerimentos, por isso foi acrescentado o pedido o reconhecimento de firma. Pois isso, todos sabem, é uma coisa difícil de se falsificar. No fundo, não haveria necessidade de nada disso, pois, como foi dito anteriormente, as almas daninhas entram em combustão em contato com a atmosfera da bem-aventurança. Ninguém, porém, estava a fim de ver esses espetáculos por aqui, disse o santo. O Chico mal acreditava no que estava ouvindo. Até ali, esse pessoal estava tentando “bagunçar”. Aposto que até tentaram suborno, pensou. O São Francisco captou seu pensamento e completou: “Pode uma coisa dessas, Chico? Pode? Até aqui no céu, esses “caras” estão tentando “aprontar”. O Chico riu. Gozado ver o santo falar desse jeito, igual à gente. E completou as palavras do seu interlocutor: “Pode?”

Deu um suspiro de alívio por estar ali por toda a eternidade e pensou consigo mesmo que a exigência do requerimento e da firma reconhecida não era tão má assim. Até que esses santos sabiam o que estavam fazendo. Quem diria, hein, firma reconhecida até lá em cima! Deu um largo e celestial sorriso e perdeu-se nas paradisíacas nuvens.

ooooooOOO0OOOooooo

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Monday, April 20, 2015

Um estranho caso de amor



Um estranho caso de amor

O Renato, coitado, rompeu com a noiva. E foi muito triste, pois estavam juntos há mais de 7 anos. Isso mesmo, quase igual à história de Jacó na Bíblia. Aqueles anos todos esperando, para nada. Mas vale aqui uma pequena correção. A Sandra é que terminou com ele. Ele, para dizer a verdade, estava com aquela insuperável dor de cotovelo e resolveu escrever um bilhete para ela. Uma amiga em comum se encarregou de entregar a “carta” que dizia assim:
Sandra:
Na verdade foi até bom terminarmos. Não queria dizer, mas não aguentava mais seu autoritarismo: “Faz isso, faz aquilo”, “Vai para lá, vem para cá”. Eu mais parecia um menino de recados do que um homem que estava para se casar. A gente precisa de um mínimo de respeito. E a sua arrogância, então? Achando que sabia de tudo, que sempre estava na minha frente em tudo. Sempre se achando a tal. Fazendo tudo de um jeito como se estivesse fazendo um favor de estar comigo. Onde se viu uma coisa dessas? E aquela mania de nunca concordar comigo, sempre achando que estava com a razão? Aquele ar de nobreza, como se eu fosse da plebe e você uma princesa. Uma coisa impressionante. Sempre se achando mais culta, mais inteligente. Mesmo que fosse verdade, que homem gosta disso? Um pouquinho de humildade não faz mal para ninguém, não, moça! Sempre se achando a mais elegante de todas, sempre com aquele risinho de escárnio em relação a mim e meus amigos e minhas amigas. Quem você pensa que é? Você tem muitos defeitos, mocinha. Eu é que sou educado e não gosto de falar. Nunca apontei os “foras” que você deu em muitas ocasiões, pois sou uma pessoa educada. Não sou como você que não perde uma chance de esculachar os outros. A verdade, pura e simples, é que estou melhor agora. Não é assim que dizem: “Melhor só do que mal acompanhado.”?
Tenho tantas coisas negativas que poderia enumerar desses 7 anos que passamos juntos, mas vou me abster. Não vale a pena.
Adeus!
Em tempo: Se você, entretanto, mudar de ideia e quiser conversar a respeito de um possível reatamento, estou de braços abertos. Qualquer coisa, me avise imediatamente, por favor. Pode ser a qualquer hora do dia ou da noite.

Renato

ooooooOOO0OOOooooo

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Saturday, April 18, 2015

O Pavão Mysteriozo numa rua da Flórida



O Pavão Mysteriozo  numa rua da Flórida

Americano adora colocar aviso em tudo. Desconfio que há um motivo para isso. Quando você fizer algo errado, não pode dar aquela desculpa esfarrapada: “Eu não sabia”. Está tudo informado, notificado. Existe até uma palavra, “Posted”, que, traduzida de uma forma bem liberal, quer dizer: “Está avisado que foi avisado.” Ou seja, o aviso é para valer, para ser seguido. Não que os outros não sejam. Se você se deparar com um terreno, pequeno ou grande, com uma placa dizendo que não é para entrar, não entre. Aposto que junto com a advertência estão, bem claros, o parágrafo e o artigo em que a mesma se fundamenta. E junto com tudo isso, “Posted”, ou seja, está avisado, está escrito, não há desculpa. Talvez eles tenham ouvido falar de nosso “jeitinho” e tenham medo de que a praga “pegue” por aqui também.
Pois bem, um dia desses estou dirigindo para um local, pela primeira vez, para dar uma aula de Português. Vejo do meu lado esquerdo uma placa com um lindo pavão. Acho que todos são lindos, mas aquele desenho era mesmo caprichado. Exuberante. Claro, a autoridade de trânsito está avisando que é para guiarmos com cuidado, pois ali pode passar, eventualmente, um pavão. Pensei comigo, que exagero! Talvez a cada dois anos, um Fasianídeo, ou seja um “Pavo cristatus vulgaris”, desfile pela passarela, quero dizer, pela pista. Estatisticamente aquela placa era um exagero. Era uma rua cheia de casas, dos dois lados. Certamente aquelas belas aves há muito tempo não passavam por ali. Continuo absorto em meus pensamentos, tentando achar uma maneira mais fácil de ensinar minha aluna americana como pronunciar os sons “nh” e “lh” de nossa querida língua. Que dificuldade: mais difícil do que a análise sintática da minha época de professor estadual. Estava pensando também em achar uma forma mais definitiva de explicar que nosso “H” é mudo e não aspirado, como em Inglês, quando, finalmente, aquele carro da frente, que estava quase parado, vira à direita. Percebo, então, o porquê da demora. Bem ali, à minha frente, um lindo pavão. Calmo, soberano, terminando de atravessar a rua. Consciente de que todos obedeceriam à placa que indicava a sua presença. Por uma estranha associação de ideias, lembrei-me de Saramandaia, da Globo e da encantadora música “Pavão Mysteriozo”. Bons tempos. Fiquei ali, parado, esperando ele terminar a travessia. Subiu os degraus da calçada e adentrou o jardim de uma das casas. Ele não tinha nada de misterioso, mas que ele era majestoso e confiante, isso sim, ele era.

Por outro lado, decidi que jamais duvidaria de uma placa novamente. Nem que ela não venha acompanhada de “Posted”. Placa é placa, foi criada para ser respeitada, nem que ela seja misteriosa...

oooooOOOooooo

Estranhas Histórias
Estranhas Histórias

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Uma briga em família: socos, tapas, pontapés e morte



Uma briga em família: socos, tapas, pontapés e morte

Mais um vídeo curioso, daqueles que estreiam por aí todos os dias. Uma briga feia. Pelos menos nove pessoas dando murros, pontapés e tapas. Berravam coisas, mas não era possível se entender nada. Uma fúria colossal. Alguns muçulmanos teriam encontrado judeus e, alguma palavra mal dita teria iniciado a contenda? Brancos preconceituosos teriam falado algo para alguém de outra raça? Alguns da raça predominante atacando alguém de uma minoria? Gangs? Um assalto coletivo ou até mesmo bravos cidadãos se defendendo de um arrastão? Nada disso.
Qual seria a razão de tamanha confusão? Ela, a razão, nem é tão importante assim. Certamente ninguém a tem, está perdida em algum ponto desconhecido de suas vidas.
O que se sabe é que todos eles eram da mesma família. Pode? Pais, filhos, irmãos, homens e mulheres do mesmo sangue quase se matando num pátio, ao lado de uma van? Com a chegada da polícia, há a reação (quem ousa interferir numa contenda doméstica?), um policial é ferido na perna e outro tiro mata um dos familiares.

A confusão foi no estacionamento de um Walmart, nos Estados Unidos. Mas acho que isto não faz diferença nenhuma. Talvez faça para algum sociólogo do próximo século que queira estudar estranhos fenômenos sociais da nossa exuberante civilização. Talvez fosse bom anotar mais dois detalhes: eles, além de serem família, eram componentes de uma banda, e mais ainda, uma banda cristã!

                           ...oxXOXxo...

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Friday, April 17, 2015

O computador que escreve crônicas

O computador que escreve crônicas



O pessoal de minha geração, volta e meia, depara-se com aqueles problemas monstruosos diante do computador. Normalmente, não temos nem ideia se estamos falando de hardware ou software. Ignorância total. Daí chamamos nossos filhos ou outro jovem para nos ajudar. Maravilhosamente, eles dão alguns cliques, deletam ou inserem alguma coisa e pronto: o milagre acontece. Às vezes, simplesmente nos avisam para dar um “CTRL” qualquer e daí é realmente vexatório.
E, em cima disso, as máquinas continuam a se aprimorar. Existem softwares, (desculpem-me, ou são “Apps” agora?)  para tudo. Isso mesmo, para coisas que você nem imagina. Quem consegue acompanhar tudo isso? Eu não sei como, mas eles conseguem.
Dou um sorriso de satisfação quando algum desses programas de traduzir faz uma burrada e apresenta uma versão ridícula de uma frase. É minha vitória! Falo por dentro: Está vendo? Isso eles não conseguem.  Mas é tudo uma questão de tempo e qualquer dia desses, tudo vai acontecer.
Fico aqui, humildemente, esperando chegar a hora em que um possível programa chamado  “Writer2017” comece a escrever crônicas e até poemas. O que se pode fazer?
O que “eu” vou fazer, eu sei. Vou ficar quietinho no meu canto e começar a ler humildemente o que eles escrevem. Quem sabe, então, de repente eu me depare com uma linda crônica e fique emocionado. Se, disfarçadamente, eu tiver de enxugar uma sorrateira lágrima, podem ter certeza, eles conseguiram. Por enquanto, embora não consiga fazer ninguém chorar, vou fazendo meus  próprios e humildes escritos. Pelo menos, até o “Writer2017” (Versão Professional) chegar...

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Thursday, April 16, 2015

Os segredos do Universo, esperando por mim...


Os segredos do Universo, esperando por mim...

Quisera eu saber os segredos da vida, da eternidade e do Universo. Certamente ficaria inebriado com tudo que pudesse desvendar. Quisera conhecer as fórmulas e as equações que explicam o sentido da existência. Quisera eu poder brincar no pátio da eternidade e ver de perto a fábrica onde se fazem as obras deste infinito Deus. Quisera poder viajar pelas galáxias em velocidade muito superior à da luz, desvendá-las, apreciá-las e comê-las com meus humanos olhos. Ver um berço de estrelas. Decadentes, supernovas. Ver os sóis cuja luz aqui ainda não chegou. Quisera entender o segredo do tempo, o mistério do espaço sem fim. Quisera decifrar o que é a consciência humana e o que ela representa nesta imensidão insensata. Quisera conhecê-las todas e saber se há algo de divino nelas. Quem sabe descobrir um pouco de humanidade no magnificente divino Ser? Quisera ponderar o imponderável, solucionar o insolúvel, premeditar o futuro, até aquele que não vai acontecer, mas que poderia. Quisera... Tantas coisas eu quisera fazer.

E se conseguisse fazer tudo isso, e mais, viajar pelo infinito atemporal da curva do espaço-tempo, ainda assim, um dia eu voltaria. Para mais uma vez olhar a beleza terrena da insuspeita flor do meu jardim. Para olhar mais uma vez a face da mulher amada. E, quem sabe, descobrir que a solução de todos os segredos e mistérios sempre estivera bem ali, pertinho, somente esperando por mim? 

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Wednesday, April 15, 2015

Uma moça doida nas pistas de San Diego



Uma moça doida nas pistas de San Diego


Todo mundo adora ver vídeos sobre doidices da vida que acontecem pelo mundo afora. Isso mesmo, precisamos nos deleitar com as facilidades desse admirável mundo novo. Às vezes, eles são gozados e outras vezes são trágicos.  É muito comum também eles serem as duas coisas ao mesmo tempo. Hoje de manhã, vi um que me chamou a atenção. Numa movimentadíssima via expressa de San Diego, uma moça de 30 anos, talvez, para o carro bem no meio da pista. Veículos ferozes passando - e desviando - dos dois lados. Abre a porta e começa a andar, quase como se estivesse desfilando. Um pedestre, desesperado, começa a levantar os braços para os motoristas, numa tentativa insana de evitar um acidente. A mulher, bem vestida, começa a voltar para o carro. Quem sabe passou a loucura e ela vai tirar o carro da pista? Que nada! Senta-se confortavelmente, tira o celular da bolsa e chama alguém. Eu até pagaria para saber com quem ela estaria falando e, mais ainda, o quê!  O dedicado pedestre, que estava tentando evitar uma tragédia, começa a implorar para que ela saia dali. Ela lhe dá um olhar distante e continua seu importante telefonema. Como sempre acontece, pelo menos nos EUA, a polícia aparece. Algema a mulher que, finalmente, é colocada no banco de trás da viatura. Só então, começa a chorar.

De tudo isso, sabe o que mais me impressionou? Os sapatos de salto alto. Não consigo tirar de minha cabeça aqueles saltos, muito altos, num estranho e macabro desfile, driblando a morte numa pista cinematográfica da Califórnia. San Diego, não sei que tipo de proteção é a que dás como santo, mas nesse momento, melhor ser o protetor das moças descuidadas e viciadas de sua cidade...

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Sunday, April 12, 2015

Sim, é permitido sonhar

Sim, é permitido sonhar

Há uma paz insuspeita no ar. Há uma brisa constante, com um aroma divino, balançando gentilmente as folhas, os cabelos da moça bonita e as ondas do mar. Há sorrisos por toda a parte, sorrisos até onde não suspeitávamos pudessem estar. Há uma boa vontade nos atos, nas palavras, nos gestos de todos. Há sons doces, frases bonitas, discursos de amor. Há aceitação, liberação, compreensão. Há perdão. Há revisão. Há esperança. Há tanta coisa boa e bonita acontecendo, que nem sei o que pensar.  Uma música, nunca antes ouvida, cheia de mistério, tocada por uma orquestra invisível, espalha-se, incontrolável, pelas cidades, pelos campos, pelas montanhas.
O que será que está acontecendo?
Não é nada não. Hojé é o feriado para a maldade, o engano, os maus espíritos. Aproveite, até os demônios tiram folga de vez em quando. Sim, é permitido sonhar...

.oxxxxXXXxxxxo.

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Friday, April 10, 2015

O diabo existe?


O diabo existe?

As duas educadas senhoras bateram à minha porta. Perguntaram-me com seu sotaque lusitano, se eu falava Português. Claro que sim, sou até professor. Estenderam-me dois folhetos. Um dizia “O diabo existe?” e o outro” Como ser feliz”. Tenho minhas próprias crenças, mas mesmo assim, sorri, educadamente. Agradeci e dei um bom dia. Elas fizeram o mesmo e continuaram sua missão de evangelizar o mundo.
Fiquei ali, olhando para os dois. Aquele, que falava dos diabos, eu nem li. Eu sei que eles existem, vejo todos os dias no noticiário. Duvido que aqueles do outro lado da vida, possam ser piores do que os nossos, daqui. Quanto ao outro, “Como ser feliz?”, fiquei em dúvida. Será que aprenderia algo de novo, espetacular? Afinal de contas, a gente acaba sempre aprendendo alguma coisa nova. Fiquei preocupado. De repente, segundo aquele folheto, teria de fazer uma força monstruosa para ser feliz e eu estou cansado. Além disso tinha acabado de escrever uma crônica: “Ser feliz”. Achei melhor não ler este também. Já pensou se eu tenho de reescrever o que já tinha publicado? Poderia haver uma contradição insuperável entre a minha maneira de alcançar a felicidade e a daquelas simpáticas senhoras. Aí sim, estaria uma prova inconteste de que não tenho a menor ideia do que é “ser feliz”.

Coloquei os dois folhetos de lado e fiquei com o que já sabia sobre os demônios e sobre a felicidade. Por enquanto, o que tenho, acho que é suficiente para manter a distância do capeta e manter a felicidade ao alcance da mão. Para que complicar?


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Dor de cotovelo

Dor de cotovelo



A minha amiga Leda me telefonou outro dia e disse que estava com pedra no rim. Garantiu que não existe dor pior. A que vem em segundo lugar está muito atrás, e é quase insignificante perto dela. Concordei, mesmo porque alguém já me falou isso. Dois dias se passaram e encontrei meu amigo Hilário. Perguntei como estava e disse que estava bem, a não ser por aquela maldita dor de cabeça. “Não existe nada pior no mundo”, me garantiu.  Não quis perguntar se ele já tinha tido pedras nos rins, pois meu intento não era fazer competição de sofrimento, mas que me deu o que pensar, isso deu. Essa celeuma cresceu mais na minha cabeça quando meu vizinho noticiou, na manhã seguinte, ao sair de casa, que estava com uma terrível dor de dente. Essa eu já tive e a de cabeça também, e acho que elas empatam. Não sei o que dizer, quando comparadas à dor de quem tem pedras nos rins.
Um consagrado cronista, nosso querido Rubem Braga,  falou também sobre a dor da bursite, comparando-a com a dor do amor. Se tivesse de votar, talvez devesse ficar com ele, afinal eu adoro crônicas.

Quando o assunto já estava meio esquecido, uma outra velha amiga minha me escreveu sobre seu sofrimento. Nem era sofrimento físico. Era sobre uns problemas com uma colega de trabalho.  “Amiga, nada, ela é uma grande traidora”, me contou. Ela estava devastada. Depois de analisar o rol de suas reclamações, cheguei à óbvia conclusão de que ela estava com uma simples e aguda dor de cotovelo. Eu sei que você não vai acreditar. Mas se você ler o texto dela, vai concordar comigo, a dor de cotovelo é a pior de todas...



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À procura de Lucas


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