Friday, August 5, 2016

O Mateus aguarda na sala


O Mateus aguarda na sala

Lisandra tinha passado uma péssima noite. De certa forma, merecia, pois o que ela abusou da bebida foi muito além da conta. Pelo menos desta vez, ela não misturou, ficou só no vinho. E você sabe, o vinho é a bebida dos deuses, pelo menos dos beberrões, eu acho. Mas como sempre diz um grande amigo meu, a bebida não é o problema. O que preocupa é o que faz a pessoa se entregar a ela. No caso de Lisandra era o amor, ou a falta dele. Às vezes ela se entregava a uma pessoa e não recebia nada em troca. Outras, um coração apaixonado se declarava só para ser rejeitado por ela em seguida. Muitas vezes ela avançava num recionamento e depois descobria que fez a coisa errada. Acontecia também de ela se apavorar e parar repentinamente algo que poderia se tornar uma bela paixão. Essa Lisandra não tinha jeito, pelo menos em relação ao sexo oposto.
Na noite anterior, como disse, ela havia exagerado no vinho. Acabou com uma garrafa inteira e avançou até a metade da segunda. E eu digo que foi uma garrafa por educação, pois o formato poderia ser de uma garrafa mas lá dentro havia muito mais de um litro. Não posso afirmar que ela estava de ressaca porque ela já se acostumara tanto com a bebedeira que praticamente não sentia efeitos secundários. Poderia ser assim com os relacionamentos, pensava ela. Pelo menos não teria um coração partido cada vez que conhecia um novo homem. E foi no meio desses pensamentos que, ao passar pela sala, viu o Mateus junto à mesa. Ela pensou que tinha se livrado dele. Que nada. Lá estava ele com sua suavidade, com sua doçura. Poderia dizer até que ele era “róseo” mas isso talvez não “caísse bem”. A primeira vez ela fingiu que não viu e na segunda deu uma olhada rápida e saiu ligeiramente. Trancou-se no quarto, não queria saber do Mateus, ele já tinha atrapalhado sua vida na noite passada. “O que ele está pensando, que pode ficar ali, como se nada tivesse acontecido?” Se ele pensa que ela iria lá se entregar novamente, como se ele fosse o grande caso de sua vida, engano seu, Mateus, você teve sua chance, agora de manhã o que Lisandra quer é ficar sozinha.
Foi até a cozinha sem olhar para o Mateus. Mas ela sabia que ele estava lá, firme, não estava tão cheio de si como na noite passada, mas não saía do lugar. “Era teimoso esse Mateus. Ele deve se achar o máximo, que não posso ficar sem ele. “, pensou. E ela pensou mais e mais. Na verdade ela estava lutando contra si mesma, pensar era a única coisa que ela não estava fazendo. Para o bem da verdade, quando se tratava de relacionamentos, ela nunca pensava, só sentia. E o que ela estava sentindo agora era uma atração irresistível pelo Mateus. Tão irresistível que não havia lugar nenhum para raciocínio. Ele era aquilo de que ela mais precisava no momento.
Não adianta eu ficar aqui fazendo suspense, você já sabe, a essa altura, que  ela não resistiu. Correu em direção ao Mateus. Sentiu seu cheiro gostoso, agarrou-o pelo pescoço, e “acabou” com ele. Pronto, mais uma vez ela foi devorada pela paixão. A Lisandra, mais uma vez tenho de dizer, não tem jeito. Talvez devesse tentar um tratamento. Talvez devesse procurar a Associação dos Alcoólicos Anônimos. Dessa vez foi o Mateus, depois não sei quem vai ser. Antes de você ficar pensando mal da Lisandra, pelo menos mais do que ela merece, eu devo esclarecer que o Mateus é uma marca de vinho. Um vinho fabricado em Portugal, “rosé”, suave, doce, etc... Acho que você tinha entendido, mas nunca é demais esclarecer.


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