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Thursday, June 13, 2019

Um conto interplanetário

Um conto interplanetário
“É tudo uma questão de perspectiva e percepção...”



Junto ao rio, enquanto pescam, pai e filho conversam. Ele explica para o garoto como o mundo funciona, como há equilíbrio em tudo. Explica que a água, abundante, serve para manter nossos corpos vivos, saudáveis. Há água em alguns alimentos, mas, mesmo assim precisamos tomar mais. Nosso organismo precisa de muita, muita água. Nossa boca, além de falar, serve para ingerir este líquido maravilhoso. Ela está perfeitamente desenhada pela mãe natureza para exercer as duas funções. Explica também que precisamos de descanso. Por isso existe a noite. O sol se apaga e, no sossego das sombras, podemos repousar. Em harmonia, quando a luz se vai, nosso corpo se aquieta, nosso cérebro desacelera, todas as nossas atividades diminuem até o sono completo.  É o universo em equilíbrio. A perfeição está em todo lugar. O garoto, maravilhado, olha para o pai.
Num outro planeta, muito distante, numa outra galáxia, outro pai também conversa com seu filho. Seu nome, se fosse possível traduzir, seria algo como “Shantom”. Explica para o pequeno que os cientistas anunciaram a recente descoberta de um novo planeta, muito especial. Incrivelmente parecido com o deles, está situado em um sistema com um sol e diversos outros planetas. Do sistema, só ele é habitado e tem seres inteligentes. Entusiasmados, os especialistas estão dizendo que nunca haviam encontrado seres tão parecidos com eles. Parecem ter, os dois planetas, evoluído de maneira assustadoramente igual. Havia duas coisas estranhas com eles, entretanto. Difícil de explicar. Diante do olhar interrogativo do menino, o pai falou:
-Esse planeta, que eles chamam de Terra, só tem uma estrela a brilhar. E porque gira de maneira diferente de nós, seus habitantes passam metade do tempo no escuro. Como nesse horário, que chamam de noite, eles não têm luz natural, precisam descansar. Além disso, o corpo deles não aguenta uma atividade permanente como nós. Somos privilegiados, meu filho. Dois sóis, luz e calor o tempo todo. Somos harmônicos e perfeitos. E tem mais.
-O que é, meu pai?
Sabe, a água, tão preciosa, que eu expliquei noutro dia para você? Pois bem, eles não são como nós. Precisam tomá-la pela boca. Nós não precisamos disso. A umidade que está no nosso ar, que é bem parecido com o deles, entra pelos nossos poros, não precisamos fazer nada. Estamos absorvendo este líquido o tempo todo, sem mesmo notarmos. Eles, ao contrário, precisam, o tempo todo, se preocupar com isso.
-Pai, como eles conseguem viver assim? Tanta dificuldade?
-Não sei, meu filho. Deve ser uma luta constante. Nosso planeta, ao contrário, tem uma harmonia sem par.

E o menino, olha, maravilhado, para seu pai. Naquele distante planeta, noutra distante galáxia...




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Wednesday, November 11, 2015

Nós, o centro de tudo

Nós, o centro de tudo


Como é difícil para nós, seres humanos, admitirmos que não somos o centro de tudo. Há muitos séculos atrás, Nicolau Copérnico provou categoricamente que a nossa linda Terra, por mais exuberante que fosse, não era o centro do Universo. Galileu, mais tarde, aperfeiçou sua teoria e foi perseguido pela Igreja por causa de suas convicções.
Em termos pessoais, estamos sempre fazendo o mesmo. As coisas que se referem a nossos amigos, a nossa comunidade, tudo, lá no fundo, achamos que gira ao nosso redor. Talvez tenhamos sido constituídos assim, em nosso DNA. Uma espécie de proteção, algum mecanismo de sobrevivência ou algo semelhante.
Alguns levam essa mania ao extremo. Acham dentro de si, bem lá no fundo, que realmente são o centro de tudo. Vemos esse tipo a todo momento na mídia, na sociedade, por todo lugar. Coitados deles, coitados de nós.
Por outro lado, é mesmo difícil, na prática, se livrar completamente da ideia. Muitas vezes, à tarde, quando o sol se põe, tento pensar como as coisas realmente são: A Terra é que está girando em volta de si mesma e ao redor do Sol e por isso ele está desaparecendo no horizonte. É quase impossível sentir o contrário, que ele é o centro. O que a gente realmente sente é que a nossa querida estrela, obediente, está girando à nossa volta. Some à noite, aparece de manhã, como se estivesse com saudades, como se tivesse sentido nossa falta, dependendo de nós.
 Pobres humanos, que não sabemos quem somos. O próprio sol, com toda sua turma de planetas, também gira em volta de alguma coisa, depende de outros corpos celestes, muito maiores, para se equilibrar no Universo. Ele, porém não tem essa nossa vaidade, apesar de toda luz que tem. Nós, nem a nossa própria luz temos, emprestamos a dele para podermos existir...

 ===(((()))===


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Friday, September 13, 2013

Ela está indo embora

Ela está indo embora



Nasceu há 36 anos, em setembro de 1977, e nunca mais parou de viajar. Fez coisas incríveis. Cumpriu todas as missões que lhe foram atribuídas e muito mais.  Fotógrafa espetacular, enviou imagens maravilhosas dos anéis de Saturno e de Urano. Descobriu novas luas, tirou fotos de vulcões assombrosos em outros planetas.
Agora, a Voyager está partindo para uma viagem maior. Saiu do sistema solar e voa livre, numa velocidade fantástica rumo às estrelas. Tem um disco gravado com a representação de nosso corpo, tem composições musicais de nossos clássicos e vozes em 55 línguas, inclusive o nosso Português. Se algum extra-terrestre conseguir capturá-la, não vamos fazer fazer feio. Precisaremos mostrar quem somos, afinal.
Causa até emoção saber que ela está tão longe. Ela é nosso cartão de visitas nas estrelas, uma prova inconteste de nossa capacidade de realização, de nosso desenvolvimento.
Por outro lado, ela é a maior prova da antítese que é a nossa civilização. Saber que, de um lado existe essa incrível tecnologia, elaborada por cientistas maravilhosos e, de outro, que há seres humanos ridículos e medíocres, alguns que podem ser considerados simplesmente animais, é assustador. Como é possível, neste mesmo planeta, termos desenvolvido, dentro da mesma espécie, tão opostas criaturas?

Ainda bem que, quando algum ser mais avançado encontrar a nossa querida Voyager, só vai ver essas maravilhas que fizemos. Os nossos pecados e nossas idiotices terão ficado por aqui. Vai, Voyager, vai tocar as estrelas, vai alcançar as bordas do Universo...