Uma antiga
sintonia
A parte de
trás do antigo aparelho de rádio havia sido retirada. Eu podia ver, então,
aquelas misteriosas válvulas e seus filamentos, alguns claros, outros
avermelhados. Pura mágica. Havia, além de outras peças, duas roldanas, pelas
quais corria um barbante. E, conforme ele se movia, vozes de outros lugares,
até de outros países, se alternavam naquela caixinha de madeira. Meu coração de
menino estava arrebatado pela máquina e pelo momento fabuloso que estava
acontecendo. Era o ano de 1958 e o dia era o do jogo do Brasil contra a Suécia,
final da copa. A minha família, os vizinhos, todos circulavam pela cozinha da
mamãe, que, então, à moda italiana, era o centro de tudo.
O locutor
que transmitia o jogo só repetia os nomes de nossos heróis: Didi, Vavá, Pelé,
Garrincha, Zagalo. Alguns achavam que ele não sabia os nomes dos suecos, mas
acho mesmo é que eles mal pegavam na bola. E os gols vinham acontecendo, o
entusiasmo aumentando.
Talvez
porque eu fosse criança, aquela fantasia era resultado apenas de minha
percepção. Acho, entretanto, que aquela foi verdadeiramente uma época de paz,
de contentamento, de vitórias. Foi antes dos torturadores e dos torturados do
depois. As mentiras eram de mentira e não prejudicavam ninguém. A compaixão era
maior e as pessoas se importavam.
Talvez não houvesse monstros ainda. Ou, quem sabe, eles estavam
escondidos em porões escuros e só mais tarde foram soltos pelos homens do mal.
Imagine um país que vai de São Paulo até o Uruguai, numa outra realidade. Imagine agora que este país foi dominado pelos alemães e agora são seus habitantes. Esta nação é GERMÂNIKA e pertence a um universo paralelo ao nosso.
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