Thursday, November 29, 2018

Resumindo a história...




Resumindo a história...

Quem gosta hoje em dia de ficar lendo um texto enorme? Todo mundo quer coisa fácil, rápida. Os cronistas precisam ser sucintos, concisos. Substantivos sem adjetivos ou adjetivos que já digam tudo. Objetividade, essência e graça. Fazer uma crônica como se faz um poema, sei lá...  Significar sem enrolar, direto ao ponto?
Acho que é isso. Fim!
Ooops, ficou muito curta... Acho que exagerei!




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Wednesday, November 28, 2018

Virando a página



Virando a página

Não resisti. Não tinha nenhum livro para comprar, mas não aguento ver uma livraria dessas bonitas, modernas, e passar direto. É quase um vício. Não que não goste de sebos. Adoro esses também. Só passo direto se estiver atrasado para alguma coisa. Entrei na Fnac e já senti aquele cheiro gostoso de papel impresso. Ou pelo menos acho que senti. Logo perto da entrada, uma grande tela de TV. A Ivete Sangalo cantava uma música do Chico. No palco estavam também o Gil e o Caetano. Que turma! Uma senhora, provavelmente da minha idade, olhava, parada e em pé, como num transe hipnótico, para o aparelho. Não era para menos, um lindo show! Fiquei também um pouco me deliciando com o som, mas depois saí andando pelos dois andares. Dei uma folheada em alguns livros, cheguei a ler páginas inteiras de outros, vi novidades.
Perdi noção do tempo, mas ele não se perdeu e assim passou muito rápido. Acordei de meu pequeno devaneio e me dirigi para a saída. E não é que a minha desconhecida amiga continuava lá, sem sequer piscar? Eu até entendo, se pudesse, também ficaria. Fui embora pensando nela. Ela não queria virar aquela página da nossa história musical. Era uma prisioneira. Pensei comigo mesmo: eu virei a página e continuo pela vida tentando conhecer coisas novas.

Depois de andar uns blocos, entretanto, confessei para mim mesmo. Eu virei a página, mas a toda hora vou lá e dou mais uma olhadinha. Quem resiste?

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Monday, November 26, 2018

Classificados



Classificados

Amanda sempre foi uma sonhadora. Gostava de consertar o mundo, as coisas, as pessoas. Queria que todo mundo fosse feliz. Adorava quando apresentava um amigo para uma amiga e eles acabavam namorando. Ela se sentia uma fada fazendo isso. Era como se ela estivesse regendo o mundo. Ela mesma, porém, ainda não tinha encontrado seu príncipe. Ela sabia, contudo, que um dia isso iria acontecer.
Por enquanto, ela continuava sua missão. Outro dia estava olhando os classificados do jornal quando viu, na secção de “pessoais”, um anúncio:
“Senhor viúvo de 60 anos, carente, procura senhora da mesma idade, ou um pouco mais nova, para relacionamento. Sem compromisso. Entrar em contato pelo telefone...” Logo abaixo o apelido: Lobo Solitário
A primeira palavra que lhe veio à mente foi “safado”. Sem compromisso? Deu mais uma olhada aqui e aí e viu outro:
“Senhora de 55 anos, solitária, procura senhor da mesma idade, ou um pouco mais velho, para futuro relacionamento. Liberal, com limitações. Entrar em contato pelo telefone...” E assinava: Gata Manhosa.
Ficou intrigada. O Lobo não queria “compromisso”, mas certamente queria sexo. Não era bobinha, aquilo era óbvio. A Gata, manhosa que era, parecia ser muito mais liberal do que aparentava, apesar das “imitações” que lá colocou. Aquilo era conversa para boi dormir. Um estava certinho para a outra. E vice-versa.
Recortou os dois anúncios e, cuidadosamente, colou-os, juntinhos, em seu caderninho de notas. Era o máximo que podia fazer. Não ia se meter na conversa de duas pessoas que certamente tinham idade para serem seus avós. Eles que se entendessem. Quem sabe? Passou os dedos pelos dois anúncios e suspirou.
Quem sabe ela nunca precisasse, um dia, colocar aquilo no jornal. Além disso, se precisasse, certamente faria diferente:
“Senhora solitária, de bons princípios, procura um verdadeiro amor, para compromisso sério e definitivo.” E assinaria: Uma Fada Sonhadora.
Isso mesmo, não ia deixar por menos.

Pobrezinha, ela ainda não sabia o que era solidão. A verdadeira solidão.

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Sunday, November 25, 2018

Um amor de bits e bytes

Um amor de bits e bytes




Já houve, num passado distante, o amor escravo, o amor com “dote”, e até o amor encomendado. O amor de conveniência, esse sempre existiu. Mais avançado, embora inconveniente, aconteceu, bem recente, o amor liberal. Continua à solta, pela sua própria natureza. O amor interrompido, cortado, divorciado, que antes existia escondido, agora anda às claras por aí. Às vezes é colorido, às vezes torna-se cinzento ao ponto de as coisas ficarem pretas. Hoje em dia existe até amor de ostentação, de um lado e de outro. Amor paixão, ainda há alguns, muito poucos, porém.  Amor à distância quase não se vê mais. Já os de curta duração, são tantos que não cabem nesta relação.
Um dos mais modernos é o resultante dos sites de encontro. Todo estruturado, orientado, parece mais uma obra de consultoria. Dizem que é amor de verdade, estudado, baseado na lógica e na razão. Para ele, precisamos das máquinas, da Internet e um pouco de aplicação. Acho que é por isso que, antes de mais nada, nós amamos os computadores, passamos o dia todo com eles. Mas eles estão ficando cada vez mais espertos, mais sensíveis, mais humanos. Se hoje os amamos, um dia eles vão nos amar também. Ensinados e programados por nós. Mas, como sempre acontece, eles vão ficar melhores do que nós. Vão nos oferecer um amor perfeito, sem falhas, sem traição. É só fazer o “download”. Um amor, sincero, cibernético, sem cópia pirata. Estruturado em bits e bytes.
Quando isso acontecer, você saberá que, definitivamente, o futuro chegou.


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Thursday, November 22, 2018

Um tal de Alzheimer



Um tal de Alzheimer

Foi quando já estava me preparando para a chegada da velhice que ouvi pela primeira vez falar do tal de Alzheimer. Já foi um trabalho danado aceitar o fato de que um dia precisamos ficar velhos. Agora, alguém chegar e dizer que, além de tudo, podemos nos esquecer de tudo? O competente doutor, que deu o nome à doença, podia ter ficado quietinho e deixar os velhinhos tranquilos. Imagino que ele quis que seus sucessores conseguissem, talvez, uma cura para o mal. Até agora, infelizmente, nada.
Por isso, estou pensando em combinar algo com minha amada. Que tal fazermos pequenos bilhetes dizendo “Eu te amo”, “Você me ama”, “Nós nos amamos”? Pendurá-los em lugares estratégicos da casa, para incitar nosso cérebro, no caso da vil enfermidade nos atacar? Espalhar por todo canto, lindas fotos dos dias maravilhosos que passamos juntos? Fotos dos nossos amados, da família? Quem sabe “cutucar” os dorminhocos neurônios para que eles liberem as lindas memórias? O fato é que não suporto a ideia de olhar para uma pessoa que amo e não conhecê-la.
Não sei não se isso vai funcionar. Parece que as sinapses de nossa cabeça entram numa espécie de “curto” e tudo se apaga. Eu nunca fui bom em eletricidade, isto vai ser um problema.
Se for mesmo, como dizem, um “branco” memorável (que ironia: memorável), um enorme vazio, que poderemos fazer?
Talvez eu possa, dentro dessa bolha de esquecimento, criar novas memórias. A partir de um sorriso de minha amada. Quem sabe, ela também se lembre de meu primeiro beijo? Ou se mesmo isso não for possível, talvez comecemos do zero. Quem impedirá nossos espíritos de, novamente, se apaixonarem? Eles certamente não têm sinapses ou eletricidade. Funcionam à base de um plasma divino, metafísico, que o grande médico ainda não conhecia. É isso que eu espero, antes de não mais poder nem mesmo esperar...

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Friday, November 16, 2018

Labirinto


Labirinto

De repente percebi
que estava num labirinto:
O labirinto da vida.
Buscar uma saída?
Mas qual? Eu não sabia...
Andei, voltei, saí e entrei,
por toda parte procurei.
Achei enfim um lugar
que parecia ideal.
Que bom, enfim, ser, estar.
Só então, descobri
que outro labirinto,
mais complicado e maior,
eu teria de percorrer:
o labirinto de meu ser,
aquele dentro de mim.
Nesse ainda estou,
e acho, vou sempre, viver...

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