Tuesday, May 23, 2017

Paralelos de mim

Paralelos de mim



Físicos teóricos já se pronunciaram há algum tempo sobre a possibilidade da existência de mundos paralelos. Não como fantasia literária, não. Tudo baseado em fórmulas matemáticas, coisa de louco. Versões de nós mesmos, semelhantes, com destinos parecidos, milhares delas.
Fico imaginando um “eu” melhor em algum desses universos. Mais inteligente, mais humano, mais dedicado, mais herói. Mais tudo que é de bom. Com um pouco mais de sorte também. Um “eu” com menos erros cometidos, pois sem erro nenhum, não há em em nenhuma versão. Um “eu” com mais amigos e menos inimigos, pois sem inimigo nenhum, não creio que haja, não. Um outro “eu” que consiga fazer muito mais coisas boas que esse “eu” daqui.
Apesar de estar em um mundo paralelo, um “eu”  sem paralelo, de tanto ser bom. Se isso for possível, entretanto, eu imponho uma condição. Todas as pessoas que eu amo, têm que ter uma versão lá também, porque esse “eu”daqui não é de deixar amigo na mão.

Talvez isso crie um “paradoxo quântico”. Que seja!  Tudo que vemos por aqui já não é um paradoxo infernal?

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Sunday, May 21, 2017

Eu vejo as folhas caírem das árvores


Eu vejo as folhas caírem das árvores

Eu vejo as folhas caírem das árvores. Eu vejo o vento levá-las embora. Algumas caem rapidamente, outras rodopiam no ar. Há aquelas que balançam suavemente, para cá e para lá, antes de tocarem o chão. As estações vão e vêm, e chega a hora de novas folhas nascerem. Verdes, bonitas, graciosas.

Nossa vida também é assim. Uns vão, outros vêm. Alguns vão embora cheios de dor. Outros vão leves, como plumas que descem pelo ar. Desconfio, porém, que por onde as folhas da vida passam, elas deixam um rastro. Uma espécie de sinal. Talvez algumas deixem ódio e ressentimento. Talvez remorso. Mas o que fica mesmo, são os traços de amor. Traços suaves que, ao desfalecerem, as folhas deixam no ar. 



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Tuesday, May 16, 2017

Não pode ser tudo perfeito





Não pode ser tudo perfeito

Por aqui - na Terra do Tio Sam - quando há um sinal de “Pare”, as pessoas param. Como param também, quando o sinal está  vermelho. Se alguém faz um assalto, acaba indo para a cadeia por um longo tempo. Se alguém muito famoso faz algo bem errado e é pego, vai para a cadeia também. Se você perde a carteira com dinheiro dentro, há uma boa chance de alguém a devolver. Por aqui, você não fica o tempo todo com medo de ser assaltado. Nem fica preocupado quando esquece de trancar o carro. Acontecem crimes, é claro, mas são a exceção, não a regra.
Por outro lado, de vez em quando, algum louco entra numa escola e mata um monte de gente. De vez em quando, mais do que seria tolerável, pessoas inocentes são condenadas à morte e depois executadas.

Não pode ser tudo perfeito, pode?


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Friday, May 5, 2017

A moça do Meier

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A moça do Meier

Eu sei que o nome da amiga dela é Beatriz e que o namorado dela – da Beatriz - é o Marcos. Os três são do Meier, Rio de Janeiro. Não gosto de me intrometer na vida dos outros e muito menos de ficar escutando conversa de estranhos sem ser convidado. Isso é muito feio. Acreditem, porém, não foi culpa minha. As circunstâncias foram especiais.
Estou lá, sentado, esperando pela minha vez de ser atendido. Juntos, mais dois senhores, um jovem, uma senhora e uma moça de seus 19 nos. Todos americanos, com certeza, exceto pela última, que provavelmente era uma hispana, como se diz por aqui. Ninguém estava conversando, certamente estranhos entre si. De repente um celular toca e eu ouço aquele “alô” bem brasileiro. A hispana não era hispana, era uma brasileira. Logo de início percebi que ia ser uma conversa problemática. Senti uma vaga obrigação ética de avisá-la que eu, ao contrário dos demais na sala, sabia falar português. Por outro lado, não tinha direito de me intrometer, situação difícil.
Para a história não se estender muito, o rapaz do outro lado da linha, o Marcos, estava no Meier e sua namorada, a Beatriz – ou noiva – tinha vindo para os Estados Unidos junto com a moça do telefone que estava a meu lado. Tinham uma espécie de pacto, amor eterno, e iriam se encontrar novamente quando ela se ajeitasse aqui na Terra do Tio Sam. O problema é que o Marcos estava saindo com uma outra garota, também do Meier e, aparentemente da mesma igreja que os três frequentavam no Rio. Como a moça – vamos chamar de Maria, para ficar mais fácil – ficou sabendo disso, eu não sei. Não é difícil imaginar, porém, hoje em dia, com Facebook e outras redes sociais, que a notícia se espalhou. Ele acabou caindo na rede de informação da minha vizinha de sala de espera.
A Maria estava furiosa. Onde se viu trair a amiga assim? Safado, sem-vergonha! E tinha a cara de pau de ir orar na igreja? Agora a Beatriz estava desconfiada e queria voltar para o Brasil e ela, como amiga, teria de voltar junto. A certa altura o Marcos deve ter tentado falar alguma coisa. Imediatamente mandou o fulano calar a boca. Nesse momento até os americanos olharam para ela. Você é um desclassificado, você não é homem e assim por diante. No “assim por diante”, inclua-se um elogio à pobre genitora do Marcos, que obviamente nada tinha a ver com as ações do filho safado. Tenho certeza de que se soubesse que não estava em solitude linguística, não falaria tal coisa.
Ela usou pelo menos uma dúzia de adjetivos desclassificatórios para o traidor.
Eu não sei não, mas se eu fosse o Marcos, mudaria de igreja, faria um monte de orações e, por fora, ainda faria uma novena pedindo para a Maria e a Beatriz darem certo por aqui e não precisarem voltar para o Rio. Porque se elas voltarem, Marcos, eu não me responsabilizo por sua saúde. Eu avisei...
Quando fui sair, cheguei a pensar em dar apoio moral e falar algo como “Isso mesmo, não dá moleza para esse tal de Marcos”, mas com a experiência que a idade nos traz, achei mais prudente ficar quieto. 


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Thursday, May 4, 2017

A loira e a retina



A loira e a retina

O Aníbal ouviu a campainha e correu até a porta. Lá estava uma loira ajeitada de uns 40 anos, com uma maleta na mão. Tentou se lembrar de algum compromisso, de alguma hora marcada, mas nada! Também ela não deu tempo, foi muito rápida. Foi entrando e disse que precisava de um quarto escuro. Aníbal agora se lembrava vagamente de ter um compromisso médico. Talvez o seguro agora estivesse proporcionando aconselhamento sexual para pessoas que estavam se aproximando da velhice. Talvez alguma aula prática. Nunca se sabe, hoje tudo anda tão moderno. Ele levou-a até o quarto, mas ela disse que não servia, era muito claro, precisava de escuridão. Ela apontou o banheiro e mandou que ele entrasse. Ele achou um pouco inconveniente, porém, ela insistiu. Mandou que ele se sentasse, rápido. Acho que estava com pressa. Uma pena, pois aquele era um momento tão solene, tão especial.
Antes que o próximo pensamento chegasse ao excitado cérebro do Aníbal, a loira apontou uma arma com laser bem no olho direito e puxou o gatilho. O clarão do flash deixou-o quase cego. Numa sequência devastadora, fez o mesmo com o olho esquerdo. Praticamente sem visão nenhuma, finalmente conseguiu se lembrar. Tinha exame de retina naquela manhã. O médico tinha avisado que iriam tirar uma foto da dita cuja para ver se o diabetes ainda não tinha causado cegueira ou outros danos.
Sua retina está razoável, disse a técnica - tinha de ser loira - e foi guardando seu equipamento. Naquele momento, Aníbal desejou que tivesse pedido um exame de memória, para ver se o tal de Alzheimer não tinha atacado seus neurônios. Que vexame! Pensou, em contrapartida, se não poderia processar – nos EUA processa-se por tanta coisa – o seguro por causar falsa expectativa: sabe a loira, o quarto escuro etc. Imediatamente percebeu que a ideia era idiota, ao mesmo tempo em que a loira fatal desaparecia pela porta, dizendo que o oftalmologista entraria em contato para maiores detalhes.
Ah, ela continuou, durante o dia você vai ficar vendo umas manchas por causa do flash, mas não é nada, não. O Aníbal teve manchas, sim. Algumas na visão, outras no seu ego...

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Wednesday, May 3, 2017

Saudade doída



Saudade doída

Na rua, passam pessoas,
no céu passam as nuvens,
na casa alguém passa roupa,
passa uma história na tevê,
no canto, o moço esperto,
passa uma bela cantada,
na moça que passa rápido,
no rádio passa a notícia,
nas calçadas, passos rápidos,
bem junto a pés descalços,
de crianças que passam fome,
passa a alegria, passa a dor,
passam as coisas, passa tudo.
Só não passa essa doida,
doída, danada, saudade,
que eu sinto de você...


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Monday, May 1, 2017

Balanço do dia



Balanço do dia

No final de mais um dia,
reconto, faço as contas.
Somo todas as alegrias,
deduzo o que foi triste,
coisas sérias, coisas tontas.
Se o saldo é positivo,
durmo, tranquilo, feliz,
se o saldo é negativo,
fico zen, penso melhor,
faço contas de chegar,
amanhã vai melhorar.
Assim mesmo, vou dormir, 
para, de novo, sonhar,
com tudo aquilo que,
amanhã, minhas feridas,
todas, tolas, vai curar.

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