Saturday, October 31, 2015

Viver é precioso












Viver é precioso

Sorrio, porque sorrir lava minha alma,
rio, porque rir restaura meu espírito,
choro, quando preciso chorar,
perdoo, porque perdoar me faz muito bem,
peço perdão porque preciso dele,
escrevo pois me nutro de  palavras,
amo, pois o amar está dentro de mim
sonho, porque deles preciso para viver,
vivo, porque viver é precioso,
e é o que eu preciso fazer.


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Friday, October 30, 2015

O Louro e o Seminário

O Louro e o Seminário

Antigamente havia os seminários: colégios particulares católicos para onde meninos que supostamente tinham “vocação” para padre, eram enviados para aprender latim, grego e tudo mais que era necessário para a missão. Normalmente eram enviados para as instituições com a idade de 10 anos, época em que se iniciava o antigo “curso ginasial”. Obviamente com essa idade a vocação, quando existia, não era dos meninos, era dos pais. Em muitos casos alguns garotos eram matriculados porque, afinal, os seminários eram excelentes escolas e, além do mais, quase sempre, grátis. Naqueles tempos difíceis para muitas famílias, talvez essa fosse a única esperança de se obter uma boa formação para os rebentos.
Foi o que aconteceu com o pequeno Fábio. Pais simples, mas desejosos de que o pimpolho fosse algo na vida, mandaram o mesmo para um seminário distante. Estava estabelecido que as visitas só poderiam ocorrer duas vezes por ano. Dureza. Fábio ainda era m muito criança para isso. Nessa época todo mundo ficava muito tempo junto. Mães em casa trabalhando e o pai voltando às 4 da tarde (eu sei o que você está pensando, mas ele saiu de casa às 4 da manhã...). Vida de família, refeições em conjunto sempre que possível. Um tempo que não volta mais (nem as coisas boas, nem as coisas más...).  O menino estivera sempre por ali, a mãe chamando para tomar o café, para almoçar, para ir até a padaria comprar o pão... Brincadeira de bola, de taco, bolinha de gude, pipa... Agora lá estava o pequeno Fábio confinado num prédio sombrio, distante...talvez esteja exagerando, mas que era triste, era. Estava me esquecendo do papagaio que eles tinham em casa e que eles chamavam pelo nome óbvio de “Louro”. O danado repetia tudo... E a mãe de Fábio falava as mesmas frases todos os dias. “Fábio, vem para casa!”, “Fábio, vem tomar banho!”, etc, etc.

Foi uma tristeza nos primeiros dias e, para dizer a verdade, nos dias e semanas e meses a seguir, também. Uma tristeza e uma saudade que, ao invés de diminuir, aumentavam. Mas os primeiros dias foram mais agudos, mais dolorosos, por causa do Louro. Ninguém esperava que ele fosse fazer aquilo. Era inteligente, sabia que o Fabinho tinha saído. Como é então que, sem mais nem menos, durante o dia, começava a gritar: “Fábio, vai buscar o pão!”  Dali a pouco: “Fábio, vem almoçar!”. Se a Dona Amélia não estava chamando, por que o danado estava tomando a iniciativa de gritar daquele jeito. A obrigação dele era só repetir, não tomar a iniciativa. E o danado berrava: “Fábio, vem tomar banho!” Ele não queria nem saber se o Fabinho estava no seminário. O menino tinha de cumprir suas tarefas e ele a sua, de chamar, chamar. Isto não seria tão triste assim se não fosse o estado emocional de Dona Amélia e do pai de Fabinho. Não era fácil, aquela dor de saudade no peito e o malandrinho do papagaio gritando, gritando... lembrando o tempo gostoso em que a família toda estava junta. Dona Amélia não conseguia segurar as lágrimas que vinham aos borbotões toda vez que o Louro abria a boca, quero dizer, o bico. Não disfarçava e podia se ouvir o choro de longe. O marido era mais durão. Nunca ninguém vira uma lágrima em seus olhos. Quando o papagaio gritava, ele disfarçava, ia até a sua oficina de carpinteiro – eu me esqueci de dizer, ele era um marceneiro igual a José, pai de Jesus – e ficava lá com uma ferramenta qualquer, disfarçando.Se você pudesse entrar lá sem ele ver, você iria notar que o pai de Fabinho, estava chorando lágrimas ainda mais grossas do que as de Dona Amélia, se é que isso é possível. Mas, você sabe, naquela época, os homens não podiam chorar. Coitado do Sr. Benevides... Que tristeza!

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Thursday, October 29, 2015

Prioridades (Revendo a velha cidade)



Prioridades (Revendo a velha cidade)

Tanto tempo sem ver a amada cidade, finalmente eu estava lá. A imponente São Paulo, toda cheia de si e de suas antigas contrariedades. Já tinham me avisado que não havia mais propagandas, para eu não estranhar. Gostei, assim deu para ver melhor sua alma. Falaram até para eu tomar cuidado nas ruas, como sempre falam, mas que nada. Deixei cair uma nota de 20 reais e, de repente, alguém me chamou e veio correndo devolver.
Vi as bicicletas para alugar, as novas linhas de metrô, uma exposição cultural no Centro Cultural Banco do Brasil, tudo coisa de muito se admirar. Ouvi palavras novas como “cadeirante” e outras tantas e tentei me acostumar. Tomei cafezinho e descobri que, agora, que charme, vem junto um copinho com água gaseificada! Foi bom, muito bom. Tudo isso é extra, pois o mais importante foi ver pelo menos algumas das pessoas amadas.

Estava me esquecendo. Descobri que, agora, sou “prioritário”. Com mais de sessenta, existe um monte de coisa que a gente pode fazer antes dos outros (deve ser para compensar as coisas que não podemos fazer por causa da idade.) Fiquei pensando muito sobre isso. Quem diria, hein, eu, prioritário...

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Monday, October 26, 2015

Além dos limites do absurdo: Warren Jeffs



Além dos limites do absurdo: Warren Jeffs

Se você pensa que já viu de tudo em termos de fanatismo religioso, está enganado, se ainda não conhece o senhor Warren Jeffs. Seria melhor dizer “caradurismo religioso” ao invés de fanatismo. O senhor, anteriormente citado (melhor não repetir muito esse nome maldito), era presidente da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que, a bem da verdade, não pode ser confundida com a outra – não fundamentalista – que não admite a poligamia como a que estamos citando. É bom dizer também que de Jesus Cristo essa seita nada tem.
Para se ter uma ideia de quem é este fulano, ele participou da lista dos dez mis procurados do FBI. Graças a Deus – desculpem a ironia – agora ele está preso (perpétua mais vinte anos, se isso é possível). Vamos começar pelo fato de que aparentemente Jeffs tinha cerca de 70 esposas. Pelo menos um filho e uma filha do dito líder religioso publicamente afirmaram que foram violentados sexualmente por ele. Um sobrinho dele, Brent Jeffs, abriu processo mais tarde alegando que foi violentado quanto tinha seis anos de idade e, mais, os irmãos de Warren observaram e participaram desses horrores. Além de vários casos de estupro de mulheres menores de 18 anos, ele expulsava elementos da igreja - dissidentes - e distribuía suas mulheres e filhas para outros membros da comunidade nos quais ele confiava. E por aí vai... Uma lista enorme de absurdos.
Como tudo isso aconteceu? Como essas pessoas demoraram tanto para denunciarem esses fatos? Como isso pôde acontecer num país onde o abuso sexual é severamente punido? Fanatismo? As pessoas ficam cegas diante de um líder esperto, inescrupuloso? Medo?

O fato é que aconteceu, está acontecendo em algum lugar e ainda vai acontecer mais vezes.

Mais sobre o assunto:  Um líder...

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Sunday, October 25, 2015

Crônica do amor perdido



Crônica do amor perdido


Procuro no escuro da noite os segredos do Universo. Na luz do dia não posso ver as estrelas porque ele, o sol, ofusca minha visão. É assim com você. Procuro também a beleza de outras mulheres, solitário nas noites, porque, você, minha querida, também ofusca todo meu ser, quando está junto de mim. Por que tem de ser assim?
Falei isso para minha amada e ela me disse que eu tinha razão. Ela se afastou. Procurei e vi as luzes da noite, vi a beleza de outras mulheres. Delas me aproximei para melhor apreciar tal visão. Mas elas eram pálidas, vazias. Procurei mais e nada achei. Voltei então para a luz da minha vida. Mas ela não estava mais lá. Deixou, porém um bilhetinho:
Notei que você gostava mais das estrelas da noite do que de mim. Por isso, viajei  noite adentro, e me coloquei no meio de uma enorme constelação. Estarei lá, te esperando. Brilhando, brilhando.
E eu olhei para  a noite infinita. Olhei para a Via Láctea com suas milhões de estrelas. A minha amada devia ser uma delas. Mas havia tantas e tantas, jamais a descobriria.
Foi assim que perdi meu grande amor. E agora vivo sozinho debaixo deste sol causticante . Tenho medo da noite e o que faço é só dormir. Tenho medo de encontrar, um dia, quem sabe, minha amada, e ela estar de namoro, lá longe, neste infinito sem fim, com algum astro qualquer...


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Saturday, October 17, 2015

Paro

Paro

Assombrado, paro.
A imensidão da vida,
de repente, toma conta de mim.
Sinto-a toda, integral,
exuberante, dentro do peito.
Dentro do cérebro, das veias.
Aos poucos, vou voltando
de meu existencial devaneio.
Atônito, olho para o mundo.
Está tudo normal, como sempre foi.
Será que estou ficando louco?



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Friday, October 16, 2015

As águas do rio, o rio das águas

As águas do rio, o rio das águas



Foi assim. As lembranças todas, de adulto e de criança, foram desaparecendo. A cabeça, como ele mesmo dizia, não era a mesma. Fatos recentes, ele já não se lembrava de nenhum. Os da fase de adulto, só alguns poucos. Os ruins, más decisões, discussões homéricas, traições, graças ao bom Deus, foram os primeiros a sumir. Os amores da juventude persistiram durante um bom tempo, mas finalmente também se foram.
O que não ia embora, eram as recordações da infância. Nem sequer eram grandes eventos, mas de alguma forma, insistiam em ficar. O aroma de café torrado que vinha da “venda” do tio, na frente da casa, os vidros cheios de balas e também as balas enroladas com um papel e por dentro uma figurinha de jogador para colecionar. E dentro de casa, logo de manhã, o café com leite  e aquela nata, que uns detestavam e outros amavam. A manteiga, de verdade, numa peça de louça branca. O pão então... E isso era tudo no começo do dia. E, então, havia aquelas manhãs em que o tio o deixava ir de carona no velho caminhão Ford. Aquele cheiro de gasolina não queimada, tão gostosa. Quem se preocupava com colesterol e com poluição? Havia também o furgãozinho dos doces “Confiança” fazendo entregas. As garrafas de leite deixadas na porta durante a madrugada. Não havia choro nem tristeza. Havia tanta coisa boa.
Mais tarde, durante o dia, havia o rio. Ali perto de casa, tão perto que parecia no fundo do quintal. Caudaloso, poderoso, água verde escuro, corria soberano. E nem era perigoso. Ou era. Não sei o que os pais pensavam. Mas era bonito aquele rio. Dele, ele se lembrava com detalhes.

E, no final, até as lembranças da infância foram sumindo também. Devagarinho, porém, parece que elas não queriam ir embora. A última mesmo, foi a imagem do rio. Na verdade, ela nunca sumiu. Só ela ficou, como se fosse um atestado da vida. Quando ele deu o último suspiro, as águas continuaram a correr. Iam embora, fortes, levando galhos, folhas, tudo. Um rio bonito como nenhum outro. Pomposo, cheio de si. Essa imagem nunca se foi. Nunca. Continuou depois da morte. Aquela corrente forte, poderosa, levando tudo. Ele morreu, mas aquela água permaneceu viva, suntuosa, correndo pela eternidade toda. Continua, continuando. Acho até que seu corpo foi pairando por cima das águas, feliz, sorrindo, olhando para o azul infinito do céu... O céu azul, sem fim, no infinito verde sem fim do rio da vida. Céu azul, rio verde, infinito do céu, infinito das águas, infinito de si mesmo. Foi assim...

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Monday, October 12, 2015

Enigma


http://www.sodahead.com/


Enigma

Um enigma é a vida,
a consciência de ser.
Uma tortura que herdamos,
benção difícil de entender,
uma visão que nos cega,
liberdade que nos prende.
E eu, como quem nega,
fico, atônito, a pensar
não seria muito melhor
ser uma borboleta?
Livre, solta, colorida,
batendo suas asas,
doida, delirante no ar?
Mas depois, penso também:
Se pensasse, será que ela,
ao contrário, não gostaria
de ser como eu também?

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Essa vida da gente

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Wednesday, October 7, 2015

Estação das almas

Estação das almas

Começou a estação do ano em que as folhas das árvores começam a cair. Os galhos vão ficando nus e lisos. O céu frio e azul pode ser visto por entre o esqueleto formado pelo que antes era a copa frondosa.  Parece que elas vão morrer para sempre, mas sabemos que vão voltar.
A alma se prepara também. Ao contrário das plantas, os corpos se revestem mais ainda contra a hostilidade do tempo. O conforto, ou talvez consolo, do que é civilizado, torna-se a resposta contra a natureza cruel. Ela pode contra as árvores, mas não contra nós. Somos poderosos com nossas máquinas de aquecer, com o conforto de nossas casas.
Há porém, aqueles que não tem esses recursos e padecem no frio. Há, também, aqueles que tem o frio interior. Esses não têm proteção nenhuma. Não há vestes ou cobertores para isso. Seus espíritos são como as árvores, ficam nus e gelados, castigados pela intempérie.
As árvores, quando a estação terminar, vão se encher novamente de folhas, do verde e da vida. As pessoas que têm almas frias, entretanto, não vão se recuperar. O inverno delas é permanente, nunca vai ter fim.


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Essa vida da gente

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Monday, October 5, 2015

KELLY, A BIOQUÍMICA


KELLY, A BIOQUÍMICA










Magra, altura média, nascida e criada nos subúrbios de Detroit, Michigan. Bem americana, contacto quase nenhum com imigrantes. Já a transportara quatro vezes nesta minha função de “motorista de INPS” ( sem direito a fundo de garantia ou outro direito qualquer). Tudo havia começado, me explicara anteriormente, com um acidente de carro que tivera aos quinze anos. Seguro, processos, acordos. Teve todos os tipos de problemas físicos e posteriormente neurológicos e psiquiátricos. Minha intuição dizia  que os problemas vêm de antes e, que se não fosse o acidente, seria outra coisa. Quatro vezes a levei, quatro diferentes moradias. Uma vez com o namorado que não a queria mais, outra vez com um amigo que não podia pagar aluguel e daí vai. Agora sim, me explicava, estava morando com um grande amigo em um quarto de hotel.Que bom, disse eu.
-E este seu amigo,  que  faz?
-Bem, não sei direito, mas acho que está aposentado...
Obviamente de imediato desclassifiquei, para mim mesmo, o companheiro,  de “amigo” para “vagamente conhecido sem ocupação definida”...
Desta vez ela estava muito ansiosa pois tinha consulta com o psiquiatra e ele iria dar a receita para seus remédios. Ela estava precisando dos mesmos desesperadamente, pois, como explicou, tinha “bipolar disorder”, uma dessas doenças novas. Enfatizou que era fundamental tomar os medicamentos. Estava óbvio que era dependente daquelas drogas. Chegamos e ela entra rapidamente no consultório.
Saio, vou tomar um café e volto para esperar por ela. Não demorou  muito. Na verdade foi o tempo de ver o doutor, pegar a receita e sair. Então me mostra toda a parafernália química. Recita os nomes dos remédios, sua função e o nome da disfunção que ele trata.
Quando parecia cansada de explicar, resumiu:
-O primeiro é para eu relaxar quando estou excitada, o segundo para me animar quando estou desanimada, o terceiro para eu dormir quando estou sem sono e o quarto para me acordar quando me sinto muito sonolenta...
-Ah...disse eu. E este outro aí???
-Este é para combater os efeitos colaterais dos outro quatro.
Isto sim era uma explicação completa. Continuamos em direção a sua casa/hotel vagabundo. No caminho fala ao celular. Combina algo com alguém, tenta esconder algo de mim. Pede para eu parar em frente a um supermercado. De repente vejo um carro atrás. Desce e se dirige ao motorista e vejo pelo retrovisor que ela está dando dinheiro para o motorista.
Poderia tentar ver e entender o que estava acontecendo,  mas era muito para o mesmo dia. Continuamos, e ela mexe e mexe dentro da bolsa e finalmente vem com mais três vidros de remédio. Assustado, pergunto:
- E esses aí???
-Ah, estes são meus dois analgésicos e um relaxante muscular...
Pensei comigo: “Kelly, a bioquímica”...

À procura de Lucas


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