Monday, December 26, 2011

Mais um script do Herrera

Mais um script do Herrera

O meu amigo Herrera não para de “bolar” scripts para filmes, mesmo sabendo que jamais vai conseguir um “bico” sequer na indústria cinematográfica. Ele tem pouquíssimas pessoas para quem pode contar suas histórias, além disso, ele sabe que eu adoro cinema...Daí vai, que eu sou sempre o primeiro a ouvir os enredos. A nova trama se desenvolve num tempo, muito, muito distante no futuro. Estamos falando de uma sociedade avançadíssima com tecnologia que mal podemos imaginar. Muito tempo antes disso, todas as doenças haviam desaparecido, as pessoas só morriam por envelhecimento, e a expectativa de vida era enorme...Não falo qual era pois o Herrera não me contou. Pois bem, voltando ao tempo da história, a  única possibilidade de morte era um acidente horrível, porque um simples com inúmeras fraturas, dano cerebral, etc., etc., era fácil de arrumar. Acidente horrível seria aquele em que o corpo do indivíduo ficasse completamente triturado. Algo assim seria difícil de acontecer mas havia a turma da maldade, os famosos “bandidos” do futuro – sinto muito, eles ainda vão existir –que eram especializados em destruir completamente um corpo, além do ponto que fosse recuperável  a não ser que fosse clonado. No entanto eles escondiam os restos para que as células não fossem usadas com esta intenção. O próprio Herrera não gostava desta parte, mas ele me falou que o público sempre gosta de “bandidos”, pois sem eles, como poderia haver os “mocinhos”? Assim sendo, nossos sucessores neste amanhã distante criaram algo fascinante para resolver de vez o problema. Todos as pessoas – quero dizer, seus corpos -  ficariam depositados em um lugar extremamente seguro em estado de coma profundo, ou profundíssimo, segundo Herrera. No entanto, eles estariam ligados a robôs sofisticadíssimos (controlados por outros robôs) que teriam uma vida normal, cheio de beleza,  emoção, aventura. Se algo acontecesse, era só substituir o robô. Emoção à vontade, sem perigos ou riscos. Os seres em coma, nossos bis, bis, (não sei quantos bis) bisnetos desfrutariam de uma vida comparável àquela que se vive no paraíso, absolutamente seguros  vivendo praticamente para sempre. Bom, ele ainda não tinha um final para a história, mas queria saber de mim, se a essência do enredo era bom. Lembrei-me imediatamente do filme “Surrogates” que tem uma linha até certo ponto semelhante a do nosso amigo Herrera. Tinha de ser honesto com o Herrera e falei para ele: “Acho que passaram a sua frente, pois eles já fizeram um filme assim, com final e tudo e já está nas telas. Para ser franco, até ja saiu das telas.” Herrera ficou ao mesmo tempo frustado e furioso com a notícia. Quase senti pena dele...E completou: “Esse pessoal de Hollywood está sempre roubando minhas  ideias...
Veja o trailer do filme que 'roubaram" do Herrera...



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Brasil


Wednesday, December 21, 2011

Gabriela, a menina que veio do Brasil

Gabriela vai                                Gabriela volta
Gabriela, a menina que veio do Brasil

Gabriela era seu nome mas todos a chamavam de Gabi. Ela era graciosa, formosa, extrovertida e até sabida. Tinha viajado pelo Brasil, tinha terminado o colegial, esperava entrar na faculdade. Daí então falaram para ela sobre os Estados Unidos.  Lá sim que que as coisas eram diferentes, primeiro mundo, coisa fina. Gabi entrou numa excursão, tudo lindo, maravilhoso, Mickey Mouse, princesas, brinquedos fantásticos.. E, além do mais, toda hora tinha gente olhando para a beleza dela. Ela fingia que não via, afinal, ela era uma menina de classe. Voltou, fez história entre os amigos, todos queriam saber de tudo, todos queriam ouvir. Ela contou, contou e até aumentou! Estados Unidos, isso sim é que é um país!
Algum tempo passou e o assunto era sempre esse. Alguns contaram de brasileiras que tinham ido para ficar e gostaram, se deram bem. Estavam ganhando uma grana  e um dia poderiam até ficar famosas. Conversa vai, conversa vem, decidiu que era isso o que queria. Os pais, claro, contra. “Não vê a vida boa que você tem aqui?”, dizia a mãe. Você pensa que é tudo cor de rosa?”, dizia o pai. O mano Gabriel mais novo,  já fazia os planos para “pegar”o quarto dela. Teimosa que era, acertou com a prima de uma amiga de uma conhecida que vivia por aqui, um lugar para ficar. Já tinha visto de turista, depois daria um jeito para ficar, quem sabe até casar com um  jovem americano famoso, nunca se sabe. Claro só se ele a amasse, pois como já disse, ela era uma menina de classe, de família.
Gabi chega, a tal conhecida não sei de quem, recebe-a no aeroporto e ela vai feliz rumo ao sucesso, quero dizer, por enquanto para o apartamento simples que ia dividir. Para ser franco, ela não gostou muito do quarto onde ia ficar, mas fingiu para si mesmo que estava tudo bem, afinal era tudo temporário. A vizinhança também não era das melhores, mas, como já tinha dito para si mesmo, era só por enquanto. A nova companheira dá uma volta pela redondeza com seu velho carro e mostra onde tudo está, “dá as dicas” e os cuidados que deve ter. Dia seguinte, vai procurar emprego nos lugares que Dolores, a nova colega, já conhece. Antes tomam café na lanchonete da esquina. Tudo esquisito, bem diferente do café da manhã que tivera na excursão. Fulano sem educação, aquele do caixa, nem conseguiu explicar direito o que havia para ser servido. De qualquer jeito não iria adiantar, eles não tinham nada do que ela gostava mesmo.
Finalmente chegam na agência de emprego de uma brasileira, que nem parecia mais brasileira. “Preenche a aplicação, o que não sabe, deixa em branco.” Gabi não gostou do jeito dela, não. “Só tem vaga para hotel, a mulher explicou.”  Pensou, está bem, vamos começar com hotel, depois vemos coisa melhor. Dia seguinte lá está ela para treinar para o novo emprego. Sobem para um quarto, e aprende a arrumar a cama. Ela não tinha entendido, ou não quis entender, que era aquilo que ia fazer no hotel. Poderia ter sido outra função. Pouco tempo depois aprendeu que isso era o que quase todas faziam, pelo menos quem não tinha documentos. No intervalo, a conversa das outras "funcionárias" era muito esquisita, falavam português, mas não era nada que ela entendesse.
À noite liga para a mãe, e diz que está bem e  feliz. Fala que já tem emprego mas não dá detalhes, está tudo bem, não poderia ser melhor. Dar o braço a torcer, isso não era Gabriela, não. Faz pequenas compras para preparar algo para comer pois a Dolores  trabalha até tarde e vai comer fora. Dos cinco itens que queria só achou um e ainda era meio esquisito. Esquisito? Tudo era esquisito. Comeu biscoitos e uns restos da geladeira. Assistou a TV e com o  pouco inglês que tinha conseguiu entender que não dava para entender nada. Era tudo muito estranho. Agora, pensando bem, até a Dolores era meio estranha. As brasileiras do hotel eram estranhas. O quarto também, o prédio, tudo. Nos dias seguintes, tudo ficava mais e mais esquisito. Compreendeu que tinha cometido um erro. Em pouco tempo, já estava sentindo uma saudade danada da mamãe, do papai e até do irmãozinho chatinho. Da padaria e da venda próxima a sua casa no Brasil, nem falar. 
E as amigas? Aquelas sim, eram amigas de verdade. Precisava voltar imediatamente. Conseguiu um lugar no vôo do dia seguinte. No aeroporto em São Paulo, todo mundo esperava por Gabi. Deu e recebeu os melhores abraços de sua vida. Até o o chatinho do irmãozinho Gabriel foi afetuoso. Gabriela não sabia que o Brasil era tão gostoso...Depois disso nunca mais Gabi entendeu porque o pessoal fala tão mal do Brasil...Da sua parte, ela não troca o Brasil por nenhum outro país desse mundo!!!
Como todos nós sabemos, tudo é relativo. Dolores continua muito feliz por aqui, acha tudo muito prático e fácil. Tem confiança no futuro e também adora o Brasil, mas só para passar  férias...quando sobrar algum dinheiro, claro!


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Sunday, December 18, 2011

O Futuro da Humanidade segundo Herrera


O Futuro da Humanidade segundo Herrera

O Herrera – aquele meu amigo que gosta de Física Quântica e ficção científica – às vezes “fica impossível”, para usar uma expressão que aparentemente já saiu de moda. Fica tão entusiasmado com suas ideias que não para de falar, explicar, tentar convencer. Para ele, Física Quântica é quase uma religião. “As pessoas não conseguem entender”, ele me dizia outro dia. Eu imediatamente retruquei que quase ninguém entende – caramba, Física Quântica – eu mesmo não entendo patavina. Já pensou? Hadron, muon, gluon, boson, graviton, photon, neutrino...? Esse último até me parece familiar. Acho que foi ele que tentou ultrapassar a luz na velocidade. Não sei se conseguiu. Na verdade, acho que foi tudo uma tentativa de golpe contra nosso querido Einstein que começou toda esta história. Voltando ao Herrera, ele me explicou que não pretende que as pessoas entendam, ele mesmo sabe só um pouco, ele quer que as pessoas “sintam” a Física Quântica. Diante da minha cara de interrogação, ele continuou a explicação. As pessoas têm que saber que estamos em uma nova fase da evolução, que o homem está diante de novas e imprevisíveis fronteiras. “É só saber isso, compreender isso.” ele me explicava com fervor. “Muitas pessoas entendem”, argumentei, “o problema é que as pessoas precisam viver, cumprir compromissos” e não dá para ficar “quantificando” o tempo todo e concluí: “A Física Quântica vai pagar minhas contas?” Herrera não gostou do meu arremate e respondeu que sim, que num futuro não muito distante, só os robôs trabalharão e que os humanos viverão em um “estado de graça”, só evoluindo, sabendo mais, e também se divertindo...Sabe de uma coisa? Não dá para discutir com o Herrera, não é só que ele sempre queira ter razão...É que ele não desiste...Nunca!
Para entender melhor o Herrera...
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Brasil




Wednesday, December 14, 2011

O Cachorro do Sr. Pikett

Mr. Pikett feliz com a "perfomance" de seus cães
O Cachorro do Sr. Pikett

O Sr. Pikett tem alguns cachorros, mas não são animais comuns não, são muito especiais. Depois de cheirar as roupas ou pertences da vítima de um crime, eles são capazes de identificar a pessoa que tem o mesmo cheiro, dentre algumas apresentadas a eles. Com certeza você já viu em algum fime aquela fila  de ilustres desconhecidos e um suspeito no meio deles na delegacia de polícia. Normalmente a vítima, se for uma alma viva, aponta ou reconhece o autor do crime. Se foi um assassinato, outra pessoa, uma testemunha, pode fazê-lo, pois o defunto, por motivos óbvios, não vai poder. É a mesma coisa ou quase. Ao invés de olhar, cheira-se, ao invés de ser uma vítima ou uma testemunha, é um cão. Muitas pessoas dizem que isto não é confiável, que pode levar a erros. Outros, principalmente os donos dos cães, acham que o método é infalível. Um deles é  o Sr. Pikett. No mundo forense quase todos os profissionais honestos acham que essas pessoas são charlatães. Uma mulher (Sandra Anderson) até foi presa porque “plantava” restos dos defuntos na cena do crime para “facilitar” o trabalho canino. O Sr. Picket é bastante conhecido no Texas, pois, sendo também policial, colabora com outros colegas de outros condados nesta “luta contra o crime”. Ele vai para todo lado, com seus cães, identificando criminosos. Obviamente ele tem suas compensações.  O problema é que o Sr. Pikett obteve um estranho “record”. Até o momento ele e seu exército canino identificaram pelo menos 15 “criminosos” que foram inocentados após prova indiscutível de que não haviam cometido o crime. Houve casos em que o verdadeiro assassino confessou mais tarde, outros casos em que provas de DNA apontaram para outro suspeito, enfim pelo menos 15 erros crassos. Deve chegar a 20 em breve, com as investgações em andamento O pior é que houve casos em que outras evidências inocentavam o suspeito e a única evidência que incriminava o infeliz era o tal do cheiro. Aparentemente, aquela história, que para se condenar alguém precisamos estar certos “além de qualquer dúvida razoável”,  funciona ao contrário em alguns lugares ( lembra, “beyond a reasonable doubt”? ). Os acusados, que agora se transformaram em vítimas,  estão processando o Sr. Pikett mas até então nada aconteceu com ele. Também não tem  como um cão “cheirar” o dito cujo (Mr. Pikett) e apontá-lo como culpado. O que leva uma pessoa a cometer um abuso, uma monstruosidade dessas? Com certeza todos esses acusados eram pessoas que não podiam pagar um bom advogado.  Será que a motivação é dinheiro? Será? Colocar pessoas inocentes na cadeia por recompensa financeira? Recuso-me a acreditar. Claro, o leitor pode tirar suas próprias conclusões...Aliás, o título desta crônica, “O Cachorro do Sr. Pickett” tem duplo sentido. Fique à vontade, escolha o que achar melhor.

New York Times: Uma história que não "cheira bem"

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Saturday, December 10, 2011

Mais Estranho que a Ficção

pirulito com catapora
Mais Estranho que a Ficção

Eu sei que é um nome de filme (“Stranger than Fiction”, 2006, Will Ferrell, Emma Thompson) e não estou tentando plagiar o título. Gosto tanto de filmes que acabo falando neles ou sobre eles o tempo todo. 
Megan
Mr. Burr
O cinema, o “bom cinema”,  claro, é uma arte especial, pois, de certa forma, envolve outras artes, é bastante completo. Nele estão presentes as formas, as cores, o som, as palavras, o movimento. A sensação de realidade é impressionate, você parece viver dentro da história. Coisas completamente absurdas ou irreais parecem verdadeiras quando colocadas na tela. É verdade que muitas delas vêm, de fato, da vida real. Por falar nisso, acho que nos últimos tempos algo estranho tem acontecido. Parece que o que acontece no dia a dia cada vez mais está fazendo concorrência com a ficção. As histórias mais absurdas, em todos os campos - tragédia, comédia, crime, drama, etc, - cada vez ficam mais comuns e não há um só dia em que não se veja algo que encheria as telas do cinema com furor. Tanto é verdade, que quando vejo um título de matéria no jornal ou na internet e acho estranho, vou verificar se eles estão falando de um filme, de uma peça de teatro ou se é uma notícia "pra valer". Outro dia estou  “passeando” pela UOL e vejo uma história de pessoas vendendo pirulitos com catapora. Poderia ser uma nova comédia ou algo assim. Acontece que o governo do Tennessee realmente estava pensando em proibir a venda dos tais pirulitos: eu nem sabia que isso era verdade, que estava acontecendo. Claro, as coisas muitas vezes têm uma explicação lógica. 
 Lógica relativa, é claro. A explicação era que as crianças, chupando o tal pirulito, contrairiam a doença numa forma mais suave, imunizando-se, evitando ter a mesma mais tarde, quando adultos, em um formato mais violento. Há tantos aspectos envolvidos que é melhor nem discutirmos, mas que é esquisito, é. Vamos 
agora para Coldspring, Texas, verificar uma outra história que apareceu no New York Times. Mr. Burr, um funcionário da escola local, era uma pessoa com uma certa deficiência mental, mas de uma índole muito boa e gentil, segundo as testemunhas da cidade. Certo dia, há alguns anos atrás, Mr. Burr aparece assassinado em seu trailer. Sangue para todo  lado, o pobre coitado levou 28 facadas no pescoço, rosto e cabeça. É óbvio que a polícia precisava de uns suspeitos, melhor ainda, culpados, o mais rápido possível. A família Winfrey parecia ideal para isso. O pai, Richard tivera alguns encontros anteriores com a lei, ou seja, tinha antecedentes. A filha, Megan, era uma “doidinha” fazendo estrepolias pela cidade o tempo todo, e o outro filho, Richard Jr., bem eu não sei o que ele já havia feito. Não importa, os três juntos, perdoem-me a redundância, formavam um trio perfeito. No entanto, o xerife, Lacy Rogers, precisava de provas ou “evidências”. Além do fato de  eles serem os réus ideais para um assassinato de tal porte, com a agravante de que o falecido Murr tinha dinheiro escondido em sua casa e os Winfrey precisavam muito do mesmo (  dinheiro, é claro, preechendo assim, o requisito da motivação ), o xerife não tinha nenhuma prova de que o hediondo crime havia sido cometido pelo pai e seus filhos. Daí aparece o especialista em cães farejadores, Keith A. Pikett, para obter dos mesmos a evidência forense tão necessária para que o povo e a justiça do condado fossem redimidos. E não é o que o esperto do especialista farejador conseguiu provar que o cheiro das coisas do morto tinham tudo a ver com  cheiro das coisas dos suspeitos? Talvez esteja sendo leviano, aliás, tenho certeza de que houve  mais seriedade e profundidade nas investigações do que estou tentando sugerir. O pai foi o primeiro a ser condenado – 75 
anos de prisão,  a filha, a seguir,  foi condenada à prisão perpétua ( não sei que diferença faz, no caso). Ambos foram defendidos por um advogado nomeado pelo governo. O outro filho, Richard Jr. teve mais sorte porque, na época de seu julgamento, a família tinha juntado um pouco de dinheiro e conseguiu um advogado particular. Foi absolvido, mas esta história de o veredicto ser diferente porque os dois primeiros não tinham advogado próprio e o filho tinha um, bem isso é mera coincidência. Algum tempo depois, o pai é absolvido porque um tribunal superior achou que a história dos cheiros não “cheirava” bem. Começaram a aparecer relatos de que o mesmo especialista em “farejar canino” havia sido processado por fraude em outros casos anteriores. Nem pensem em culpar os cães, eu tenho certeza de que eles são profissionais e honestos, e seus cheirar é confiável e se pudessem falar, diriam, “estou cheirando isso e isso parece com o cheiro daquilo, por isso estou latindo” e completariam “Não vão botar alguém na cadeia por causa de um um mero odor, existem mais coisas a serem analisadas.” Mas quem disse que cão tem voz ativa num julgamento, o máximo que conseguem é ter um “farejar”ativo. Eu sei que o passado do pai, Mr. Winfrey “não cheira bem”, mas cheira pior ainda o resto da história. A Megan, mesmo caso, mesmo cheiro, mesmo tribunal, mesma cidade, mesmo xerife, mesmo tudo, advogado diferente, continua na cadeia...Acho que vai sair um dia. Só  o Ser Supremo e os Winfley sabem a verdade e não ouso “chutar”, ainda mais aqui de longe, mas, repito, a forma como tudo aconteceu, perdoem-me, mais uma vez o termo, “não cheira bem”...Puxa, me empolguei e acabei perdendo o fio da meada. O que estava querendo dizer mesmo, que a vida de verdade, que aparece nos noticiários, é o melhor enredo. Ultimamente está dando de dez a zero em algumas histórias inventadas por escritores de filmes. Claro, a vida é a vida, você ainda precisa escrever um “script” (isso é pleonasmo?) para ela...Ainda sobre os Winfrey, até que tiveram sorte. No Texas, assassinato brutal, sem condenação à morte? Só prisão perpétua? Se o promotor fosse um pouco mais ousado e tivesse pedido pena capital, não estaríamos contando essa história...Não haveria nem cheiro dela ou dos suspeitos!

Para não falarem que estou inventado, aí vão os textos...
A história dos cães farejadores


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Brasil


Wednesday, December 7, 2011

London, London





London, London

Eduardo era um grande amigo meu da juventude. Tudo era diferente, uma época maravilhosa. Começo dos anos 70, ele consegue juntar dinheiro para uma modesta viagem para a Europa com mais dois amigos, hotéis simples, tipo pousada, passe de trem e tudo mais...A primeira parada seria Londres, por motivos técnicos, mas também por causa dos Beatles. Eduardo era fã  incondicional. Tinha fascinação pelo grupo e tudo que se referia a eles. Claro, não havia chance nenhuma de vê-los num show ou qualquer coisa assim, era apenas uma coisa emocional, estar pisando a mesma terra, etc...Os três finalmente descem do avião e tomam uma condução para o hoteleco que tinham reservado. Cansadíssimos, tomam um banho e vão descansar um pouco antes de dar um passeio pela capital. Eduardo, no entanto, está muito excitado e não consegue esperar, aventurando-se sozinho pelas ruas da cidade. Vai lépido, olhando para todos os lados, lendo cartazes, olhando lojas, monumentos, tudo. Sente as primeiras dificuldades da língua quando nota, em alguns avisos e propagandas, palavras que nunca tinha visto. Mas não acha que isso vá ser um problema, “vou aprender tudo”, pensa e continua. De repente um rapaz, que mais parecia um “gentleman”, aparece a sua frente, com uma máquina fotográfica pendurada no pescoço. Com muita elegância fala alguma frase em inglês, que, Eduardo mal reconhece como sendo qualquer coisa a respeito de tirar uma foto sua. Meio confuso, ele concorda, principalmente por causa do ar amigável do interlocutor. O “fotógrafo” dá instruções sobre a pose que Eduardo deveria tomar. Eduardo olha para trás e reconhece que atrás de si descortina-se uma típica paisagem londrina e com certeza uma boa foto sairia dali. Dois ous três “clicks”rápidos e a sessão fotográfica termina. O rapaz tira do bolso do paletó – estava fazendo frio, apesar do sol – um caderninho de notas e pede o endereço de Eduardo. Naquela época nem de longe passava pela cabeça das pessoas qualquer maldade e Eduardo dá o endereço do hotel, número do quarto, etc. O londrino explica para ele que o endereço era para mandar as fotos quando prontas. Naqueles tempos ainda tínhamos de “revelar”os filmes, entre outras coisas, antes de termos um “retrato”. Pede 10 libras pelas despesas da maneira mais desinteressada e “casual” que era possível. Eduardo de repente acha que pode haver algo de errado, mas que coisa, afinal de contas ele estava na Inglaterra, terra dos Beatles...e ele ainda com aquela mentalidade provinciana  brasileira, com medo de tudo. Parece entender a situação um pouco melhor, fica mais tranquilo e paga as dez libras para o estranho. Ficou feliz por ter seu primeiro diálogo real em língua inglesa em territórios internacionais. Todos aqueles anos de estudo..Agora sim, uma coisa real, uma conversa de rua...Eduardo se sentiu orgulhoso e lembrou- se mais uma vez dos Beatles. Chegou a pensar que devia comentar algo sobre o maravilhoso grupo com o inesperado novo “amigo”de rua, mas depois  achou que aquela não era hora. Despedem-se,  Eduardo dá mais umas voltas e retorna para o hotel para contar sua pioneira experiência nas terras da Grã-Bretanha. Maurício e Sílvio estão ainda meio adormecidos mas procuram prestar atenção nas novidades. Eduardo conta o que vira, suas primeiras impressões e também sobre as fotos, os detalhes, o preço. Maurício olha para Sílvio e vice-versa. Confirmam então com Eduardo se ele realmente tinha dado dinheiro para o fotógrafo.  Claro, ele iria ter de pagar a revelação, etc...Os dois amigos entreolham-se mais uma vez e começam a rir histericamente.  Eduardo então se dá conta que fora vítima do conto do vigário. Estava ao mesmo tempo envergonhado e magoado com os amigos que não paravam de rir da ingenuidade.Eduardo  estava sentido. Como ele iria saber que uma coisa daquelas poderia acontecer no Primeiro Mundo?  Nunca ninguém jamais imaginaria uma coisa dessas...a nãos ser pelos seus amigos, é claro...E  além disso, caramba, aquela era a terra dos Beatles! Eduardo mais tarde entendeu como fora ingênuo mas  nunca aceitou que pudessem fazer uma malandragem dessas naquele mesmo lugar onde seus ídolos cantavam e faziam aquelas composições maravilhosas...Que absurdo, fazer aquilo na terra dos Beatles!
Ah, sim, só para esclarecimento...as fotos nunca chegaram, mas pode ter sido o correio, é claro.

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Monday, December 5, 2011

O Novo Emprego de Marcelo








O Novo Emprego de Marcelo

Marcelo era um bom garoto e vivia nos EUA desde quando tinha apenas 8 anos. Assim sendo, sabia pouca coisa do Brasil. Estudou aqui e agora estava com 17 anos, todo adaptado à cultura americana, aos costumes e tudo mais. Era época de férias e ele, como seus colegas, arrumou um “bico” para arrecadar algum dinheiro porque a vida por aqui também não é nada fácil, todo mundo precisa se virar. Por coincidência ficou sabendo que uma loja de calçados precisava de alguém que falasse português, além do inglês, para ajudar com uma boa quantidade de turistas brasileiros que há algum tempo começou a visitar o estabelecimento. Lá foi ele, pequena entrevista, foi contratado na hora. Era exatamente o que precisavam.
Primeiro dia, todo arrumado, recebe algumas instruções e começa firme no trabalho. Alguns clientes americanos aparecem , ele atende, tudo sai muito bem. Quase no final do dia, uma turma de adolescentes brasileiras “invade a loja” e, obviamente é encaminhada para ele, o garoto brasileiro, e que portanto fala português.  As garotas bem informadas sabem dos lançamentos e dos novos modelos melhor que ele. “Acho que ficam o dia inteiro na internet vendo sapatos”, pensou ele. Uma garota loirinha que parecia mais americana do que brasileira, escolhe um modelo, senta-se, estende um dos sapatos para Marcelo. Ele olha para o mesmo e se pergunta se ela quer uma sacola plástica ou talvez saber o preço. Marcelo então percebe que a menina está com o pé descalço levantado. “O que será que ela quer?”, pensa consigo. Daí se lembra vagamente de ter ido com seu pai a uma loja no Brasil e ver o vendedor experimentar o sapato no pé do “freguês”.  “Será que é isso, será que ela quer que eu experimente o sapato no pé dela?” Marcelo olhou para ela, olhou onde estava o seu gerente. 
Pelo que sabia, aqui não tinha nada desta história de ficar colocando calçado no pé da cliente. Nunca tinha visto isto, ele sempre fazia tudo sozinho. Pensou, pensou e viu a carinha de “boss” da garota. Não teve dúvida e lascou:  “Pode ir tirando esse pezinho daí, que aqui não tem nada disso não.”  A garota se assustou um pouco com o tom de voz do vendedor.
Marcelo nunca mais tinha ido para o Brasil, e talvez por isso mesmo,  estava sentindo ali o primeiro “choque cultural” de sua vida...

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Sunday, December 4, 2011

V838 Monocerotis

Imagem do eco de luz da estrela V838 Monocerotis, de seis anos-luz de diâmetro. Desde 2002, a estrela é considerada a mais brilhante da Via Láctea


UOL Notícias


V838 Monocerotis    


Como é possível?
Como é possível olharmos para o infinito do Universo e
ainda sermos tão pequenos?
Pequenos em nossas atitudes, em nossa coragem...
Pequenos na nossa benevolência
Em nossa compaixão
Em nossa capacidade de amar?
Olhe para a beleza desta estrela...
Para sua grandeza...  Seis anos–luz... de diâmetro!
V838 Monocerotis
E ela é apenas um grão de areia no meio do céu!
Como podemos, nós humanos, ferirmos uns aos outros,
Fazermos guerra,
Matar
Poluir o planeta, devastar as florestas, exterminar espécies?
Como podemos ter pequenas rixas no dia a dia?
V838 Monocerotis...
Talvez porque não consigamos ver você a olho nu...
Talvez porque você seja inatingível...
Talvez porque, preocupados com as pequenas coisas do cotidiano,
Nem saibamos que você exista...
Devíamos olhar mais para o céu e...
Comparar nossos atos, como humanos, com esta estonteante beleza!
V838, pena que você esteja tão longe para nos inspirar!
Que inveja dos astrônomos que podem ver coisas assim,
todos os dias... 

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Saturday, December 3, 2011

O DNA de Jack Brown

O DNA de Jack Brown

Jack Brown é um bom sujeito mas nunca gostou de trabalhar. Muito simpático, falante, inteligente, encanta a todos com sua conversa fácil e amiga. Às vezes ele para e decide que não tem mais jeito. “Preciso começar já!”, ele pensa. As coisas estão muito difíceis. No dia seguinte não começa, nem no outro, nem no outro. Então lava um carro ou dois, ganha uns trocados, compra o que precisa. Não tem compromissos, nem aluguel, nem prestações. Dorme aqui ou acolá, no mato,  às vezes fica uma semana na casa de um amigo. Então, de novo, as coisas apertam muito, ele anota uns endereços, faz uma programação de visitas  a possíveis locais de trabalho e fica pronto para o dia seguinte. Amanhã, no entanto, é outro dia, outras coisas vêm a  sua mente, algo muda seu destino e Jack fica por ali mesmo. Ele não é propriamente um preguiçoso, embora esta hipótese passa o tempo todo pela minha cabeça. Este bloqueio mental contra um emprego é  uma característica intrínseca de sua personalidade. Seria preguiça se ele pudesse optar, mas ele não pode. Já está programado em seu cérebro, simplesmente é alguma coisa muito interior, não depende de sua vontade. Eu sei, algumas pessoas não vão acreditar nisto e ainda vão achar que ele é um tremendo de um vagabundo. Se você conversar com ele, no entanto, tenho certeza de que vai mudar de ideia, mesmo porque Jack tem uma conversa e tanto e sabe contar histórias. Muitas histórias. Acho ainda que a coisa toda é muito mais profunda. Se fizermos um mapa genético desta alma errante – alma não tem DNA, tem? – vamos descobrir algo extraordinário.
 Acho que em seus gens estão gravadas instruções claríssimas contra empregos. O que o pobre do Jack pode fazer contra isto? É uma luta injusta, toda essa codificação genética tramando contra o impulso para o trabalho. É a única explicação. Tenho certeza de que um dia quando a ciência estiver muito mais avançada e conseguirmos adentrar mais profundamente nas sub-subpartículas (eu sei que a palavra não existe, mas poderia) vai haver uma explicação científica , para este fenômeno e Jack, finalmente, vai ser redimido!

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