Saturday, December 30, 2017

Loucuras



Loucuras

Há os loucos oficiais.  Eles estão nos hospitais psiquiátricos sendo tratados ou não. Alguns ficam em casa sob fortes remédios, quase mortos para a sociedade. Esquizofrenia, neurose, psicose, demência e outras mais podem atacar  o ser humano. Em alta escala, em escala menor, é sempre triste. Mais triste é a maneira como as pessoas olham para eles: com preconceito. São doenças como as outras, só que são no cérebro. As pessoas que as amam, tentam, desesperadamente, achar aquele pequeno detalhe, perdido no rosto, num gesto, que mostre uma pequena luz, um pequeno contato, por minúsculo que seja, com a realidade. A verdade, porém, dura e dolorosa, é que elas parecem mortas para nós, parece que já se foram.
Vamos deixar esse assunto triste de lado e dizer que, felizmente ou não, há outros tipos de loucura. Há os loucos por comida.  Difícil fazer o balanço entre o prazer de um bom prato e as consequências imediatas e a longo prazo. Há os loucos por dinheiro. Perigoso, perigoso.  Há porém, os loucos de amor. Esses sempre são bons. Claro, desde que não sejam loucos pelo amor de outros que já tenham um outro amor. Há ainda, outros tipos de loucos. Uns são inofensivos, outros são indiferentes, outros ainda são muito perigosos para si mesmos e para os outros.
Os mais perigosos de todos, porém, são os loucos pelo poder. Mantenha distância deles, não tenha contato, avise seus amigos. Eles não têm limites, não respeitam as regras, não levam em consideração nada ou ninguém.
Vale a pena repetir.  Fique longe dos loucos pelo poder. Eles são, de longe, os mais perigosos de todos os loucos.


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Wednesday, December 27, 2017

Sobre o Amor e outras coisas



Sobre o  Amor e outras coisas
Poetas, seresteiros, namorados, correi 
É chegada a hora de escrever e cantar 

Talvez as derradeiras noites de luar 
(Lunik 9, Gilberto Gil)

O amor e outros sentimentos sempre foram objeto do estudo humano. Muito antigamente eram coisas simbolizadas por deuses e havia um deles para cada sentimento.  Palavras como “Eros” e “Vênus”, relacionadas com a mais importantes emoções humanas ainda estão por aqui para provar sua característica eterna. A palavra “venérea” (de Vênus), por ironia, deboche ou zombaria por parte da língua, acabou vindo junto no vocabulário. Não importa, tudo na vida tem uma dupla face. O tempo passou e vieram os tempos pré-modernos e os estudiosos começaram a analisar os sentimentos como mais humanos do que divinos até se chegar à época da psicologia e psicanálise modernas. Essas disciplinas tiraram um pouco da graça do assunto de tanto que explicaram como tudo funciona em nossa cabeça. O amor até foi chamado por outros nomes para ser melhor explicado. Não sou especialista no assunto, mas sei que o nobre amor foi dissecado, repartido, exibido numa relação de causa-efeito, tudo dentro de uma rede de determinismo, fatalismo e muitos outros “ismos”. A gente se conforma com isso e na hora de amar nem pensa nessas explicações todas, pois, convenhamos, perde a graça. Quem quer dar um beijo na amada, pensando em Freud, por mais que “ele explique”.  Já tínhamos nos conformado com esse “amor desnudo” – não é isso que quero dizer, se for isso o que você está pensando – quando mais recentemente, vieram com mais uma. A medicina moderna acabou se metendo na história e começou a também explicar o amor. Para ela o funcionamento pode ser analisado e definido através de um conjunto de neurônios com cargas elétricas, química do cérebro, sei lá mais o quê... Logo, logo, vão vir com uma fórmula matemática. E vocês jovens apaixonados ou que estão para se apaixonar, não se empolguem. Não é nenhuma fórmula para conseguir a paixão de outra pessoa. É fórmula mesmo, números, parênteses e colchetes e tudo que se usa nesse tipo de coisas. Não seria melhor se fosse tudo apenas uma equação, sem solução? Graças a Deus os poetas não acreditam nessas bobagens da ciência e dão, como Vinicius, sua própria definição: “Para viver um grande amor perfeito... É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.” Ou ainda do mesmo querido poeta: “Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure...” Podemos ainda cantar com Maria Bethânia : “Eu não vou negar que sou louco por você, estou maluco pra lhe ver, Eu não vou negar...”
Quanto ao ódio, concordo. Que façam uma análise detalhada, refinada, definitiva e científica. Que achem uma cura pois é uma doença. Quem façam um mapa genético e retirem do nosso DNA. Que façam uma cirurgia e tirem de nosso cérebro. Que façam psicanálise, e se necessário, uma “simpatia”, e tirem de nosso coração. Que aqueles que têm fé, orem e rezem bastante e definitivamente o apaguem nossas almas.

Infelizmente não podemos ter dois pesos e duas medidas e o rancor vai ser estudado junto com o amor pelos cientistas. Para consolo, no entanto, ouvi dizer que o ódio envelhece e o amor não. Sim, tenho certeza de que não envelhece e não é só isso: às vezes, depois de muito tempo, ele ainda rejuvenesce um pouco. Por isso, digo: “nada mais gostoso do que um amor antigo...”

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O texto acima não faz parte do livro abaixo

Essa vida da gente

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Saturday, December 23, 2017

Estou aprendendo



Estou aprendendo

Todos os dias, aprendo.
Aprendo a viver,
aprendo como se deve morrer,
aprendo a envelhecer.
Aprendo a amar quem,
um dia, odiei.
Aprendo a entender
o que nunca entendi.
Aprendo a entender sons
que não se ouvem
e silêncios que falam.
Aprendo o ver o preto e branco nas cores.
Aprendo a ver a cor
que se esconde no branco e no preto.
Aprendo o que não se deve aprender
e o que se deve também...
Aprendo a falar línguas
que não se falam.
Aprendo que há coisas,
que nunca vou aprender.
Aprendo que devo acreditar
no que é impossível de se acreditar.
A duvidar do óbvio.
Aprendo que é impossível
viver sem amar.
A cada minuto, aprendo.
Aprendo a separar o essencial do circunstancial,
e a incluir o imprescindível no supérfluo.
E, finalmente, aprendo
a entender meu próprio ser,
todos os dias, um pouco mais.

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Friday, December 22, 2017

As lágrimas nossas de cada dia.


As lágrimas nossas de cada dia.


Lágrimas, muitas lágrimas. Desde que nascemos, elas lá estão, grossas, pesadas. Continuam rolando pelas nossas faces, continuam rolando pelas nossas vidas. As lágrimas nossas de cada dia.
Começam abundantes  e depois vão, aos poucos, diminuindo. Não é a dor que diminui:  é nossa capacidade de chorar. As lágrimas vão secando junto com nossa existência. Vão perdendo sua força, aos poucos, até desaparecerem quase completamente em nossa velhice. Como se elas pudessem se esconder em nossas rugas. Talvez, com a idade,  tenhamos descoberto que não é para chorar.
Enfim, quando morremos, outros é que choram por nós. As nossas próprias lágrimas já se foram, já não valem mais. Descobrimos, finalmente,  que não vale a pena chorar. Que é inútil chorar.

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Wednesday, December 20, 2017

A parede de vidro



A parede de vidro

O Silas acordou assustado naquela manhã do verão de 1994. Nem ele sabia por quê. Logo notou que a Jaci não estava na cama, já havia se levantado. Reparou então que havia um bilhete pendurado no abajur. Lá dizia que tinha ido fazer compras, voltava em uma hora.
Silas foi até o banheiro e depois resolveu dar uma volta pela casa. Sentiu que estava meio abafado e então foi até a porta da frente. Abriu-a e teve uma grande surpresa. Uma espécie de parede de vidro fechava toda a entrada. Tinha cerca de 20 centímetros de grossura, mas era transparente e podia se ver tudo lá fora. Passados os primeiros segundos de espanto, ele correu para a janela e escancarou as cortinas. Mesma coisa. O mesmo tinha acontecido com todas as outras janelas.
Ele pensou então em pegar o telefone, mas notou que ele estava mudo e também que não havia eletricidade e água na torneira. Abriu a geladeira e percebeu que o gelo começava a derreter. Havia suco na jarra, entretanto. Tomou alguns goles e foi novamente para a porta da frente. Talvez aquilo tudo fosse uma ilusão e agora já tivesse passado. Sonho não era, ele sabia. Foi a primeira coisa que ele pensou. Além disso, lembrou-se muito bem de ter acordado e depois ter ido para a sala.
Nada havia mudado. Aquela muralha de vidro ou acrílico ainda estava lá, intransigente. Foi aí que notou o carro da Jaci estacionado na frente da casa. Logo a seguir, percebeu que ela estava andando em direção à porta. Ela ainda não havia notado a parede de vidro e com uma das mãos – a outra segurava uma sacola com compras – procurava a chave da porta. Começou a gritar para ela – não que ela fosse ouvir – em desespero. Quando ela estava bem perto, bem perto mesmo, viu dois vultos virem por trás dela e um deles tocou em seu ombro. Eles eram, na verdade, dois policiais, seguraram-na pelos braços, delicadamente, assim que ela se virou. Ela não resistiu e os acompanhou.
O desespero do Silas aumentou. Algo, lá dentro de sua cabeça, dizia que aquilo era permanente, definitivo. Tentou, por alguns segundos, relacionar o que estava acontecendo dentro de casa e o fato de levarem sua mulher embora. Sabia que, por mais que pensasse, não iria achar uma explicação. Estranhamente, o vidro estava se tornando opaco e mal se conseguia ver o lado de fora.
Apesar da situação, decidiu que devia sentar um pouco no sofá da sala. De repente, pareceu óbvio para ele. Precisava tomar um remédio. Era uma coisa boba, mas pensou que era bom que havia suco na geladeira, pois assim era mais fácil engolir. Ele já tinha tomado remédio antes por motivo semelhante. Um momento, será que isso já aconteceu uma vez? Não, certamente não. Ele estava tão assustado que estava se confundindo. Sabia que tinha que tomar uma bela dose. Um ou dois comprimidos não iriam resolver. Tomou vários. Não demorou muito e começou a ficar sonolento. Ao mesmo tempo, começou a adquirir a certeza de que o problema iria embora. O que ele não entendia direito era se o remédio fazia com que ele dormisse ou se o remédio de alguma forma fazia a parede de vidro desaparecer. Isso não pode ser. Será?
Foi acordando devagar. Luz branca de hospital lá no teto. Vozes. Está numa cama e não tem forças. Alguém lhe pergunta algo, mas ele não consegue responder.
Silas dormiu mais e mais. De repente, parecia estar sonhando. Começou a falar de uma parede de vidro. Gritava para que não levassem a Jaci embora.
Alguém lhe falou alguma coisa, tentando acalmá-lo. Ele, porém, não ouviu. Deram-lhe alguns comprimidos e, com jeito, fizeram que ele os engolisse com a água do copo. Ele foi se acalmando novamente. Parecia dormir, mais uma vez.
O Silas acordou assustado naquela manhã do verão de 1994. Nem ele sabia por quê. Logo notou que a Jaci não estava na cama, já havia se levantado. Reparou então que havia um bilhete pendurado no abajur. Lá dizia que tinha ido fazer compras, voltava em uma hora.

Silas foi até o banheiro e...

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Saturday, December 16, 2017

O voo final


O voo final

Fernando sentia-se bem confortável naquele voo da empresa aérea Elama Air Lines. Era o voo EA 777 com destino a Ziel City, com origem em Toivo City. Lá embaixo, podia ver pela janela grandes retângulos verdes de plantações. Um rio, aparentemente largo, fazia curvas sinuosas em total desrespeito à geometria da paisagem. Fernando conjeturou se havia algum ser humano andando por ali. Se houvesse, não poderia ser visto. Insignificância humana, pensou.
Havia poucas pessoas no avião. A maior parte estava lendo, alguns dormiam, um ou outro conversava. As atendentes passavam sorrindo, provavelmente felizes por não haver muita gente. Na cabeça do Fernando veio aquela ideia idiota de que elas poderiam ser substituídas por robôs. Talvez por causa da maneira mecânica que elas andavam e viravam a cabeça.
A monotonia da paisagem deixou Fernando sonolento e depois de uns 20 minutos, ele estava cochilando. Sonhou que era um pássaro, mas que tinha um pequeno motor na barriga. Sonhos não parecem ter lógica. Já os pesadelos muitas vezes fazem sentido.
Quando o pequeno engenho de seu corpo onírico parou de funcionar e ele começou a cair em linha vertical rumo ao solo, acordou. Olhou a sua volta para ver se tinha falado ou gritado e consequentemente chamado a atenção de alguém. Ninguém, porém, estava por perto. Foi então que notou que havia muito menos passageiros agora. Onde estariam? Estranho. Não poderia estar todo mundo no banheiro. Esfregou os olhos para ver se enxergava melhor. Para sua surpresa, assim que baixou as mãos, verificou, estupefato, que a aeronave estava completamente vazia. Levantou-se assustado e caminhou até a cabine dos pilotos. Como desconfiava, não havia ninguém no comando e a porta estava escancarada. Quando se virou novamente, não havia mais poltronas, estava tudo branco e o formato do que antes tinha sido um avião, era o de um círculo branco cheio de luz. Teria morrido? A luminosidade seria a celestial? Sonhando não estava, pois tinha acabado de acordar.
FIM
Tive de parar a história por aí. Para ser honesto, não sabia como terminá-la. Deixar assim mesmo e chamar o conto de “realismo fantástico”? Coitado do Fernando, e a sua situação? Deixar para a interpretação do leitor? Eu odeio fazer isso como tal. Deixar o Fernando decidir? Pobre, ele não teria condições na sua situação. Fazer o nosso personagem ouvir um barulho para então acordar e ver o seu psiquiatra falando alguma coisa. Não, não vou enlouquecer o Fernando!
Por enquanto não decidi, mas vou fazer algumas considerações rápidas, pois o Fernando está lá em cima, desesperado, sem saber o que fazer e eu não posso deixá-lo neste estado. Na verdade, vou fazer algumas perguntas, ao invés de dar respostas.
Não é a vida exatamente isso? Quando somos jovens, não somos cheios de planos, não sabemos tudo? Depois, na velhice, não vamos ficando confusos? E aquela luz? Talvez a mesma da vida eterna, se é que ela existe? Não é a existência um total enigma, como o do Fernando, que nunca vamos decifrar? Não é nossa caminhada cheia de surpresas, do inesperado?

Agora, já estou divagando... Se eu conseguir um final melhor, eu aviso. Prometo que não vai ser como o do seriado “Lost”...

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Thursday, December 14, 2017

Porque sim













Porque sim

Silvana era uma boa esposa. Nenhum defeito extra, nada que outras não tivessem também. Joaquim era um bom sujeito também. Para ser mais acurado, a Silvana tinha sim, algo um pouco diferente. Era um pouco exagerada, um pouco dramática. Tudo virava uma grande coisa, uma grande causa.  Tempestades em copo d’água eram sua especialidade, mas tormentas fazia sem copo e sem água também. Assim era a Silvana.
Um dia, sabe-se lá por quê, o Joaquim soltou uma bomba, quando chegou em casa. Disse, assim,  mais nem menos, que estava indo embora. Demorou um pouco para ela entender. Como assim? Embora, como? Joaquim foi curto e incisivo:
-Vou embora, quero divórcio. Não temos filhos, o pouco que temos, pode ficar para você.
E isso foi tudo, não explicou mais nada.
A Silvana soltou uma ladainha enorme de perguntas. Ela mesma dava as respostas e fazia novas perguntas:
-O que aconteceu? Alguma mulher? Isso mesmo, você conheceu alguma vagabunda por aí. Só pode ser isso.
O Joaquim continuava impassível. Parecia um marinheiro em alto mar, já acostumado com as tormentas. E a Silvana não parava. Ela não lhe agradava mais? Queria alguém mais jovem? Ela gastava muito? Coitada, tinha tanta coisa que ela queria e nunca teve. Isso não podia ser. Estava com problemas existenciais? Crise de meia idade? Só podia ser outra mulher. Ele não levava jeito de quem tivesse outra mulher, mas quem pode saber? Quem era, o que era? Alguma coisa com ela, com a sua Silvana? Alguma fofoca, alguma mentira?
E o Joaquim, sério e silencioso. Verdade é que, se ele quisesse responder, teria dificuldades, pois não havia intervalo para comercial, a Silvana não parava por mais de um segundo. E continuou, continuou, perguntando e respondendo ao mesmo tempo. Não se sabe se era o desespero, ou se ela tinha finalmente encontrado a tempestade perfeita.
O Joaquim sempre se perguntava, antes disso, o que a Silvana faria, se um dia houvesse realmente um problema, que drama ela criaria. Ali tinha ele a resposta.
Depois de mais uma série de perguntas, ela estava ficando finalmente cansada e desesperada e parecia realmente querer ouvir uma resposta. Terminou esta última sequência de perguntas com três dramáticos “por quês”.
-Por quê? Por quê? Por quê?
E parou. Olhou para o Joaquim e parou, aguardando uma resposta. Esse, depois de se certificar que ela havia parado e, efetivamente estava dando espaço para que ele pudesse responder, olhou bem para ela e falou:
-Porque sim.

Levantou-se, pegou suas coisas e partiu.oooOOOooo


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Tuesday, December 12, 2017

Roubando os versos teus

Roubando os versos teus





Tô com saudade de tu, meu desejo, tô com saudade do beijo e do mel, do teu olhar carinhoso, do teu abraço gostoso, de passear no teu céu... Não sei se saudade é uma coisa boa, pois disseram que ela  é o revés de um parto, a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu. Mas, chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza.
Esses poetas falam coisas tão tristes perto de coisas tão alegres, que às vezes a gente se confunde. E para não ficar assim, a gente precisa se orientar.  Por isso, se oriente, rapaz, pela constelação do Cruzeiro do Sul. Considere, rapaz, a possibilidade de ir pro Japão. Cuidado, porém, que eu sei de alguns meninos que nem se lembram que existe um Brejo da Cruz, que eram crianças e que comiam luz.  Não tenho coragem de falar com você, por isso meus olhos ficam sorrindo e pelas ruas vão apenas te seguindo, mas mesmo assim foges de mim. Covarde sei que me podem chamar, porque não calo no peito dessa dor. Atire a primeira pedra, ai, ai, ai, aquele que não sofreu por amor. E porque sofro e não quero mais sofrer, eu preciso de você, porque tudo que eu pensei, que pudesse desfrutar da vida, sem você, não sei!  Você pode, entretanto, negar. Diga que já não me quer, negue que me pertenceu, que eu mostro a boca molhada, ainda marcada pelo beijo seu. Beija eu! Então beba e receba meu corpo no seu, corpo eu, no meu corpo, deixa!
Estou cansado de roubar desses poetas todos. Deculpem-me, Nando, Jobim, Vinicius, Dominguinhos, Chico, Gilberto, João de Barro, Pixinguinha,  Ataulfo, Mário Lago,  Adelino e Arnaldo,  por roubar os versos teus.

Mas o que posso fazer? Essas canções, depois de tanto tempo, ainda continuam a martelar no meu cérebro. E tem tantas outras, que vão e vêm, suaves e fortes, maliciosas e amorosas, penetrantes, fazendo o que eu sou e desfazendo a monotonia dos dias meus...


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Essa vida da gente

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