Thursday, November 30, 2017

Hermeto Pascoal e o Paradoxo Brasileiro




Hermeto Pascoal e o Paradoxo Brasileiro

Estava dirigindo esta manhã, quando de repente o locutor do rádio falou com seu sotaque americano o nome de Hermeto Pascoal. Meu coração deu uma leve acelerada, só de ouvir o nome de um brasileiro. E daí foi só uma sequência de elogios. Falaram de como ele é um gênio da música. Aliás, ele é o próprio espírito dela. Falaram de sua criatividade, de sua universalidade. De como em maio deste ano ele ganhou o título de doutor honorário do New England Conservatory. Citaram a história da famosa resposta que Miles Davis deu quando lhe perguntaram que tipo de instrumento ele gostaria de tocar quando voltasse em uma reencarnação. Davis disse: “Eu gostaria de ser um músico como aquele “albino doido”, referindo-se carinhosamente ao Hermeto.
Enchi o peito e me lembrei de tantos outros brasileiros geniais em todos os setores: ciência, música, arte, etc. Pensei também como a maioria dos brasileiros é gente boa, gentil, simpática. Tantas almas gostosas, leves, amigas. Mas, logo a seguir, pensei nos inúmeros idiotas que vemos na vida pública todos os dias. O que falam, o que fazem.
Cheguei à conclusão óbvia. Isto é um paradoxo. Talvez seja universal, mas este é o nosso paradoxo, o Paradoxo Brasileiro.


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Wednesday, November 29, 2017

A jornada do Euclides



A jornada do Euclides

Um dia, logo cedo, deu um nó na cabeça do Euclides. Explicação lógica não havia. Uma dessas coisas que não se espera, não se deseja, mas que, às vezes, acontece. Colocou sua roupa mais bonita, com gravata e tudo mais, e saiu, não sem antes dar um lustro bacana nos sapatos. Olhou para os dois lados e escolheu a esquerda. Só para contrariar. Foi andando de cabeça erguida, acenando para todos, dos dois lados. Ele, que sempre tinha sido um homem sério, circunspecto. Alguns, que o conheciam, ficavam chocados. Outros assustados ou admirados. Quem não conhecia, achava que era um louco, usando aquelas vestimentas elegantes em plena periferia. As pessoas mais simples achavam “legal” e acenavam de volta. Tinham certeza de que algo especial estava acontecendo. Talvez fosse um dia de festa e não avisaram. Talvez tivessem prorrogado o Carnaval. Ele foi andando, andando. Nunca mais voltou para casa. Foi vivendo de favores, comendo aqui e ali, tomando banho quando era possível. As roupas foram apodrecendo e ele ganhou outras, bem mais simples, de pessoas caridosas. O sorriso, ele nunca perdia, embora o seu corpo, agora, mostrasse cansaço. Meses depois, já tinha passado por inúmeras cidades.
Um dia chegou a uma cidade que, ironicamente, se chamava Felicidade. Era tarde da noite e ele sentou-se num dos bancos da praça principal. Depois, lentamente, foi se deitando.
De manhã, um funcionário da prefeitura, que cuidava da limpeza do parque, achou seu corpo inerte. No rosto, um suave sorriso de alegria. Uma suspeita, paradoxal, indefinida e estranha alegria.
Euclides, finalmente descansou.

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Tuesday, November 28, 2017

Cabelos finos



Cabelos finos

É manhã de um dia qualquer e os dois continuam na cama. São aposentados, têm o dia todo para si. Todos os dias são iguais. A Cecília, semiacordada, passa a mão na cabeça do marido querido e segura seus cabelos por um instante. Depois, quase rindo, faz um comentário:
-Estão finos, querido. Dizem mesmo que com a velhice eles vão se afinando.
-É verdade, meu amor.
Os dois dão uma risadinha sem graça. Faz-se então um silêncio e ficam parados pensando na vida.
Alguns minutos mais tarde, o Mário comenta:
-Dizem também que, quando vamos envelhecendo, temos muito sono, dormimos muito mais. Como as criancinhas...
A Cecília já está dormindo novamente, mas, mesmo assim, ainda responde:
-É verdade, meu amor, é verdade...
E os dois continuam dormindo com uma suavidade sem fim.


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Wednesday, November 22, 2017

A Maria se foi



A Maria se foi

A Maria foi embora, assim, sem mais nem menos. Falou qualquer coisa de vida monótona, tomar novo rumo, essas coisas. Claro, não acreditei, não podia ser, era só uma ameaça. E não é que, naquela maldita terça, eu chego em casa e ela tinha ido embora? Gavetas vazias, a casa limpinha e um bilhetinho curto. Escreveu até que era para meu próprio bem e que queria que eu fosse feliz. Pode? Ser feliz como? Nos primeiros dias achei que ia voltar, mas não... Era para valer..
Já faz algum tempo e estou tentando entrar na rotina. O diabo é que volta e meia me acho fazendo coisas estranhas. Quando chegava em  casa, à noitinha, batia na porta. Sabe, ao invés de abrir e ir entrando? Só para ver a carinha dela atendendo, dando um sorriso e mandando entrar:
- Vai entrando, estranho, que meu marido ainda não chegou.
E daí, nós dois ríamos, era uma gostosura. E não é que, às vezes, eu me esqueço e ainda bato antes de entrar? E, pior que isso, ainda fico um tempão, esperando, com aquela cara de tonto. Daí entristeço porque ela não aparece. E não é que outro dia, fiz comida para nós dois e, para completar, pus dois pratos na mesa, com talheres e tudo? Existem outras coisas que faço, que tenho vergonha de contar.  Contei essas coisas para meu amigo Juvenal. Ele falou que isso passa. É a força do hábito. Não sei, não. Meu amigo, não sei se isso passa, não...



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Sunday, November 19, 2017

Todos os dias




Todos os dias

Todos os dias alguém mata uma pessoa inocente. Todos os dias alguém trai uma pessoa que diz amar. Todos os dias morre uma criança de fome. Todos os dias uma pessoa fica sabendo que tem uma doença incurável. Todos os dias alguém sofre um acidente fatal. Todos os dias muitas coisas horríveis acontecem.
Todos os dias o sol aparece de manhã, mesmo que você não consiga vê-lo. Todos os dias alguém faz uma declaração de amor. Todos os dias nasce uma criança saudável e que vai colorir o mundo. Todos os dias aparece um novo herói. Todos os dias alguém ajuda a outro que precisa.
Todos os dias acontecem fatos absolutamente desnecessários e vãos. Todos os dias, coisas absolutamente necessárias, também acontecem. Todos os dias o inesperado ocorre. O que todo mundo espera que aconteça, pois tem de acontecer, também acontece.
E o Universo vai equilibrando tudo, compensando o que tem de ser compensado.
Ainda bem, pois senão nossa vida aqui seria um aborrecimento sem fim ou uma imensa tragédia.

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Thursday, November 16, 2017

Esse nosso estranho mundo




Esse nosso estranho mundo

Passo a vista pela galeria de fotos do Estadão. Através delas, vejo as notícias do mundo. Modelos charmosas desfilam em Paris, cheias de luz na Cidade Luz. Corpos esguios passam pela passarela como pássaros exóticos de arrogante beleza. Antes que meus olhos se acostumem, noto uma triste e sombria figura de mulher. Segura nas mãos um bebê. Sobre sua dor e sua miséria, nem preciso ler. Estão estampadas em sua face. É uma mãe curda fugindo dos homens do terror. Há gente protestando na próxima imagem. Mas não é pelo destino da criança ou sua progenitora. São alemães protestando contra a importação de frango americano. De repente pareço ouvir um som espetacular. É a banda de Franz Ferdinand tocando em São Paulo. E isso contrasta, na próxima foto, com os olhos infantis de duas garotas palestinas. Caminham entre os escombros dos bombardeios, com preciosas garrafas de água na mão. Saberão um dia, que existem bandas que tocam músicas e moças graciosas que desfilam como plumas num salão? Talvez para eu não me desesperar, vem então uma imagem grandiosa. As luzes indescritíveis da aurora boreal acontecendo no Círculo Polar Ártico. Talvez para reger tudo, vejo o santo Papa olhando para um prosaico relógio de pulso. Não quer se atrasar para alguma coisa.
É esse nosso mundo, cheio de contrastes vibrantes, de luz e trevas, de sorrisos e lágrimas. É o mundo que temos. Um mundo estranho, muito estranho...

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Monday, November 13, 2017

Prelúdio para ninar gente grande



Prelúdio para  ninar gente grande
“No calor do teu carinho
Sou menino-passarinho
Com vontade de voar”
 
(Menino Passarinho-Luiz Vieira)

A gente é grande, já cresceu. Alguns de nós, mais do que crescidos,  estamos ficando velhos. Maduros. Aprendemos tantas coisas na vida, adquirimos tanta experiência que podemos dar conselhos. Sabemos como segurar o pranto. Sabemos esconder o sorriso indevido. Sabemos conter o entusiasmo, sabemos tantas coisas. Sabemos quando calar.
Conseguimos prever coisas que os jovens não conseguem. Conseguimos ver o mal oculto onde ninguém vê. Vemos o perigo na esquina, a maldade escondida no meio do que parece o bem. A armadilha perigosa no meio da atração maravilhosa.
Quase não precisamos de consolo. Aprendemos a segurar as lágrimas antes de elas rolarem pelas faces. Consolamos, não somos consolados.
Sabemos de segredos que ninguém sabe. Sabemos da paz, da calma, da harmonia, aprendemos com a vida.
Às vezes, porém, no final da noite, tal qual uma criança, para podermos dormir e não mais pensar,  ainda precisamos de uma canção de ninar.  Precisamos, como cantou o Luiz Vieira, de um prelúdio para ninar gente grande... Somos  simplesmente, um menino-passarinho, com vontade de voar...




LUIZ VIEIRA - PRELUDIO PARA NINAR GENTE GRANDE

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Saturday, November 11, 2017

Quando você pensa que já viu de tudo…

Quando você pensa que já viu de tudo…


Certamente todos já ouviram falar dos “serial killers”, cuja atividade é óbvia, como o própio nome indica. Existem também os “sexual predators”, outro tipo de escória humana. Os primeiros , embora apresentados com certo “glamour” nas telas do cinemas, são, na verdade, uma realidade até certo ponto comum e trágica no dia a dia da vida americana. Pois bem, apareceu um outro tipo de criminoso, que, embora não seja tão trágico, é bastante nojento e repugnante.

Várias mulheres da Universidade da Flórida, em Gainesville, apresentaram queixa contra um indivíduo, ainda não identificado, que anda molestando as mulheres de uma outra maneira. As pobres vítimas estão esperando o ônibus ou distraídas olhando seus celulares, quando sentem um líquido quente escorrer pelas suas pernas. Quando olham para trás, lá está o indivíduo. Acabou de urinar em sua vítima. A gente escreve contos sobre coisas estranhas que acontecem ou podem acontecer mas, realmente, essa excede a nossa imaginação. O fato é que estão chamando o indivíduo de “serial urinator”. Pode uma coisa dessas? Ele vai acabar sendo preso,pois esse tipo de indivíduo é doente e vai continuar fazendo o que tem feito, até ser flagrado. Em algum momento ele vai parar na cadeia. Eu não sei qual vai ser a pena. Deixo, entretanto, para a imaginação dos leitores, alguns castigos que ele poderia receber na prisão...


A notícia

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Tuesday, November 7, 2017

Meus versos, meu reverso


Meus versos, meu reverso

Esta tua grande dúvida
é minha grande certeza,
teu passageiro momento
é minha eternidade,
o teu afável falar,
me faz ficar em silêncio.
Tudo que se refere a ti,
se multiplica em mim.
Por seres de mim o reverso,
é para ti que escrevo meus versos!



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Monday, November 6, 2017

Eufemismos à parte, vai todo mundo muito bem, obrigado




Eufemismos à parte, vai todo mundo muito bem, obrigado

Se você não cabulou a aula de Português da antiga oitava série, você estudou as figuras de linguagem. Será que ainda ensinam isso? A que eu mais gostava de ensinar era o “eufemismo”. Ela nos ajuda a dizer uma coisa muito desagradável de uma maneira agradável e não ofensiva. Os americanos, posso garantir, são bons nisso. Talvez seja uma questão de marketing. Por exemplo, se você vai a uma loja chamada Ross - os brasileiros adoram – poderá ver uns funcionários com uma jaqueta que tem atrás os dizeres “Loss Prevention”. Para os menos avisados, eles querem prevenir perdas, mas o que eles querem mesmo dizer é “prevenção contra gatunos de loja”, os seja os “shoplifters”. Por aqui também não se vendem carros usados: que coisa feia! Quem quer um carro usado? Vendem-se carros “que já tiveram um dono anteriormente”. Não é bem mais simpático? Preso? Não, ninguém vai para a cadeia, não senhor. Vai para uma “unidade correcional”. Ao invés de despedir alguém do emprego, você “deixa que ele vá...”. Quem falou em aborto? Foi apenas uma interrupção de gravidez. Existem também os eufemismos mais antigos, mais institucionais, como “limpeza étnica” ao invés de genocídio e “centro de reassentamento” ao invés de “campo de concentração”. Pornografia também não existe, é apenas “entretenimento para adultos”. Que tal “engenheiro sanitário” ao invés de “homem do lixo”?
Temos de reconhecer, eles são bons nisso.
O meu preferido, porém, vem diretamente do Reino Mágico, onde, como o próprio nome diz, só coisas mágicas acontecem. Você sabe o que é um “derramamento de proteínas” (protein spill)? É vômito! Ou você pensou que alguém, alguma vez, ousou vomitar na terra do Mickey Mouse? 

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