Tuesday, December 27, 2016

Sussurro

Sussurro



Estou sempre me apaixonando por palavras. Outro dia foi por “sussurro”. Tenho ou não razão? Ela é cheia de sons, de onomatopeias, de “esses”... Aliterações. Nem preciso pronunciá-la para sentir toda sua sensibilidade “sussurrando” nos meus ouvidos. Até suspiro. Aliás, acho até que ela é parente de “suspiro”, pelo menos foneticamente falando. Não sei se quando o sussurro, quero dizer, a palavra “sussurro”, foi criada, pensaram em todas essas considerações, em todas essas sensações. Se não pensaram, foi uma sensacional coincidência de sons.

Não sei se fica bem a gente ficar sentindo essas coisas por palavras que, afinal, não são pessoas. Não é só por seres vivos que devemos sentir afeição? Pensando bem, acho que essas danadinhas são mais vivas que muita gente. Causam emoção, comoção e até sensação.  Por isso, preciso sussurrar em seu ouvido, algo que descobri. Desconfio que “sussurro” tem coração e que,  até bate mais forte que o de muita gente que conheço...



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Saturday, December 24, 2016

As coisas de hoje em dia




As coisas de hoje em dia

O terrorista desalmado
O transeunte assustado
O idealista alienado
O jornal de um só lado
O presidente radicalizado
O politico depravado
O povo enganado
O racista descarado
O sermão alterado
O fiel logrado
O simples herdarão o reino dos céus?
Ou será que ele vai ter de ser comprado?

===(((()))===


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Thursday, December 22, 2016

Grito da alma



Grito da alma

Brincando dentro de mim,
com alegria sem fim,
há um menino travesso.
Lá também há, um velhinho,
rabugento, ao avesso,
que, insistente, não para,
maçante, de reclamar.
Também há um jovem ousado,
só querendo inventar.
Confusão, só confusão...
De repente me irrito,
nervoso, dou um grito!
Suplico: Basta! Chega!
Chega de palhaçada!
É minha alma falando...
Os três param, atentam,
surpresos, assustados.
Logo depois, porém,
dão as costas, desligados,
e continuam a brincar
reclamar e ousar...


===(((()))===


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Tuesday, December 20, 2016

Com o tempo, a memória começa a falhar


Com o tempo, a memória começa a falhar

A idade vem chegando e a memória vai indo embora pela outra porta. Não há o que fazer. Dizem que há exercícios para isso. Já tentei vários. O problema é que eu acabo me esquecendo de fazê-los. A explicação dos biólogos e neurólogos é que os neurônios, coitados, vão ficando cansados e acabam se esquecendo de fazer o que têm de fazer. A sinapse, que tem de dar aquele “pulinho” de um neurônio para outro, está quase se aposentando, e acaba caindo no meio do caminho. Melhor eu parar de falar bobagens científicas. Nunca fui bom nisso. Meu negócio é “humanas”, não que eu seja bom nisso, também. Arrisco um pouquinho, todo mundo precisa, de vez em quando, ousar.  Mas, voltando àquele assunto sobre o qual eu estava falando...

Do que é mesmo que eu estava falando?

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Saturday, December 17, 2016

A Internet das coisas


A Internet das coisas

Os computadores falam,
os celulares conversam,
os softwares pensam,
roubam, ágeis, os hackers,
vence a tecnologia,
ninguém precisa mais de nós.
Os carros andam sozinhos,
os robôs fazem de tudo.
Tudo está automatizado,
nós viramos autômatos.
E nós, onde estamos nós?
Do lado de fora das máquinas,
tentando amá-las, servis...
Nós não podemos mais,
elas é que são, que podem.
Nós não somos mais nós,
não somos mais nada.
Não é mais a Internet da gente,
é a Internet das coisas.

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Monday, December 12, 2016

Flor selvagem




Flor selvagem



A flor selvagem é de um amarelo forte com uns tons de vermelho. Distingue-se no meio das folhas verdes. Um raio de sol, esguio, escapa por entre as as copas das árvores e atinge em cheio suas pétalas. O amarelho brilha e o vermelho, forte, quase escorre por suas entranhas. Uma beleza agressiva no meio da paz da pequena floresta. Perto, um pássaro de peito igualmente fulvo vem pairando e pousa num galho próximo. Talvez tenha sido atraído pela beleza da flor. Talvez, por uns segundos,  tenha pensado que fosse um dos seus. Vistos de baixo, os dois se confundem, dois pontos coloridos agredindo o verde escuro.
Não muito longe dali, já na cidade, um rapaz sai para trabalhar. É madrugada, caminha rápido pelas ruas para não se atrasar. Como a ave, tem amarelo em seu peito: a camisa nova que a namorada lhe deu de presente. De repente, alguém surge à sua frente, quer sua carteira e seu relógio. Não pode, precisa daquele dinheiro, não quer perder a hora também. Ouve-se o tiro.
Uma mancha rubra aparece no louro do tecido. Bem no peito. Como no flor. Por trás do edifício, um traço de luz surge e ilumina a cena cruel. Só o pássaro não vem. Mas, como na floresta, visto do alto, é apenas um ponto colorido no meio do chão escuro.




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Saturday, December 10, 2016

O jugo das conjugações


O jugo das conjugações



A vida é bem  parecida com uma conjugação verbal. Todos sabemos que o Pretérito Perfeito indica alguma ação que já está completamente terminada, resolvida, definida.  Parece, entretanto, que nada é perfeito, e tudo que fizemos – principalmente de errado – continua a atormentar nossas vidas. Já o Pretérito Imperfeito é mais adequado. Segundo a gramática, descreve fatos passados não concluídos, por isso mesmo, imperfeitos. Não é assim que acontece? Sempre existe na vida da gente algo que ainda precisa ser resolvido. Já o tempo presente é o mais enganoso de todos. A gente fica esperando e, quando percebe, já aconteceu. E isso é um contínuo presente. Além disso, não é nada do que a gente esperava. Por isso temos de botar a esperança no Futuro do Presente. Esperando que nossas esperanças se realizem, de preferência num futuro próximo. Mas que nada, é só desilusão. Este tempo verbal acaba virando Futuro do Pretérito: poderia, ganharia, venceria, etc... Acho que é por isso que, antigamente, ele se chamava “condicional”, pois sempre há uma “condição”, geralmente impossível, para que ele aconteça. Não é fácil. E tudo isso que descrevi ainda é no modo indicativo, que, supostamente, deveria ser mais real, mais preciso. Como se não bastasse, ainda existe o modo subjuntivo. As frases desse tipo, indecisas, marotas, começam sempre com “talvez”, “se”, “quando”, “mesmo que” e vai por aí afora. Se eu ganhasse na loteria, mesmo que eu arrume um bom emprego, talvez ela diga “sim”... Talvez, talvez... Aparentemente, por todo o infinitivo, quero dizer “infinito”, temos de viver sob o jugo das conjugações. E tanto faz se o Infinitivo é Pessoal ou Impessoal... Eu ainda ia falar sobre os verbos irregulares, mas daí pensei: é demais! Você não acha?

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Friday, December 9, 2016

Vida via Internet...

Vida via Internet...




Não faz tanto tempo assim, assisti a um filme de ficção que era muito ruim. Acho que tinha visto tantos que não havia muita opção sobrando. Fiz questão até de esquecer o nome, tão desqualificado era o enredo. Era uma história de enviar um vírus por computador para outras pessoas. Mas era vírus mesmo, causava doença biológica nos indivíduos. No entanto, um livro recente do autor Craig Venter -  o pioneiro do mapeamento do genoma humano – me fez lembrar dele.
Como todos sabem, o nome de Venter está totalmente ligado ao conceito de vida artificial, vida sintética. Ele lançou há pouco um livro chamado “Life at the Speed of Light: From the Double Helix to the Dawn of Digital Life",  ou seja, “Vida  na velocidade da luz: da...”. Basicamente ele afirma que toda a informação, os dados, de um ser vivo, podem ser convertidos em informação digital. Teoricamente, o conjunto completo necessário para replicar um vírus poderia também ser enviado via Internet de um lugar para outro e depois ser novamente “recriado” no ponto de chegada. Seria uma espécie de teletransporte de “vida”. Mas não pensem que ele fala disso como uma coisa distante, ele fala disso como uma coisa atual, que está começando a acontecer, pelo menos em seus primeiros passos.
E eu que pensei que o filme era idiota. Imagine só, transmitir vida através da Internet! Como diz meu amigo Nino Belvicino, a ficção sempre tentando passar a perna na realidade...




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Tuesday, December 6, 2016

A flor e o cientista (a rosa atômica)


A flor e o cientista  (a rosa atômica)

Olhei para uma flor:
linda, caprichosa,
pétalas graciosas,
perfeição sem igual.
Vermelha, viçosa
de beleza sem par.
Uma simetria singular,
uma beleza selvagem,
uma perfeição criativa.
Alguém, porém, me disse,
que, dentro dela, nada
mais há do que átomos.
Partículas vibrando,
matéria e antimatéria,
nêutrons e elétrons,
num doido carrossel.
Já que agora a linda flor,
é uma coisa da ciência,
quem sabe um cientista,
em seu laboratório,
não possa me fazer
uma rosa futurista,
só para me entreter?


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Sunday, December 4, 2016

Os pecados da cidade


Os pecados da cidade


A cidade é muito grande, há muitos pecados. Há pecados grandes e há pecados pequenos. Pecados há que se esquecem de pronto e outros que nunca, jamais, vão ser esquecidos. Há pecados novos e outros que que se pecam há muito tempo. Há o pecado original e os derivados. Há pecados de todos os tipos, pecado é o que não falta. Peca-se o tempo todo, com toda força, a todo vapor. Há pecados seculares, católicos, protestantes,  e pecados de outros cultos também. Pecados de ateus, que nem sabem que pecar é pecar.
Peca-se muito na cidade. Só as crianças não pecam, porque não sabem pecar.
Os pecados vão sumindo com o tempo. Quase todos. Muitos esquecem-se deles e outros são esquecidos.
Só os pecados contra as crianças não são esquecidos. Não se pode esquecer.
“...melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar...”
Melhor mesmo. Talvez seja blasfêmia, mas nem sei se o próprio Deus perdoa os pecados contra as crianças...



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