Monday, December 5, 2011

O Novo Emprego de Marcelo








O Novo Emprego de Marcelo

Marcelo era um bom garoto e vivia nos EUA desde quando tinha apenas 8 anos. Assim sendo, sabia pouca coisa do Brasil. Estudou aqui e agora estava com 17 anos, todo adaptado à cultura americana, aos costumes e tudo mais. Era época de férias e ele, como seus colegas, arrumou um “bico” para arrecadar algum dinheiro porque a vida por aqui também não é nada fácil, todo mundo precisa se virar. Por coincidência ficou sabendo que uma loja de calçados precisava de alguém que falasse português, além do inglês, para ajudar com uma boa quantidade de turistas brasileiros que há algum tempo começou a visitar o estabelecimento. Lá foi ele, pequena entrevista, foi contratado na hora. Era exatamente o que precisavam.
Primeiro dia, todo arrumado, recebe algumas instruções e começa firme no trabalho. Alguns clientes americanos aparecem , ele atende, tudo sai muito bem. Quase no final do dia, uma turma de adolescentes brasileiras “invade a loja” e, obviamente é encaminhada para ele, o garoto brasileiro, e que portanto fala português.  As garotas bem informadas sabem dos lançamentos e dos novos modelos melhor que ele. “Acho que ficam o dia inteiro na internet vendo sapatos”, pensou ele. Uma garota loirinha que parecia mais americana do que brasileira, escolhe um modelo, senta-se, estende um dos sapatos para Marcelo. Ele olha para o mesmo e se pergunta se ela quer uma sacola plástica ou talvez saber o preço. Marcelo então percebe que a menina está com o pé descalço levantado. “O que será que ela quer?”, pensa consigo. Daí se lembra vagamente de ter ido com seu pai a uma loja no Brasil e ver o vendedor experimentar o sapato no pé do “freguês”.  “Será que é isso, será que ela quer que eu experimente o sapato no pé dela?” Marcelo olhou para ela, olhou onde estava o seu gerente. 
Pelo que sabia, aqui não tinha nada desta história de ficar colocando calçado no pé da cliente. Nunca tinha visto isto, ele sempre fazia tudo sozinho. Pensou, pensou e viu a carinha de “boss” da garota. Não teve dúvida e lascou:  “Pode ir tirando esse pezinho daí, que aqui não tem nada disso não.”  A garota se assustou um pouco com o tom de voz do vendedor.
Marcelo nunca mais tinha ido para o Brasil, e talvez por isso mesmo,  estava sentindo ali o primeiro “choque cultural” de sua vida...

<><><><><><><><><><><><><>
<<<<<<<<<<<<<<<<<>>>>>>>>>>>>>>>>



No comments:

Post a Comment