A macabra história dos mortos pelo COVID19 em Nova
Iorque
“Fazemos
isso pelos vivos!”
Você já deve ter visto um funeral americano num dos
filmes a que você assistiu. Esqueça essa cena, por um momento, e saiba o que
realmente está acontecendo. Em NY, seres humanos estão morrendo às centenas e
alguém precisa fazer a busca e resgate dos corpos. Há pessoas que morrem nas
vielas, sem socorro. Há outros que morrem em casas de repouso, em hospitais. E a
situação mais triste e penosa é quando as pessoas morrem sozinhas, em suas
casas, em seus apartamentos.
Às vezes passam dias ou até semanas até que algum
vizinho sinta o mau cheiro por causa da decomposição. As pessoas não saem de suas
residências por causa da quarentena numa cidade onde normalmente não se sabe
quem é o vizinho. O pessoal de resgate tem que fazer o difícil trabalho de
tirar o corpo em decomposição e, às vezes, levá-lo pelas escadas até o térreo.
É muito comum vizinhos espiarem horrorizados de suas janelas o triste
espetáculo. São colocados em plásticos pretos e levados para um grande terminal
perto da Estátua da Liberdade. Há três grandes instalações, cada uma do tamanho de um
campo de futebol americano onde os corpos são colocados em carros frigoríficos.
Esses foram modificados para poderem abrigar mais “unidades”: construíram mais prateleiras
de madeira em cada um.
Vem agora a parte mais macabra. Depois de identificados
- nem todos são – algum parente é chamado. O mais “paradoxalmente” felizes são
os que têm família que contrata um agente funeral. Esses, vão passando pelos
trailers refrigerados para apanhar seus “clientes” que não poderão ser vistos
pela família. Vão em fila, em horas marcadas, “Leigos” não podem entrar no
lugar. Muita gente não tem dinheiro para o funeral e, junto com os não
identificados, vão para uma ilha, onde deverão ser enterrados por presos.
Mesmo quando você tem capacidade de enfrentar financeiramente
a situação, ainda assim há dificuldades homéricas. As casas funerárias não têm
capacidade para receber mais corpos. Não atendem mais telefone e até fecham a
entrada principal, não tem mais espaço para manter os defuntos em suas instalações.
Um caos.
Um oficial da cidade, Frank DePaolo, encarregado da
operação, quando perguntado como ele estava vendo e vivendo esse episódio
horrível, disse: Nós não estamos fazendo isso pelos mortos, estamos fazendo
isso pelos vivos. (“We don’t do this work for
the dead, we do it for the living.”)
Estamos falando de Nova Iorque, uma das cidades mais
ricas do mundo. Fico imaginando se nossa cidade, São Paulo, tiver de enfrentar
algo assim.
O artigo “We do it for the living!” está no link
abaixo para quem quer ver o original em Inglês.
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