Joana acordou
disposta. Tomou um café gostoso, pãozinho com manteiga e tudo mais, e saiu pela
rua. A vida estava alegre, até sorria. Foi desfilando, jogando sua graça de um
lado para o outro, sem ligar para quem olhava ou deixava de olhar.
Passou, então,
por uma casa de janelas abertas, e de lá vinha um som. Um som de disco de
vinil, ela sabia. Uma música gostosa, cheia de balanço, cheia de graça e que
dava vontade dançar. E dançar, ela dançou. A música, imagina de quem era, era
do Chico. Do Chico, de quem ela tanto gostava. E mais, o seu nome, Joana,
aparecia nela...
“No compasso do samba
Eu disfarço o cansaço
Joana debaixo do braço...
Carregadinha de amor
Vou que vou…”
Mesmo sabendo que aquela Joana não era ela, dançava, dançava, jogando as
cadeiras para lá e para cá. Como era bom dançar, que gostoso que era. E ela foi
indo, foi indo. Já estava bem longe da casa, mas a música ela continuava ouvir,
como se fosse ali, bem ali, a seu lado. E a Joana foi sumindo, sumindo...
Ninguém mais via a Joana, ninguém mais sabia
onde ela estava. Essa Joana...
A última notícia
que dela se ouviu é que ela estava em Alfa Centauro, dançando ao som do “Bom
Tempo”. A mesma canção, vá se entender
essa Joana. Ali, naquele ponto distante, pomposo, do Universo, era mais coisa de uma valsa de Strauss ou até
um concerto para piano e orquestra de Tchaikovsky. Vá se entender essa menina!
Ela gostava muito da música, ah, sim, ela gostava e lá foi ela, mexendo seu
corpinho pelo resto do Universo. Ouvi dizer que passou pela Andrômeda e até pela
Nuvem de Magalhães, eu sei lá!
Essa Joana, quem
diria! Como gosta de dançar essa menina!
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