Thursday, November 17, 2011

Frank Duran e o escritório de advocacia

Frank Duran e o escritório de advocacia

Minha próxima corrida era recolher o Sr Frank Duran num escritório de advocacia em Lakeland, Florida. Muito cedo, 8 horas da manhã, que diabos ele estaria fazendo lá?  Que raios de escritório de advocacia  começa a trabalhar a esta hora? Eu não tenho nada a ver com isto, minha obrigação é levá-lo do ponto A para o ponto B, sendo o ponto A o tal do escritório. O ponto B era um laboratório em Orlando que, como você sabe, é a terra e também a casa de Mickey Mouse, que, por sinal, nada tem a ver com esta história. 
O Sr. Duran me explica que não fora visitar o advogado, embora ele o conhecesse e tomasse conta do seu caso. Ali também não era sua casa, apenas ali marcara por ser mais perto para todo mundo. Pensei comigo, preferia que fosse mais longe pois receberia mais pela corrida. Enfim o Sr. Duran continua a conversa contando sua história, ou seja, uma longa batalha judicial sobre um  problema médico que tivera. O governo, ou a companhia de seguro, dizia que o que ele tinha tido não era um acidente de trabalho, era na verdade um “acidente da vida”, ou seja era uma doença que ele teria trabalhando ou não. Explica os detalhes jurídicos e eu me perco completamente na explicação. Está indo para o laboratório justamente para fazer mais um teste, que, com certeza, iria  dar ainda mais consistência para  seu caso na justiça. Estava já torcendo por ele. Demorou-se um pouco mais do que o normal pois o laboratório estava lotado, mas finalmente estávamos voltando para o escritório de advocacia em Lakeland, ou melhor, para o estacionamento do mesmo. Chegamos e o Senhor Duran desce. Pergunto apenas por perguntar se sua casa está perto, se vai ter de dirigir muito. “Não, senhor, não vai demorar, não. Na verdade,  já cheguei.” Olho para ele com olhar de quem não entendeu e então ele me mostra uma velha van vermelha. Pela janela podem se vistos cabides com roupas penduradas. Ele era um “homeless”. Era uma daquelas pessoas que “moram” no carro. Sem querer brincar  com a desgraça, tenho de declarar que , tecnicamente ele não era sem-teto, pois teto ele tinha, embora fosse muito baixo.
Frank não estava nem envergonhado nem constrangido. Eu estava constrangido por ele. Mister  Frank Duran era o segundo sem-teto que eu conhecia pessoalmente em apenas uma semana. Pela segunda vez meu coração se encheu de tristeza. Uma terra tão grande, tão bonita, tão cheia de riquezas e, em pouco tempo, eu já conhecera dois sem-teto...América, América...



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