Ele era um sujeito quase normal. Quase, porque de vez em quando ficava meio soturno, meio triste, meio distante. O pessoal do trabalho já sabia: nesses dias, nada de falar com ele. Em casa, tudo normal também. Esposa, filhos. A única coisa um pouco diferente em relação a ele era sua paixão por armas. Gostava de vê-las, tocá-las, sentir seu peso e experimentá-las sempre que tinha uma chance. Não podia colecioná-las pois não ganhava tanto assim, e por isso, de vez em quando passava numa loja para curti-las. Se encontrasse alguém que “desse corda”, começava a explicar, dar lições como um verdadeiro expert. No entanto, economizou algum dinheiro e depois de certo tempo conseguiu comprar uma daquelas bem boas. Estava feliz. Todo dia a limpava, lustrava e a admirava.
Um dia ele acordou triste, decepcionado com a vida, quase em depressão. Mesmo assim, arrumou-se, tomou seu café da manhã e foi trabalhar. Lá chegando, abriu seu armário e guardou tudo, menos a mochila que trouxera de casa. Com ela dirigiu-se para sua mesa de trabalho. Naquele dia, entretanto, não se sentou. Calmamente abriu–a e dela retirou a sua preciosa arma. Antes que alguém percebesse ou reagisse, começou a atirar como um doido. Atirava freneticamente em tudo e todos que se mexiam. Até que nada mais se mexeu. Então parou, apontou a arma para sua cabeça e puxou o gatilho. Muitos mortos e feridos. Reportagens, gente chorando. Conhecidos descrevendo o assassino… Quem poderia imaginar, uma pessoa tão boa…
A essa altura preciso me desculpar e confessar que inventei essa história. Mas, faz alguma diferença? Ela já aconteceu tantas vezes- de verdade - nas últimas décadas que não faz diferença nenhuma. De todas as formas, com mais espetáculo, com mais requinte, com mais crueldade e até mais cor… por mais trágico que isso possa parecer. Um estudante, um trabalhador, um pai, um jovem. Como começou essa loucura? Quando apareceu essa tendência? De onde veio essa insanidade?
Eu só sei que é não é nada fácil para os escritores de ficção. Está ficando cada vez mais difícil competir com a realidade…
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À procura de Lucas
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