A noite paulistana já
está acontecendo. De seu apartamento, Júlia olha para os outros prédios. Algumas
janelas estão escuras, outras poucas
ainda têm a luz acesa. Pensa consigo, que tristeza! São pessoas que não
conseguem dormir. Solitárias,
machucadas, sangrando por dentro. Corações partidos, desilusões, desespero.
Deixam as lâmpadas ligadas porque temem os sonhos que não vão ter. De dia se
embriagam com o torpor do sol, a lua noturna não é capaz de lhes dar a paz.
Júlia sente uma pena enorme de todas essas almas. Não há como
confortá-las, não as conhece, elas também são estranhas a todos. São estranhas
a si mesmas. Na cidade grande são ainda mais sós, mais sem ninguém.
Enfim, chega aquela
parte da noite em que ela já é definitiva, já é a madrugada, berço da solidão total.
É aí que Júlia percebe que também ela é uma órfã da metrópole. Só, também chora
por dentro. É apenas mais uma janela
acesa na solidão da grande cidade...
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