A
gente e as máquinas e as máquinas sem a gente
No
princípio era só a gente e a natureza com seus animais. Fazíamos as coisas com
nossas próprias mãos. Muito tempo se passou e a gente descobriu que era mais
fácil fazer as coisas que fazíamos com ferramentas. E melhoramos muito as nossas
ferramentas através dos milênios. E passamos a depender delas. Sem ferramentas,
não dava mais. Daí, a gente achou que poderia colocar um monte de ferramentas
junto e fazer que elas trabalhassem em conjunto para a gente. A gente ficou
muito feliz com tal realização. Eram as
máquinas, o que a gente tinha acabado de inventar. E as máquinas começaram a
fazer coisas que a gente não conseguia mais fazer. Chegou-se a um ponto em que
elas começaram a fazer outras máquinas pequenas, que a gente tinha
idealizado. Depois, elas mesmas
começaram a idealizar as máquinas que seriam melhores para a gente. Agora, a
máquina faz quase tudo. Até pensa como a gente e também conversa. Sabe coisas
que nem a gente sabe mais. Elas até ajudam a gente a fazer mais gente. Dizem
que, logo, logo, elas vão fazer gente sem precisar da gente. Aí então, elas vão
perceber que não precisam da gente para mais nada. Vão parar de fazer a gente.
Vão ser só elas, as máquinas.
No
fim vai ser assim, um universo sem a gente, só com as máquinas. E não adianta a
gente reclamar. Elas vão fazer de conta que a gente não existe. E elas vão ter
razão.
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