O
assento da cadeira e o acento da palavra
O
assento, da cadeira, é claro, não tem acento, pois é uma palavra paroxítona
terminada em “o”. Cadeira, por outro lado, também não tem acento, embora tenha
assento, conforme explicado. Se uma firma comprar cem cadeiras, pode-se dizer que comprou um cento das ditas cujas. Assim,
com certeza, o dono vai poder dizer ”eu me sento numa das cadeiras que comprei”.
Assim, não confunda “cento” com “sento”. O acento pode ser grave, agudo, ou
circunflexo. Estamos falando do acento gráfico. Quase todas as palavras tem acento na pronúncia, ou seja, uma sílaba
mais forte, a tônica. A maior parte delas não tem acento gráfico, porém. E é
desse último que estamos falando aqui. Interessante, por outro lado, que a
própria palavra acento não tem acento gráfico, assim como não o tem, também, a
palavra assento. Mas isso eu já falei.
Ainda
há mais. Existe o verbo assentar, que significa “tomar assento”, “fazer sentar”.
Já o verbo “acentar” não existe. Manias da língua, não vejo por quê. Poderia
siginificar fazer uma coisa cem vezes, ou algo assim. Mas não adianta insistir,
pois a gramática já deixou assentado – entendido, registrado – que é desta
forma. Consequentemente, existe “assentado”,
como ficou assentado, e não “acentado”. Conclui-se, igualmente, que não existe “assentuado”,
embora exista “acentuado”. Na prática, existe. Porque há pessoas que insistem
em escrever errado.
Já
aprendemos que o acento pode ser agudo, grave, etc. Embora o assento possa ser também, entre
outras coisas, circunflexo, como o acento da gramática, embora não pensemos
nele assim, ele é usado em outras circunstâncias. Uma delas, é grave: quando um
piloto precisa usar um assento ejetável. Preciso acentuar (assentar, também, por
que não?) que isso pode ser grave ou agudo, dependendo de onde ele cair. Se o
paraquedas dele não funcionar, então, ele pode até ir até o “assento etéreo”, dependendo
das boas obras que fez. Mas isso já é um assunto completamente fora da minha
alçada. Do verbo alçar. Não confundir com o verbo assar. Que, por sinal, não
tem cedilha, pois não tem a letra “c” com
som de “esse”, quando faz sílaba com a, o, u. Cada coisa, acabei de me
lembrar, esse – a letra do alfabeto – e esse – pronome demontrativo - têm
pronúncias diferentes, mas nenhuma das duas têm acento. Mas, voltando à questão
da cedilha, ela própria não tem cedilha. Claro, embora tenha som de esse, vem seguida de "e". De qualquer jeito não há palavras iniciadas por "ç" na Língua Portuguesa. Sei lá, talvez devesse ter. Só por uma
questão de coerência mental, pois, coerência gramatical, jamais iria ter. Termino
aqui e isso fica assentado – como se escreve nos livros de cartório, às páginas
tais e tais – que acabo de escrever uma crônica e não uma aula de Português.
Foi apenas uma coincidência de assuntos (e não de assentos ou acentos).
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