Carta para a ex
Querida Teresa:
Hoje de manhã estava no carro ouvindo uma música
do Elvis e me lembrei de você, Teresa. Não que eu precise de alguém para me
lembrar de você. Penso em você o tempo inteiro. Eu sei que não deveria estar
escrevendo. Eu deveria prosseguir sem olhar para trás. O problema é que eu
nunca me conformei com a sua partida, você sabe. E olha que a Lúcia, com quem estou agora, é
uma mulher e tanto. Ela gosta mesmo de mim. Faz meus desejos, suspira, cuida.
Está sempre tentando me alegrar mesmo quando sabe que estou triste por causa de
você. Que mulher é capaz disso? Além disso, a Lúcia é suave e bonita. Tem um
sorriso... Sabe conversar, é culta e inteligente. Às vezes fico até
constrangido. Acho que não mereço uma mulher como ela. Ela sabe que eu tenho
uma ferida em meu coração – você – e aí ela tenta curar ao invés de ficar com
ciúmes. Que coisa, quantas mulheres assim podem existir no mundo? Então, como
eu estava dizendo, a música que o Elvis estava cantando hoje de manhã era “She’s
not you” e foi por isso que me lembrei de você, Teresa. Por falar nisso, tenho
um medo danado de falar “Teresa”quando estou falando com a Lúcia. Sabe, isso
machuca. Eu me lembrei de você, porque, por mais extraordinária que a Lúcia seja
– que mulher – sabe, Teresa, eu preciso confessar, ela é maravilhosa mas ela
não é você. “She’s not you”, como dizia o Elvis, você entendeu?
Elvis; She's not you
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Essa vida da gente
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