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Thursday, June 21, 2018

Fatos alternativos




Fatos alternativos

Desde aquele momento, em que li pela primeira vez sobre Físisca Quântica, me apaixonei por ela. Sempre que posso, leio e escrevo contos de ficção científica. Tenho que admitir, no entanto, que sou analfabeto em todos os seus aspectos. É o mesmo que amar uma mulher sem entendê-la. Não é tão incomum assim, certo?
Uma das teorias que mais me fascinam, dentro do assunto, são os universos paralelos, previstos pelos cientistas.. Parecidos com o nosso, neles, o meu “eu” vai aparecer com um nome talvez parecido, com outra profissão quiçá... Parece tão fantástico, mas os teóricos têm até fórmulas para explicá-los. Sei também que, na prática, nunca vai ser possível para nós existir num e ter conciência do outro.
Nos últimos anos os políticos conseguiram criar alguns, através das “fake news”. Nos EUA, Kellyanne Conway, uma assessora do Trump, justificou uma mentira, sem piscar, para um repórter da CNN, que o presidente tinha direito a “fatos alternativos”. Não é piada, ela realmente falou isso, muito séria. E as pessoas acreditam, as novas “verdades” passam a ser tratadas como fatos, enfim, eles conseguiram criar os Universos Paralelos.
O problema é que, ao contrário dos previstos pela Física Quântica, eles coexistem, temos “consciência” deles simultaneamente. Bom, esse pessoal tinha que ser diferente, certo?. Além disso, qual a vantagem de se ter um universo extra se você não pode ficar passando de lá para cá e vice versa? Político não dá ponto sem nó...


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Sunday, September 24, 2017

O tempo tropeçou



O tempo tropeçou

Estava indo tudo muito bem. Apesar das fatalidades e dos atropelos, tudo corria dentro dos parâmetros. O tempo passava como devia passar. Algo inusitado, porém, aconteceu. Uma estrela, localizada nas bordas desse nosso Universo, começou a diminuir de tamanho. Ela fica escondida numa enorme nebulosa, por isso nunca a acharam. Seu nome é Novaks, ou pelo menos vai ser. Não se sabe por que cargas d’água, ela começou a se transformar numa estrela anã. Pois bem, esse corpo celeste é de especial importância. Serve de elo com o outro Universo, o paralelo de nós. Tem uma correspondente lá do outro lado. A sua irmã, porém, continuou normal, não mudou de tamanho. Criou-se um impasse e daí tivemos um problemão aqui neste nosso querido mundo. Tudo começou a ficar confuso. Não sei se você notou os fatos estranhos que estão ocorrendo. Guerras primitivas estão voltando. Catástrofes bíblicas, também. O tempo, em sua essência, foi distorcido pela assimetria causada pela Novaks. Características do começo do mundo, costumes da Idade Média, estão reaparecendo por todo lugar. Por outro lado, embora não se possa ver, há celulares e computadores dentro de conventos da idade Média e os frades estão doidos, tentando entender. Acham que é uma coisa do demônio. Nós aqui também, estamos achando que muitas ocorrências atuais são demoníacas. Até os pastores estão comentando. Está tudo invertido, podem ter certeza. Mas no fim vai dar tudo certo. A nossa Novaks vai ficar mesmo anã, entretanto. A sua irmã, no mundo paralelo de nós, vai continuar, enorme, pairando naquela nebulosa gigantesca. Algum desequilíbrio tinha de haver, mas as coisas vão se ajustando, vão se compensando. Vamos continuar a ser espelho do outro Universo. Com uma estrela a menos, porém. Entendeu? Tinha de haver uma explicação lógica para tudo que está acontecendo...

Só para concluir, eu adoraria ver a cara daqueles frades do século XIII olhando para um celular. Já pensou se ele de repente tocasse, então?

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Friday, September 23, 2016

Os diferentes



Os diferentes

No começo foram só alguns casos isolados, ou pelo menos era o que parecia. Algumas pessoas, repentinamente, se “desligavam”. Passavam a agir como se fossem robôs. Na verdade, elas continuavam fazendo tudo que faziam antes, até coisas íntimas e pessoais, mas, lá no fundo, pareciam ter perdido a alma, o espírito. Podia ser um irmão, uma esposa, um marido, um amigo, um vizinho. Assim, do nada, de repente.
Não demorou muito para ficarmos sabendo que o fenômeno não era local. Estava acontecendo no mundo todo. Cientistas e médicos começaram a fazer estudos, exames, análises. Nada. Nada de objetivo, pelo menos. Tudo parecia normal. Para quem conhecia essas pessoas, porém, era como se elas tivessem perdido a alma. Havia debates na televisão, artigos nos jornais e em revistas e blogs. Todos estavam falando do assunto. Embora os religiosos obviamente falassem sobre isso também, havia um certo cuidado em “demonizar” o assunto, pois ninguém sabia quem seria o próximo. Poderia ser o próprio pastor, ou o padre ou ainda alguém muito próximo.
Com o tempo, as coisas foram se acalmando, porém. O povo acaba se acostumando com tudo. A certa altura verificou-se que não estavam ocorrendo casos novos. Ninguém, porém, “voltava” daquele estado. Parecia uma coisa definitiva. Muitos começaram a falar em “arrebatamento”, embora, tecnicamente aquilo não tinha as características do mesmo. O ser humano precisa de explicações e, quando não acha, começa a ficar criativo.
Logo depois que se encerraram novos casos, muitos governos apareceram com estatísticas. Cerca de 13.3% da população tinha sido afetada pela “doença” e ironicamente, ficou oficial algo que a maior parte das pessoas já tinha percebido. Os “diferentes”- eram assim chamados pelo mundo afora – não morriam. Pelo menos até agora, nenhum tinha. Estatisticamente isso seria impossível.
Quando ficou claro que a imortalidade - pelo menos até então – era um fato, começaram a aparecer inúmeras explicações místicas ou pseudocientíficas. Alguns afirmavam que os “diferentes”, na verdade, tinham tido suas mentes “raptadas” por de seres de galáxias distantes.
Tudo isso, entretanto, não durou muito tempo. Algo novo e extraordinário ocorreu. Os “diferentes” começaram a desaparecer. Seus corpos, no entanto, nunca eram achados. Antes, porém, que aparecessem boatos de extermínio, de assassinatos, ou coisas do tipo, ficou claro o que estava acontecendo. Mas isso também não esclarecia muita coisa.  Os diferentes estava se juntando em lugares específicos. Saíram de suas casas e começaram a viver em áreas isoladas, não muito longe de suas cidades, de suas comunidades. Eram tão determinados que ninguém ousava ir atrás deles para convencê-los a voltar. Não sobrou um diferente sequer que tivesse ficado com a família. Todos, sem exceção, estavam, em alguma comunidade isolada, perto de suas cidades, pelo mundo afora. Não se preocupavam com comida, com nada. Foi por muito pouco tempo, porém. Um dia, no mesmo horário, em todo o mundo, uma névoa branca, luminosa, envolveu a todos, e, alguns segundos depois, todos os diferentes, sem exceção, haviam desaparecido.
Havia uma mistura de tristeza, de alívio, de sabe-se lá o quê! Arrebatamento? Uma raça mais avançada, com remotas e desconhecidas máquinas, tinha levado embora uma quantidade inusitada de espécimes humanos para estudo?
O povo precisava continuar vivendo e, mesmo diante de tão inéditos e estranhos fatos, a rotina continuou. O que quase ninguém percebia é que todos os fatos relacionados com a vida dos “diferentes” começaram a sumir da lembrança das pessoas, tanto quanto suas próprias imagens. Desta forma, processava-se uma espécie de novo passado, se é que tal coisa possa existir. Não se sabe se havia relação com isso, mas muita coisa mudou na paisagem e até algumas na geografia. Algumas casas e prédios desapareceram e outros surgiram. Era como se uma nova realidade, que se adaptava aos que ficaram, tivesse se formado. Havia no ar uma mistura de surpresa e de tristeza. Foi então que alguns governos informaram que a grande névoa que tinha coberto tudo na época do desparecimento dos diferentes, na verdade tinha coberto apenas os que ficaram. Os diferentes foram para lugares onde a grande luz branca não tinha alcançado. Isso queria dizer que, quem tinha sumido não eram os diferentes, éramos nós. Em outras palavras, os “diferentes” éramos nós. Fazia sentido, nosso mundo praticamente não existia mais, tanto ele tinha mudado. Os diferentes é que tinham restado e ficado para repovoar a terra. Nós estávamos em algum lugar diferente. Num outro universo, talvez? Alguns falavam até em realidade virtual.
Para ser sincero, agora quase ninguém discute mais isso. Eu ainda falo um pouco sobre o assunto e conheço uns outros poucos que também o fazem. A grande maioria não tem a menor ideia, não se lembra de nada. Para eles o mundo sempre foi assim, nunca houve os diferentes. Essa história de “diferentes” é coisa de gente louca. Alguns loucos que existem por aí. Loucos como eu.
Ultimamente tenho pensado a mesma coisa. Que talvez nunca tenha havido os diferentes, que talvez a maioria das pessoas tenha razão. Aos poucos eu vou me convencendo de que foi tudo uma ilusão. Talvez seja melhor assim, talvez eu finalmente tenha um pouco de paz.

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Thursday, May 16, 2013

O inverso do Universo


O inverso do Universo



A Teoria das Cordas havia se reafirmado e era aceita como padrão por toda a comunidade científica há mais de 350 anos. Como sempre acontece, ela veio com algumas surpresas. A partir daí, pouco se acrescentara  em termos teóricos e a ciência e a tecnologia praticamente estavam agora “digerindo” a mesma e suas possibilidades.
Um pesquisador sueco, baseado nas novas fronteiras do conhecimento, tinha então elaborado um novo instrumento de pesquisa do Universo que ele havia denominado como “Beperes”.  A Agência Mundial de Ciência havia aprovado sua construção e havia inúmeros deles navegando fora do sistema solar. Eles não eram telescópios enormes, eles não “viam” o Universo. O que eles faziam era “sentir”, em todos os níveis, principalmente no subatômico, todo o Cosmos.
Os resultados  estavam se mostrando surpreendentes. Havia tantos dados e tantas novidades que a comunidade científica estava numa verdadeira  ”festa” quântica. Nada, porém, surpreendeu mais do que a detecção da “Grande Esfera”. Ela estivera lá o tempo todo, provavelmente, mas antes não se podia perceber.  Quase nas bordas do Universo observável, uma enorme bola, equivalente a pelo menos 17 sistemas solares iguais ao nosso,  envolvida por uma espécie de geleia azul, extremamente brilhante. Segundo os “experts”, se uma nave espacial terráquea estivesse passando por ela, nem a notaria. Ela simplesmente “não existiria”, ela só existia para os “Beperes”. Mais surpreendentes ainda, eram os resultados da interação que o nosso sistemade “Bepertes” estava fazendo com a “Grande Esfera”. A primeira grande surpresa era que, embora ela estivesse a uma quantidade inimaginável de anos luz de distância, as “mensagens” iam e vinham  em períodos de três anos – anos normais – o que era absurdo e  incompreensível. “Conversávamos” com ela, como se ela fosse um ser vivo. Aparentemente a “Grande Esfera”   já mandava suas mensagens “traduzidas” em “matemática” nossa, para um melhor entendimento. Ainda assim, mesmo com nossas poderosíssimas máquinas de inteligência, demoramos mais de dez anos – trabalho ininterrupto e intenso – para termos uma vaga impressão do que se tratava.
O cientista Goran, criador do sistema “Beperes” , programou uma conferência eletrônica mundial para  apresentar os primeiros resultados:
-Aparentemente estamos diante de um outro Universo. Não é “paralelo”, nem nada semelhante. É como se fosse uma versão inversa do nosso. Ele se expande ao contrário, para dentro. O centro dele é o infinito. Quando mais você viaja para o centro, maior ele fica, mais ele se expande e, apesar de seu aspecto externo, ele é infinitamente maior que o nosso próprio Universo. Talvez nós e o nosso cosmos sejamos a exceção e eles sejam a regra. Quanto mais ele se “expande” para dentro, ele diminui seu “tamanho” externo – pelo menos de acordo com nossa “visão”. Ao fazê-lo, permite que o nosso Universo se expanda mais. Provavelmente quando ele se expandir de todo, ou seja, quando ele “desaparecer” para nós, haverá um Big Bang, dando origem a um outro Universo, e certamente nosso Universo também será consumido no processo. Mas isso não importa, pois muito antes, nenhum ser vivo e inteligente estará por aqui.
Ao ser perguntado se seria possível “entrar”, de alguma forma, naquele mundo, o professor explicou:
-Não, nunca. Tem outras leis da Física, outras leis naturais, outra essência.
Alguém, da antiga Rússia, perguntou:
-Já se pensou em utilizar a máquina de teletransporte para “enviar” algum ser vivo para lá? Poderíamos “ler” alguma coisa através dos resultados da operação...
-Infelizmente tentamos. A simples tentativa de enviar algo, desintegra o elemento que queremos mandar. Transforma-se numa espécie de pó subatômico, se é que podemos chamar assim. Como dissemos, são outras leis naturais, outras leis da Física, outra Física...Nem mesmo sei como foi possível detectar a “Grande Esfera”...
-Chegamos então a um ponto de impasse? É aqui que termina a nossa jornada, aqui estão as últimas fronteiras da Ciência?
-Sim, você expressou bem o que é. Agora só podemos analisar elementos secundários, aspectos não essenciais. Nada mais resta a ser feito...
Daí com um gesto, despediu-se nas telas de todos que acompanhavam aquela espécie de “entrevista coletiva” e recolheu-se para seu “escritório”. Enquanto caminhava, entretanto, murmurou para si mesmo:
- Isso, por enquanto...Vamos saber  mais. Pode demorar 500 ou mil anos, mas vamos transcender mais essa barreira...
Nem ele sabia como, por isso não formalizou essa ideia na entrevista.  Mas lá no fundo ele tinha essa certeza...

Tuesday, November 27, 2012

Universos Paralelos


Universos Paralelos
Carlos Figueiredo era um excelente vendedor. Andava viajando de lá para cá para promover os produtos de sua companhia. E como fazia isso bem: era um dom que ele tinha. Como sempre estava em hotéis e tinha bastante tempo livre, principalmente à noite, estava sempre lendo. Ultimamente tinha adquirido esse interesse por essa história de física quântica. Lia de tudo: viagem no tempo, relatividade, subpartículas, universos paralelos. Ele adorava. Tanto fazia se eram textos didáticos ou se era só ficção. Era como se  fosse um hobby.
Aquele dia seu vôo tinha se atrasado e ele estava chegando tarde no hotel. Fez o registro, falou boa noite para o rapaz da recepção e foi se deitar. Lás estava ele mais uma vez no Obeid Plaza Hotel em Bauru. Estava fazendo as contas, era a décima-primeira vez que ficava no mesmo hotel. Tomou um banho rápido, foi para a cama. Tinha uma agenda agitada no dia seguinte. Mesmo assim, antes  de dormir repassou, como sempre fazia, o que teria de fazer. Antes de fazer as visitas comerciais iria passar no “Bambinos Lanches”, não muito longe do hotel, depois no Bradesco para resolver um problema. Faria três visitas comerciais e daí, antes de continuar, iria passar no “Made in Brasil” e comer um belo churrasco, bem que ele merecia. Daí faria mais duas visitas de negócios à tarde. Afinal de contas não era um dia tão agitado assim, como pensara. Daí ele pegou no sono.
Acordou com a claridade que vinha da janela. Havia se esquecido de escurecer o quarto e, aparentemente, havia também se esquecido de botar o celular para despertá-lo. Ficou imóvel na cama até criar coragem para pular da cama. Queria acabar de acordar. Finalmente abriu os olhos e sentou-se.. Imediatamente notou que havia algo de estranho. A janela era muito maior. Ele conhecia bem aquele hotel. Não era só isso. A  porta do banheiro deveria ser do outro lado da cama. Os móveis eram diferentes, os lustres também. O piso, a colcha,tudo...Daí olhou para o bloco de notas sobre  a mesinha ao lado da cama. Pegou-o nas mãos e dizia “Hotel Imperial” em letras azuis embaixo de um logotipo que parecia um brasão. Carlos praticamente entrou em estado de choque. Estava tendo algum problema na cabeça, talvez algum problema na memória. Ainda assim, vestiu-se rapidamente, pegou o elevador e foi até o saguão.  A visão deixou-o mais transtornado ainda. Não conhecia ninguém, tudo era diferente, certamente estava em outro hotel. O problema que ele conhecia bem a cidade e não se lembrava de nenhum Hotel Imperial. Teria sido sequestrado e abandonado em outro hotel? Não fazia sentido, nada fazia sentido. Saiu sem falar com ninguém, tentando achar seu carro no estacionamento. Ele desconfiava que ele não estaria lá. Ele estava certo. Conferiu se a carteira estava no bolso e chamou um táxi. Entrou  e pediu para ir até o “Bambino Lanches”. O motorista disse que não conhecia o lugar. Na verdade nunca ouvira falar. Carlos disse para ir em frente que ele mostraria o lugar. Aconteceu mais uma vez o que ele suspeitava: o lugar não existia. No local, nada mais, nada menos que um MacDonalds. Olhou ao longo da avenida e tudo era diferente. Pediu para o táxi voltar e intituivamente tirou sua carteira do bolso. Havia muito mais dinheiro do tinha deixado. Aliás era outra carteira e o dinheiro era um pouco diferente também. Resolveu olhar seu documento de identidade. Estremeceu quando viu seu nome: Carlos Antunes. Um turbilhão de coisas veio a sua mente, todas absurdas. Conspiração, drogas, simples loucura?  Respirou fundo, uma, duas, mais vezes. Tentou se acalmar. Lembrou-se então de algo que logo descartou por ser a mais absurda  de todas as suas suspeitas: universos paralelos. Ao chegar de volta ao hotel, lembrou-se de ligar para sua firma. Pegou seu celular e viu que era outro, com outra memória, com outros contatos. Digitou os números e recebeu a mensagem de que o número não existia. Subiu até seu quarto e remexeu nas “suas coisas” que não eram mais suas coisas. Roupas que não conhecia, objetos que não conhecia. Notou então que havia uma pasta com alguns papeis dentro. Tinham o logotipo de uma empresa que jamais vira antes. Em um dos documentos a sua assinatura, como Carlos Antunes. Chegou a pensar que estava sonhando. Viu então no canto da mala uma cartela de comprimidos. Eram para dor de cabeça. Carlos engoliu quatro e desceu novamente. Sentou-se no sofá, colocou a cabeça entre as mãos e ficou falando baixo para si mesmo: “Eu enlouqueci, eu enlouqueci, eu enloqueci...”  Carlos perdeu a noção do tempo. Saiu um pouco, andou ao redor do hotel, voltou, recostou-se novamente no sofá. Finalmente resolveu ir novamente para o quarto. Estava bastante zonzo. Viu os comprimidos novamente e não teve dúvidas: tomou-os todos de uma só vez com a ajuda de um copo d’água. Deitou-se e dormiu profundamente.
De  manhã, Carlos acordou como Roberto Figueiredo e estava em sua casa num bairro elegante de Bauru. Não se lembrava de nada. Ele era quem ele era. Um empresário, com uma vida boa, esposa e uma filha. Estava relaxado e feliz. A esposa, a Graça, disse que estava feliz por ele ter ficado em casa naquela manhã com a família.  Se você olhasse o Roberto Figueiredo, você iria notar que seu rosto e seu corpo eram exatamente iguais ao de Carlos Antunes e Carlos Figueiredo. Você juraria que eles eram a mesma pessoa. Mas se você contasse esta história para o senhor Roberto Figueiredo, ele iria achar que você é um “doido varrido”...