Thursday, September 8, 2011

O Chorão








O Chorão

Jose Hernandez era um chorão. Não quero faltar com o respeito nem quero ser arrogante ou coisa assim, mas ele era um chorão praticamente profissional. Como dizia o personagem Odorico Paraguaçu ( bons tempos...), da novela da Globo, ele era um chorão “militante e juramentado”. Ele chorava na ida e na volta, quando eu o levava de sua casa para o médico nessa minha profissão de  “motorista de INPS”( na verdade, Workers' Compensation é o termo correto para isso nos EUA). Cubano, cerca  de 32 anos de idade, tinha um problema sério na mão. Havia se machucado no trabalho e não havia médico que a conseguisse 
curar. Várias cirurgias e cada uma delas, ao invés de acertar,  deformava ainda mais a mão do cidadão. Ele usava umas coisas esquisitas na mesma, tipo “esticadores” ou “retentores”, talvez. Fazia mais de três anos e nada. Aparentemente nem sua esposa aguentava mais seu choro e estava para abandoná-lo. E ele chorava por isso também, ou seja, ela ia embora por causa do choro e ele chorava porque ela ia embora. Pelo menos esse era um dos motivos. Estes é que não faltavam. Chorava por causa da dor, chorava porque nunca mais poderia usar sua mão direita novamente, chorava porque parecia um aleijado, chorava, chorava, chorava...É isso mesmo, chorava dentro do carro na frente da gente, com lágrimas e tudo. Ele havia me contado que depois de dois  anos de muita dor, os médicos não acreditavam mais na sua dor e  pensaram que ele tinha um problema era na cabeça. Lá foi ele para o psiquiatra como muitos outros. Como não poderia deixar de ser, todo bom psiquiatra receita aqueles remédios violentos para botar a sua cabeça no lugar. Ela não volta para o lugar e você fica dependente daquelas mesmas drogas. Era o que estava acontecendo com o José e este era mais um motivo para chorar. Precisava das drogas e se desesperava com o trânsito quando a gente demorava para chegar até o consultório. Pensava comigo, que triste...Além de tudo era uma inconveniência ter um paciente chorando o tempo todo no banco ao lado. Mas eu não conseguia ficar com raiva do José. Ao contrário, tinha muita pena dele. Creio que chorava por ele mesmo e por todos os Josés, mesmo aqueles que não queriam ou não precisavam e por todos os Hernandez, também...Chora, José, chora...Algum dia, alguém de peso, ainda vai ouvir o seu lamento...

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