Lola,
a nova vizinha
Ela chegou assim, sem mais nem menos, e se mudou
para a casa mais bonita da rua. Mais bonita e mais cara. Pagou à vista.
Simpática, cumprimentava a todos, homens, mulheres e crianças. As crianças
achavam graça, quase todo homem respondia, mulher, quase nenhuma.
Seu nome era Lola. Todo dia alguns homens vinham
até sua casa, ficavam um pouco e saíam.
Às vezes, algumas mulheres.
O que era curiosidade no início, virou depois um
furor. A fofoca era generalizada. Logo a seguir, alguém organizou um
abaixo-assinado para expulsar a nova vizinha. Onde se viu? Atentado ao pudor,
falta de decoro, embora não parlamentar, e muito mais. Principalmente, ali não era
zona de meretrício, não senhor. Gente fina, pudorada, com princípios. Os mais
curiosos, entretanto, acharam melhor ir para a internet e descobrir algo mais.
E descobriram. Lola era uma famosa triz pornô. Ganhava uma nota preta. Parece
até que tinha seu jato particular. Aquelas pessoas que a visitavam, não eram
clientes não. Homens de negócios, pessoal do ramo, produtores, empresários.
O abaixo-assinado desapareceu, todo mundo começou a
cumprimentar a nova moradora. Respeitá-la, principalmente. Queriam mais
contato, mas ela era muito ocupada. Agora todos sabiam que ela era não só
atriz, era também empresária. Grana viva, pesada.
Havia justificativa para a mudança de opinião do
povo. Afinal, o que ela fazia era pura pornografia, negócio legítimo como
qualquer outro. Empresária, gente de
bem. Agora, francamente, acho que “pura” é um pouco de exagero...
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