O
mundo em equilíbrio
Numa rua de Chicago, o rapaz da gang atira em alguém. No
mesmo momento, alguém em Miami ajuda a se levantar uma velhinha que havia
caído. No Rio, outra bala, desavisada, do pessoal das drogas, acaba atingindo quem
não deve. Em Americana, São Paulo, o rapaz avisa o homem que sua carteira havia
caído no chão. Enquanto em Berlim alguém segura o braço do apressado que ia ser
atropelado pelo ônibus, no Afeganistão o
fuzil do soldado mata mais que o soldado inimigo. Junto uma criança morre. Em
uma grande metrópole alguém rouba um banco, enquanto outro alguém que pode,
noutra metrópole, dá uma enorme quantia de dinheiro para a caridade. Na
repartição alguém de mau humor faz cara feia e dá uma resposta atravessada,
enquanto no exato mesmo segundo, um senhor acompanha um desconhecido, que não
conhece a cidade, até a esquina para mostrar o prédio para o qual ele tem de
ir. De uma lado, a mão estendida, de outro um punhal nas costas.
Assim vai o mundo se equilibrando, fragilmente, sutilmente.Compensando,aqui
e ali.
Uma coisa só, pequenina, de ruim, pode desequilibrar tudo.
O braço da balança pode ir, de repente e abruptamente, para o outro lado. Quem
vai ser o responsável?
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