Acontece
cada coisa nesse país!
Harry
Potter pegou o avião errado e foi parar em Guarulhos. Não sei se foi bruxaria
ao avesso, ou sei lá o quê, o fato é que lá estava ele, perdidão, tentando
pegar um táxi de volta para casa. O motorista, até que bem intencionado, achou
que ele tinha olhos orientais e o levou para o Bairro da Liberdade. Lá desceu
ele, todo confuso, olhando para aquelas mágicas lâmpadas japonesas penduradas
nos postes, pensando que estava no Japão, por obra de seu inimigo, o terrível Lord
Voldemort. Já que estava por ali, resolveu comer um sushi, pois a comida do
avião estava péssima. Foi andando pelas ruas da Liberdade, até que se deparou
com um restaurante típico. Assim que entrou, notou o Obama sentado em uma das
mesas, comendo e rindo, com seus assessores. Não que a situação mundial não
fosse grave, mas todo mundo precisa relaxar um pouquinho. Além disso, liberdade
faz bem para todo mundo. O Harry ficou ainda mais atrapalhado. Talvez aquele
bairro fosse o Chinatown, lá de São Francisco, o que explicaria a presença do
importante mandatário. A essa altura ele já estava achando que nem ele era ele
mesmo e por isso se olhou num dos espelhos da parede. Lá estava a cara do Bolsonaro.
Não, não, aquele era a estampa do Feliciano. Só podia ser o seu maldito inimigo
aprontando mais uma. Desmaiou e, quando acordou, lá estava seu criador, o tal
de Rowling, tentando reanimá-lo. Onde se viu sair, sem autorização, do
maravilhoso Império Britânico e se aventurar por um mundo como aquele,
classificado como terceiro, e olha lá? Mas o que o tinha deixado zangado mesmo,
era o que o rapaz tinha visto no espelho. Aquilo era magia negra, como podia
ter se deixado encantar por seu inimigo?
Decidiu.
Iria ser levado de volta para Londres. Antes, porém, tinha de aprender uma
lição, aquele personagem desobediente. Teria de passar um mês inteiro na Favela
da Rocinha, para ver o que era bom para a tosse. Não que estivesse com uma, mas
você me entende, é claro. Um helicóptero da FAB, ajeitado por um amigo
brasileiro do Rowling o levou para lá. Foi descido por uma corda, pois havia o medo
de que atirassem no aparelho com o fim de derrubá-lo. Não se pode confiar
nesses traficantes da favela.
Quando
chegou a hora de levá-lo de volta, quem conseguia achar o Harry? Tinha sumido.
Nem resgate pediram.
O
autor, desesperado, agora está preocupado com sua galinha, no caso um galo, dos
ovos de ouro. Está pensando até em convocar uma Comissão Parlamentar de Inquérito
para apurar onde foi parar o rapaz. Não sei, não. Pelas conversas que ouvi, não
adianta nada. CPI não funciona, parece até homeopatia. Só se você acreditar.
Também,
que se dane. Quem manda se meter onde não é chamado? No fundo, porém, fiquei
com dó dos dois. Mas só por causa dos demônios nos espelhos.
oooooOOO0OOOooooo
Estranhas Histórias
Para adquirir este livro no Brasil
Para adquirir este livro nos Estados Unidos
No comments:
Post a Comment