Wednesday, October 25, 2017

Discos Voadores



Discos voadores

Tenho saudades dos discos voadores. Antes eles estavam por toda a parte. Apareciam em estradas no interior de São Paulo,  sobre o mar, perto da praia, e alguns mais ousados chegavam a sobrevoar a Casa Branca e até o Pentágono. Não passava um mês sem que se ouvisse falar deles. Era excitante, dava para conversar horas sobre eles. Tantas histórias: abduções, desaparecimentos, operações a bordo das naves, uma luz saindo por baixo e “puxando” gente para dentro da nave. Era uma época extraordinária. Fizeram livros, filmes, tratados, estatísticas...Você se lembra de aviões da Força Aérea perseguindo os danados, que, invariavelmente faziam aquelas manobras impossíveis para máquinas humanas e depois desapareciam no espaço infinito? Você se lembra de pilotos comerciais garantindo que viram luzes, que nada tinham a ver com coisas deste mundo, no horizonte, subindo, descendo, parando desafiadoramente no ar? E aquele senhor de reputação ilibada, parando na estrada porque vira luzes estranhas acima de seu carro?  E, por cima, outras pessoas paravam, testemunhavam o que ele tinha visto, também. E para corroborar ainda mais, não distante dali, na cidade e no campo, outras pessoas também viram as mesmas luzes? Saía no jornal e tudo mais. É claro, sempre havia os incrédulos, que achavam que era tudo conversa fiada, essa era gente que só  queria “aparecer”? A certa altura começaram a chamá-los de “OVNIS” ou se você queria ser mais sofisticado, de “UFOs”... Fiquei excitadíssimo quando descobri que “OVNIS” e “UFOs” eram a mesma coisa, mas “UFOs”, pasmem, era “Unidentified Flying Objects”! Você sabe o que isto significava? Até os americanos confirmavam sua existência, mas para dar um ar mais técnico, chamavam-nos de “UFOs”. Chega de amadorismo... essa história de “Flying Saucer”... Passamos a ver as coisas de um maneira mais científica: “UFOs” isso sim, tinha um ar de ciência...O tempo passou, vieram os foguetes, os satélites, os aviões modernos, os super radares...e de repente ninguém mais fala dos discos. Sinto falta deles, acho que é uma conspiração. Acho que eles se retiraram para sempre, para seus planetas distantes. Ficaram ofendidos ou ressentidos com nossa atitude de “não precisamos mais de vocês, temos nossas próprias naves”. Ou talvez, agora só mandem as naves invisíveis. Não ria, nós não temos nossos aviões invisíveis também, os tais “stealth”, por que não eles, que são muito mais avançados? 
Acho que tenho de ser realista. Na verdade, hoje em dia não dá mais para inventar essas histórias.Todos esses satélites, monitorando tudo o tempo inteiro, GPS, etc...Tenho de confessar, acho que era tudo imaginação. Agora não dá mais. Nada de imaginação. Além disso, quem precisa de imaginação com toda essa Internet, “smart phones”, “androids”, meu Deus, não consigo acompanhar mais... Quem precisa imaginar alguma coisa se já está tudo imaginado...
Eu sei, eu sei...Mas ainda continuo com saudades dos discos voadores...


Não Identificado  (Gal Costa)
"Eu vou fazer uma canção de amor 
Para gravar num disco voador 
Eu vou fazer uma canção de amor 
Para gravar num disco voador 
Uma canção dizendo tudo a ela 
Que ainda estou sozinho, apaixonado 
Para lançar no espaço sideral "
(Caetano Veloso)

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