Deus
ex machina
A enorme esfera, mais de
500 metros de diâmetro, apareceu de repente, sem ser notada, sem ser percebida.
Nenhum dos sofisticados observatórios a viu chegar do espaço, nenhum
instrumento sísmico registrou sua possível saída do subsolo. Não estava lá num
momento e, de repente, noutro momento, estava.
Durante três dias,
cientistas, estudiosos, homens do governo, exército, aeronáutica, se
aproximaram daquele distante ponto no deserto para tentar descobrir alguma
coisa. Era obviamente de metal. Conforme o ângulo pelo qual se olhava era como
se fosse de aço inoxidável, ou era de algum metal desconhecido, ligeiramente
azulado. Não emitia sinais. Entretanto
nada ou ninguém conseguia chegar a menos de 967 metros de distância. Se era
aparelho, parava de funcionar. Se era gente, desmaiava. Parecia haver uma
barreira invisível. Por cima, aviões ou helicópteros, nem pensar.
Todos os meios de
comunicação fervilhavam com notícias. Líderes políticos, religiosos, folósofos,
teólogos, todos davam sua opinião. A verdade é que ninguém sabia nada.
No quarto dia após sua
chegada, às 11: 37 am, horário de Londres, algo aconteceu no mundo inteiro.
Todas as pessoas, todas, não houve uma só exceção, sofreram uma espécie de
transe, que deve ter durado alguns poucos minutos. Quase imediatamente, o mundo
mudou. As pessoas começaram a agir de maneira completamente diferente. Todos
sorriam, conversavam, tentavam ajudar os outros. Não havia mais dor,
sofrimento, angústia ou tristeza, traição. As pessoas se esqueciam das coisas
más do passado, das suas e das outras
pessoas. Todos estavam em êxtase. Os problemas todos começaram a
desaparecer diante do fato que todos se ajudavam. Os portões das prisões foram
abertos, os doentes começaram a se sentir melhores, pessoas caminhavam longas
distâncias só para dizer que perdoavam. Nem se lembravam mais do que estavam perdoando, mas perdoavam. Muitos
cantavam nas ruas. Os doentes saíam curados dos hospitais, as pessoas que tinham
armas, traziam-nas para as praças para serem recolhidas e incineradas. Havia uma coordenação mundial, natural, toda
dirigida para o bem.
Os meios de comunicação
começaram a espalhar que Deus tinha chegado. Era isso. Não poderia haver outra
explicação. Os líderes religiosos abandonaram suas convicções e começaram a
falar em um único Deus, igual, pai de todos e que queria o bem e a felicidade geral.
A esfera passou a ser apenas considerada como um símbolo, um sinal, um marco.
Ninguém nem sequer pensou em adorar ou cultuar o grande objeto. O importante
era fazer o bem, todos sentiam que Deus estava em todo lugar, estava dentro de
cada um.
No planeta Gudaval, a
5678 anos-luz da Terra, o conselho dos “maiores”, liderado por Klokman, estava
iniciando o grande encontro. Sabiam que a “esfera” tinha sido teletransportada
com sucesso para o Planeta Terra. Sabiam também que a “limpeza cósmica” dos
habitantes tinha sido acontecido com perfeição. Gudaval era pelo menos 30.000
anos mais adiantado que a Terra. Eles também tinham sido ajudados por outra civilização, superior a eles, há cerca de 28.000 anos.
O avanço em todos os
campos da atividade humana iria agora ser acelerado pelo menos cem vezes. Em
cerca de 100 anos a Terra poderia, finalmente, fazer parte do seleto grupo de
civilizações interplanetárias de primeiro grau. Estariam então, mais perto de Deus.
Aquilo era só o começo. Por enquanto, o que tinham experimentado, era ainda o
“Deus ex machina”.
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