Ela
está indo embora
Nasceu
há 36 anos, em setembro de 1977, e nunca mais parou de viajar. Fez coisas
incríveis. Cumpriu todas as missões que lhe foram atribuídas e muito mais. Fotógrafa espetacular, enviou imagens
maravilhosas dos anéis de Saturno e de Urano. Descobriu novas luas, tirou fotos
de vulcões assombrosos em outros planetas.
Agora,
a Voyager está partindo para uma viagem maior. Saiu do sistema solar e voa
livre, numa velocidade fantástica rumo às estrelas. Tem um disco gravado com a
representação de nosso corpo, tem composições musicais de nossos clássicos e
vozes em 55 línguas, inclusive o nosso Português. Se algum extra-terrestre
conseguir capturá-la, não vamos fazer fazer feio. Precisaremos mostrar quem
somos, afinal.
Causa
até emoção saber que ela está tão longe. Ela é nosso cartão de visitas nas
estrelas, uma prova inconteste de nossa capacidade de realização, de nosso
desenvolvimento.
Por
outro lado, ela é a maior prova da antítese que é a nossa civilização. Saber
que, de um lado existe essa incrível tecnologia, elaborada por cientistas
maravilhosos e, de outro, que há seres humanos ridículos e medíocres, alguns
que podem ser considerados simplesmente animais, é assustador. Como é possível,
neste mesmo planeta, termos desenvolvido, dentro da mesma espécie, tão opostas
criaturas?
Ainda
bem que, quando algum ser mais avançado encontrar a nossa querida Voyager, só
vai ver essas maravilhas que fizemos. Os nossos pecados e nossas idiotices terão
ficado por aqui. Vai, Voyager, vai tocar as estrelas, vai alcançar as bordas do
Universo...
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