Queixada,
marceneiro
Aquele
cheiro de cedro e peroba acariciava meu olfato. Eu não conhecia os nomes dessas
madeiras ainda, era muito pequeno, mas o resto eu sabia tudo. Meu pai
trabalhava com elas. Media com sua régua, com seu compasso, marcava, riscava.
Cortava pedaços e, depois, com a mão, examinava os cantos, as quinas. Parecia
amar o que fazia.
Depois,
aplainava, lixava. Juntava as partes, colando, fixando-as. Cada pouco olhava
para mim, sentado ali, em um banquinho, a uma distância segura. Dava um
sorriso, estava se certificando de que eu estava bem.
Eu
adorava aqueles momentos, ficava extático, ali, observando. Pacientemente, ele
continuava seu trabalho. Finalmente, as formas começavam a aparecer. Uma
cadeira, toda trabalhada, uma caixa caprichada, muitas outras coisas bonitas.
Ele sorria satisfeito, orgulhoso.
Era
aquela época dura da greve da Cimento Perus. Tentava trabalhar em casa para
conseguir o sustento da família.
Esse
era o seu Bonifácio: meu pai, queixada, marceneiro.
ooooooOOO0OOOooooo
A crônica acima não faz parte do livro abaixo
Essa vida da gente
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Tenha sempre orgulho desse seu pai. Assim como eu tenho do meu! Somos privilegiados...
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