A
história das almas coloridas (e das sem cor também)
Havia
as almas transparentes, que as pessoas antes não viam, só sentiam. Com o passar
dos tempos, as pessoas foram perdendo a sensibilidade e as almas precisaram das
cores para poderem ser vistas. Algumas se transformaram em almas brancas, cor
de leite, outras assumiram um negro brilhante, poderoso. Nada multicolorido, só
o básico. Daí, alguém achou, em certa época, que as almas negras poderiam ser
usadas para fazer as coisas. E o mundo ficou um lugar triste com essa ideia da
separação entre quem serve e quem é servido. Muitos até achavam que as almas
brancas eram mais importantes que as outras, pois tinham alguém para servi-las.
Antes
disso, porém, algo mais estava acontecendo. Muitas almas estavam mudando de
cor. Havia, então, almas vermelhas, amarelas e de muitos outros tantos tons. E
havia também uma mistura enorme dessas cores todas. E havia almas que se amavam
e outras que se odiavam. Uma policromática confusão. Algumas eram acusadas e
condenadas por causa da própria cor, como se elas mesmas tivessem escolhido o seu próprio matiz.
Agora
há um grande caos. Parece até que todas as almas estão, na verdade, ficando cinzas.
Um cinza estranho e feio. Quem sabe elas se tornem transparentes novamente. É o
que se espera. Mas há um receio de que elas fiquem cinzas, todas, para sempre.
Ou talvez desapareçam, como acreditam outros. É difícil dizer, esse negócio de
almas é muito complicado.
oooOOOOOooo
À procura de Lucas
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