Sunday, October 25, 2015

Crônica do amor perdido



Crônica do amor perdido


Procuro no escuro da noite os segredos do Universo. Na luz do dia não posso ver as estrelas porque ele, o sol, ofusca minha visão. É assim com você. Procuro também a beleza de outras mulheres, solitário nas noites, porque, você, minha querida, também ofusca todo meu ser, quando está junto de mim. Por que tem de ser assim?
Falei isso para minha amada e ela me disse que eu tinha razão. Ela se afastou. Procurei e vi as luzes da noite, vi a beleza de outras mulheres. Delas me aproximei para melhor apreciar tal visão. Mas elas eram pálidas, vazias. Procurei mais e nada achei. Voltei então para a luz da minha vida. Mas ela não estava mais lá. Deixou, porém um bilhetinho:
Notei que você gostava mais das estrelas da noite do que de mim. Por isso, viajei  noite adentro, e me coloquei no meio de uma enorme constelação. Estarei lá, te esperando. Brilhando, brilhando.
E eu olhei para  a noite infinita. Olhei para a Via Láctea com suas milhões de estrelas. A minha amada devia ser uma delas. Mas havia tantas e tantas, jamais a descobriria.
Foi assim que perdi meu grande amor. E agora vivo sozinho debaixo deste sol causticante . Tenho medo da noite e o que faço é só dormir. Tenho medo de encontrar, um dia, quem sabe, minha amada, e ela estar de namoro, lá longe, neste infinito sem fim, com algum astro qualquer...


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