Saturday, December 10, 2016

O jugo das conjugações


O jugo das conjugações



A vida é bem  parecida com uma conjugação verbal. Todos sabemos que o Pretérito Perfeito indica alguma ação que já está completamente terminada, resolvida, definida.  Parece, entretanto, que nada é perfeito, e tudo que fizemos – principalmente de errado – continua a atormentar nossas vidas. Já o Pretérito Imperfeito é mais adequado. Segundo a gramática, descreve fatos passados não concluídos, por isso mesmo, imperfeitos. Não é assim que acontece? Sempre existe na vida da gente algo que ainda precisa ser resolvido. Já o tempo presente é o mais enganoso de todos. A gente fica esperando e, quando percebe, já aconteceu. E isso é um contínuo presente. Além disso, não é nada do que a gente esperava. Por isso temos de botar a esperança no Futuro do Presente. Esperando que nossas esperanças se realizem, de preferência num futuro próximo. Mas que nada, é só desilusão. Este tempo verbal acaba virando Futuro do Pretérito: poderia, ganharia, venceria, etc... Acho que é por isso que, antigamente, ele se chamava “condicional”, pois sempre há uma “condição”, geralmente impossível, para que ele aconteça. Não é fácil. E tudo isso que descrevi ainda é no modo indicativo, que, supostamente, deveria ser mais real, mais preciso. Como se não bastasse, ainda existe o modo subjuntivo. As frases desse tipo, indecisas, marotas, começam sempre com “talvez”, “se”, “quando”, “mesmo que” e vai por aí afora. Se eu ganhasse na loteria, mesmo que eu arrume um bom emprego, talvez ela diga “sim”... Talvez, talvez... Aparentemente, por todo o infinitivo, quero dizer “infinito”, temos de viver sob o jugo das conjugações. E tanto faz se o Infinitivo é Pessoal ou Impessoal... Eu ainda ia falar sobre os verbos irregulares, mas daí pensei: é demais! Você não acha?

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