Era
um furgão, não muito grande, e passava toda semana perto de minha casa. Era muito
bem fechado. A razão para isso era que ele levava uma carga muito preciosa.
Outro dia eu estava parado, pensando, e ele passou de novo, bem na minha
frente, pelo menos na minha imaginação. Era de um azul escuro e tinha um
logotipo oval nos dois lados e atrás.
Fiquei
me lembrando das coisas que havia lá dentro. Eu conhecia muito bem cada item
que ele carregava. Havia tijolinhos bem pequenos, muito bem embrulhados, de
doce de banana com açúcar cristal por cima. Havia outros tijolinhos: de paçoca,
de marmelada, de doce de banana e outros tantos . Havia a maria-mole, a cocada
branca e a cocada preta, a pipoca doce,
os dadinhos e o doce de abóbora, duro por fora, mole por dentro. Os canudinhos,
mas não são esses que você está imaginando: os nossos eram cheios de doce. Além
dos suspiros de amor, havia a guloseima chamada “suspiro”. Havia aquela geleia
multicolorida e mais dura do que a que a gente faz em casa. Balas, quantas
balas. Havia as moles, as duras, as com recheio de um líquido grosso e
saboroso. O motorista parava nas “vendas” para distribuir o valioso produto. Item
obrigatório. Era uma mercadoria que não podia faltar.
Sempre
que ganhávamos um trocado, corríamos para a venda mais próxima e nos deliciávamos.
Nunca ninguém falava em diabete ou gordura, ou muito açúcar no sangue. Comíamos
sem culpa, sem gula.
O
nome que vinha escrito nos furgões era “Confiança”. Naquela época esse nome não
era só a marca do doce, era a marca de tudo, uma marca registrada em nossas
vidas. Era a marca dos adultos e dos pequenos e dos mais velhos. Era o que
regia nossas vidas: confiança.
oooooOOOOOooooo
Histórias do Futuro
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bom dia, nunca uma leitura provocou tão fortes emoções para mim. Eu em 1961, tinha 13 anos e comecei a trabalhar com meu Tio José Sierra, ele tinha uma freguesia de doces e atendia com um caminhão da Confiança e eu foi seu ajudante durante muito tempo, ai foi quando descobri minha vocação para atuar da área de venda, hoje com 70 anos ainda trabalho como vendedor. Estou em São Paulo, e meu e-mail claudio.prata@terra.com.br
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