Meu
irmão mais velho, quis meu pai chamá-lo de José. Embora simples e comum, tinha
um significado enorme que, certamente, meu pai quis documentar. Era o nome de
meu avô. Sendo o santo um marceneiro há muito tempo atrás, fazia ainda mais
sentido, uma vez que essa era também a
profissão do “seu” Bonifácio.
Veio
então o segundo fiho, meu irmão do meio. Nasceu, vejam só, bem no dia de São
Paulo, o santo que deu o nome à nossa cidade. Minha mãe, católica fervorosa,
imediatamente, decidiu o óbvio. Poderia haver sinal mais evidente do que
deveria ser feito? Paulo seria seu nome,
não haveria discussão. Meu pai não era homem de discutir. Talvez tenha apenas
comentado com ela que seria apropriado, depois de já ter sido homenageado o meu
avô, o segundo rebento ser chamado Bonifácio, nome do progenitor. Coisa mais do
que evidente, não era mesmo? A Dona Eleta, certamente achava que as coisas do
céu, especialmente quando manifestadas assim, de maneira tão óbvia, deveriam
vir antes. Teve início uma batalha surda. O “São Paulo”, patrono da capital e o
outro – santo também – “São Bonifácio”, um daqueles antigos, homenageado com o
nome de meu pai.
A
dúvida ficou, nada foi decidido. Na cabeça de minha mãe, certamente estava tudo
acertado. Imagine você, o menino nasceu no dia de São Paulo, 25 de Janeiro,
precisa dizer mais alguma coisa? Ela, porém, tinha de cuidar da criança. Não
havia fraldas descartáveis ou qualquer outra facilidade naquelas remotas épocas.
Um trabalho duro, de concentração. Não tinha tempo para cuidar do assunto.
Alguns
dias depois, meu pai aparece com a certidão de nascimento. Bonifácio era o nome
do garoto. Bonifácio, que em Latim quer dizer, “fazer o bem”. Tinha um sorriso
no rosto e o orgulho no peito. Minha mãe também não era de reclamar. Tenho
certeza, no entanto, que ficou magoada. Onde se viu? Deixar assim, de lado, o
nome do santo da cidade?
Por
conta própria, começou a chamar o meu irmão de Paulo. Uma espécie de
insubordinação. Quem diria, a humilde Dona Eleta. Verdade é, ela tinha a proteção
dos céus na matéria. Pequenino, todos começaram
a chamá-lo de Paulinho, imitando seu chamar. Mãe é mãe. E o nome pegou e ficou. Vale uma explicação.
Dentro de casa, dentro da família, era Paulinho. Lá fora, no mundo, na
legalidade, era Bonifácio. Coisa justa, ficou meio a meio. Mas fica aqui,
entretanto, um aviso. Não discuta com mãe que tem fé. Ninguém vai lhe roubar o
nome do santo, nem seu marido, nem ninguém.
O
nome do terceiro filho, este que vos escreve, aparentemente não deu confusão.
Porque foi escolhido, também não sei.
Naquela época o terceiro era apenas o caçula e era isso que eu era, só o
terceiro.
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