(Sonhos de uma noite de verão, do Herrera)
Ja falei antes do meu amigo Herrera. Além de ele ser fanático por física quântica, ele adora filmes de ficção científica a ponto de achar que pode escrever “scripts”. Volta e meia lá vem ele com um novo roteiro para eu apreciar. Se você realmente tiver bastante imaginação, e conseguir transformar suas palavras em cenas vivas, pode ser que você consiga ver passar um belo filme em sua mente. A última grande inspiração do Herrera foi sobre uma época no futuro, cerca de cem anos a frente...Claro,essa civilização está muito avançada, viajando pelo espaço, os mais incríveis artefatos, etc., etc...Mas o nosso enredo é sobre algo diferente, algo que uma pequena empresa de pesquisa genética acabara de descobrir. Os cientistas foram até o fundo na pesquisa de subpartículas no corpo humano ( Herrera tem paixão pelas mesmas) e conseguiram obter de uma delas, informações, em cada indivíduo, da data em que o mesmo vai morrer. Porque, você sabe (diz o Herrera), na verdade todo o tempo, infinito, existe ao mesmo tempo.
Tudo está acontecendo agora, de uma só vez, presente, passado e futuro. Nós é que só conseguimos perceber uma sequência de cada vez, o que chamamos de presente. Divagações à parte, os mágicos, quero dizer, cientistas, conseguiram detectar esta informação, uma vez que tudo que aconteceu e vai acontecer, todas informações sobre o tempo estão gravadas, lá dentro, bem na profundidade da informação genética.
Tudo está acontecendo agora, de uma só vez, presente, passado e futuro. Nós é que só conseguimos perceber uma sequência de cada vez, o que chamamos de presente. Divagações à parte, os mágicos, quero dizer, cientistas, conseguiram detectar esta informação, uma vez que tudo que aconteceu e vai acontecer, todas informações sobre o tempo estão gravadas, lá dentro, bem na profundidade da informação genética.
Então, diz Herrera, cria-se a trama, o ponto dramático necessário, essencial, de uma história: as forças dirigentes, as pessoas que estão no poder, não querem esta informação divulgada, vai causar pânico e ao mesmo tempo total desmotivação. Mas, na verdade, o que eles querem mesmo é poder ter mais controle e ter esta tecnologia de obtenção de informação genética em suas mãos. Já pensou, saber, com antecedência, a data em que cada ser, incluindo dirigentes, políticos, cientistas, etc., etc., vai morrer? Além do mais, será que dá para mudar esta data? É aí, diz, todo excitado, o meu amigo Herrera, que está o grande "click". Sem poder reagir muito às pressões dos poderosos, os cientistas são obrigados a revelar a tecnologia admirável que haviam descoberto e desenvolvido. Claro, eles são convidados a trabalhar junto com a classe dominante, que quer ainda mais: querem obter uma forma de “controlar” as datas de morte dos indivíduos. O objetivo é óbvio: viver para sempre e encurtar a vida dos inimigos. Herrera sabe que eu não gosto de ficção científica que “estica” muito os limites do bom senso, mesmo sendo ficção. Então, explica, cuidadosamente, que vai haver verossimilhança, o seu roteiro vai ter lógica, só é necessário um pouco de imaginação. Então o filme entra na parte climática. Finalmente, a combinação de recursos financeiros infindáveis do poder, mais segredos tecnológicos do próprio governo que o grupo de pesquisas desconhecia, tudo junto, leva à grande descoberta: sim, é possível alterar a data da morte, que chamavam então de “termination”. Como sempre, primeiramente experimentaram com os pobres animaizinhos. Tudo certo, é possível...Muda-se o código genético, altera-se a data, antecipa-se o momento da morte ou prolonga-se por um tempo indeterminado. O chefe do departamento do governo encarregado do projeto resolve ser o primeiro a experimentar. Sua data para “morrer”esta va marcada para 17 anos mais tarde. Ele tinha 103 na época, pois o índice médio de vida tinha subido muito nas últimas décadas. Ainda assim morrer dali a a 17 anos, era morrer cedo. Ele alterou a data para dali a 50 anos. A seguir outros do departamento e mais alguns do grupo de cientistas fizeram o mesmo com alguma pequena diferença entre um e outro. Dali a um mês iriam fazer outros testes para verificar se a data estava realmente alterada. Enquanto isso o chefe do departamento de pesquisa estava muito preocupado com algo. Revela o segredo para um dos colegas. Ambos concordam que não devem falar para mais ninguém. Ele havia decoberto que, uma vez alterada a data, era praticamente impossível verificar se havia dado certo. Os procedimentos para tal implicavam também em manobras perigosíssimas dentro da física quântica e da genética. Havia ainda outras coisas muito mais sérias envolvidas. Estes segredos não são passados para os outros personagens. O público (que vai assistir ao filme) também não fica sabendo...Até que chega o momento em que o chefe do projeto quer fazer o teste para verificar se sua data dentro de seu sistema quântico, se assim podemos chamar, havia efetivamente sido alterado. Apesar da oposição radical do pesquisador principal por todos os motivos explicados anteriormente, os técnicos começam os preparativos para o grande teste. O “paciente” é introduzido no grande aparelho. Luzes, vibrações....Clarão...As pessoas começam a desparecer em volta do aparelho....Música sinistra...Tudo branco...parece gelo...A personagem que estava na máquina aparece andando nu no gelo ao longe...a câmara vai se distanciando e vai mostarndo a terra do alto: uma grande bola coberta de gelo.
Aparentemente os cientistas haviam alterado, com sua máquina, alguma coisa no espaço-tempo, nas dimensões do universo e nosso “paciente”foi transportado para milhões de anos para frente...quando a terra tinha se tornado uma imensa bola de gelo.
Herrera estava suando de emoção, “vivendo seu filme” quando olhou para mim. Não pude segurar um sorriso meio cínico...Acho que Herrera não gostou muito da minha crítica indireta ao filme...Mas pensando bem até que o enredo não era tão mau...Bastava um excelente diretor, uns bons milhões de dólares e talvez...uma equipe de consultores...de física quântica!
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Histórias do Futuro
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