A
atriz que deveras sente
Lá vai a bela atriz
para o palco, sentir o que não podemos sentir. Sente por nós, fala por nós,
chora por nós. Quase uma oração, “ora pro nobis”. Tudo aquilo que sentimos e
não sabemos falar. Tudo que falamos mesmo sem sentir. E, como disse o grande poeta, finge sentir o que deveras
sente. Por nós e por ela mesmo. Sente, sentida e com sinceridade, a nossa insensibilidade.
Nossas tragédias,
nosso ridículo de todos os dias, e o eterno ridículo de nossas vidas, tudo ela
mostra em seu encenar, que é puro sentir. Para que não precisemos rir de nós
mesmos, ri por nós. Para que não precisemos chorar por nós mesmos, chora por
nós. Daí nos emocionamos e choramos e rimos com ela. Tudo isso sem saber que
estamos rindo o nosso próprio riso, chorando o nosso próprio choro. E ela faz
tudo isso com propriedade, com seriedade, e com uma graça que só ela pode
exibir.
Ainda bem que existe a
atriz. Assim posso me ver chorando e rindo, posso ver meu pranto, meu drama, e
meu ridículo no palco, e fingir que tudo aquilo é com ela, a atriz, e não
comigo, apenas espectador desse mundo, que é só dor, dor sem fim. Assim posso
ser feliz. Obrigado, minha querida atriz, por você existir!
(homenagem
simples para todos os atores e atrizes, e especialmente para minha nora, mais
filha que nora, a Mirella)
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