Os
“novologismos” do Toninho Professor
O Toninho Professor é,
sem dúvida, uma figura especial. É todo cheio de saber das coisas, de conhecer
tudo, de entender os porquês. Acho que é por isso que lhe deram o
apelido de “professor”, porque professor formado ele não é não. A coisa que
mais chama a atenção nele, entretanto, é mania que ele tem de inventar
palavras. Não tem medo, nem vergonha. Vai inventando direto, sem consideração
por padrões linguísticos ou outro qualquer. O povo em volta dele acha bonito e
nem sequer põe qualquer obstrução. Acham até graça.
Naquele dia ele estava
um furor. Veio com uma tal de “sinconometria” para explicar porque as coisas aconteciam
na vida de um indivíduo. Segundo ele, havia uma tal de medida universal de
acordo com a qual, a síntese dos fatos...deixa para lá. Ninguém entendia nada,
nem queria entender. Só achavam bonito ele falar assim.
No parágrafo seguinte,
meteu um tal de “sinetivismo” no meio de uma explicação, que , na verdade, não
explicava nada. Eu não aguentei e falei:
-Toninho, essa palavra
não existe. O que é “sinetivismo”?
-Claro que existe.
Sinetivismo éo conjunto do saber humano. O meu saber aqui, dos meus ouvintes e
até um pouquinho de gente que duvida de mim, como o senhor.
E aí a ironia era para
mim...
-Se existe, está no
dicionário, vamos olhar...
-Meu pobre amigo, eu
tenho de lhe explicar tudo. Pelo fato de não estar no dicionário não quer dizer
que não existe. É palavra nova, fui eu mesmo que inventei...
-Então, o senhor
confessa, não existe, o senhor que inventou.
-Às vezes tenho pena
do pouco conhecer dos meus ouvintes. Engano seu, meu amigo. Eu “criei” a
palavra, mas tudo de acordo com as regras da nossa lingua mãe.
-Mas não é assim, ir “criando”
tudo de acordo com sua cabeça, “seu” Toninho!
- Meu irmão, o senhor
nunca ouviu falar de “novologismo”?
Foi aí então que eu
não sabia se ficava com raiva ou se ria...
-Não é “novologismo”,
é neologismo!
-Aí é que o senhor se
engana. Neologismo é coisa de antigamente, agora é “novologismo” que se usa...
Eu desisti, não dava.
As “ criações” do “seu”
Toninho só ficavam ali pela vila, não se espalhavam pelo país. Algumas delas
até que mereciam ser divulgadas pelo mundo, tão engenhosas que eram. Talvez um
dia desses alguém coloque na internet um dos neologismos do “seu” Toninho e ele
se espalhe por toda a nação. Aí sim teríamos o primeiro neologismo oficial do “professor”...Quero
dizer, o primeiro “novologismo” do professor...
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