Para nós, garotos, era
a ”rua do cinema “. Ela começava na Praça Inácia Dias e ia até o começo da
Estrada da Ponte Seca. Aquele era nosso jardim de infância, nosso parque de
diversões. Quase não havia carros. Eu me lembro do prédio da Caixa Econômica, da venda do “seu” Machado, de uns sobrados
velhos e de algumas pessoas. A Casa Lotérica veio depois e a Vidraçaria do
“seu” Elias também. Mas não tenho certeza. Fui crescendo junto com a rua, não
sei mais quem e o que veio quando e como. Nessa época o grupo escolar era ali
mesmo, na esquina com a Rua João Rodrigues de Abreu. Um prédio velho e sofrido.
Meu irmão do meio ainda estudou lá. Mais tarde a escola foi transferida para a Avenida
Sílvio de Campos: o Grupo Escolar D. Suzana de Campos.
No entanto, eu tenho
certeza do cinema e da bica. No cinema eu saciava meus sonhos, na bica saciava
minha sede. Que nada, às vezes nem tinha sede, mas aquilo era um marco. Um
lugar especial, nem sei por quê. Duas pequenas escadas de cimento, uma de cada
lado e, lá embaixo, aquele cano com a água saindo pura, cristalina. Era um
oásis, beber água era só um detalhe, o importante era brincar, era estar lá...
Não sei se a bica ainda
existe, são quase sessenta anos. Na minha cabeça, porém, ela está lá
inteirinha, aquele líquido cristalino, puro, satisfazendo minha alma...
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