Dor
de cotovelo
A
minha amiga Leda me telefonou outro dia e disse que estava com pedra no rim. Garantiu
que não existe dor pior. A que vem em segundo lugar está muito atrás, e é quase
insignificante perto dela. Concordei, mesmo porque alguém já me falou isso.
Dois dias se passaram e encontrei meu amigo Hilário. Perguntei como estava e
disse que estava bem, a não ser por aquela maldita dor de cabeça. “Não existe
nada pior no mundo”, me garantiu. Não
quis perguntar se ele já tinha tido pedras nos rins, pois meu intento não era
fazer competição de sofrimento, mas que me deu o que pensar, isso deu. Essa
celeuma cresceu mais na minha cabeça quando meu vizinho noticiou, na manhã
seguinte, ao sair de casa, que estava com uma terrível dor de dente. Essa eu já
tive e a de cabeça também, e acho que elas empatam. Não sei o que dizer, quando
comparadas à dor de quem tem pedras nos rins.
Um
consagrado cronista, nosso querido Rubem Braga, falou também sobre a dor da bursite, comparando-a
com a dor do amor. Se tivesse de votar, talvez devesse ficar com ele, afinal eu
adoro crônicas.
Quando
o assunto já estava meio esquecido, uma outra velha amiga minha me escreveu
sobre seu sofrimento. Nem era sofrimento físico. Era sobre uns problemas com
uma colega de trabalho. “Amiga, nada, ela
é uma grande traidora”, me contou. Ela estava devastada. Depois de analisar o
rol de suas reclamações, cheguei à óbvia conclusão de que ela estava com uma
simples e aguda dor de cotovelo. Eu sei que você não vai acreditar. Mas se você
ler o texto dela, vai concordar comigo, a dor de cotovelo é a pior de todas...
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