Um estranho caso de amor
O Renato, coitado, rompeu com a noiva. E foi muito triste, pois estavam juntos há mais de 7 anos. Isso mesmo, quase igual à história de Jacó na Bíblia. Aqueles anos todos esperando, para nada. Mas vale aqui uma pequena correção. A Sandra é que terminou com ele. Ele, para dizer a verdade, estava com aquela insuperável dor de cotovelo e resolveu escrever um bilhete para ela. Uma amiga em comum se encarregou de entregar a “carta” que dizia assim:
Sandra:
Na verdade foi até bom terminarmos. Não queria dizer, mas não aguentava mais seu autoritarismo: “Faz isso, faz aquilo”, “Vai para lá, vem para cá”. Eu mais parecia um menino de recados do que um homem que estava para se casar. A gente precisa de um mínimo de respeito. E a sua arrogância, então? Achando que sabia de tudo, que sempre estava na minha frente em tudo. Sempre se achando a tal. Fazendo tudo de um jeito como se estivesse fazendo um favor de estar comigo. Onde se viu uma coisa dessas? E aquela mania de nunca concordar comigo, sempre achando que estava com a razão? Aquele ar de nobreza, como se eu fosse da plebe e você uma princesa. Uma coisa impressionante. Sempre se achando mais culta, mais inteligente. Mesmo que fosse verdade, que homem gosta disso? Um pouquinho de humildade não faz mal para ninguém, não, moça! Sempre se achando a mais elegante de todas, sempre com aquele risinho de escárnio em relação a mim e meus amigos e minhas amigas. Quem você pensa que é? Você tem muitos defeitos, mocinha. Eu é que sou educado e não gosto de falar. Nunca apontei os “foras” que você deu em muitas ocasiões, pois sou uma pessoa educada. Não sou como você que não perde uma chance de esculachar os outros. A verdade, pura e simples, é que estou melhor agora. Não é assim que dizem: “Melhor só do que mal acompanhado.”?
Tenho tantas coisas negativas que poderia enumerar desses 7 anos que passamos juntos, mas vou me abster. Não vale a pena.
Adeus!
Em tempo: Se você, entretanto, mudar de ideia e quiser conversar a respeito de um possível reatamento, estou de braços abertos. Qualquer coisa, me avise imediatamente, por favor. Pode ser a qualquer hora do dia ou da noite.
Renato
ooooooOOO0OOOooooo
A crônica acima não faz parte do livro abaixo
Essa vida da gente
Para adquirir este livro no Brasil
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