Um paradoxo judicial
Tsarnaev é o rapaz que, junto com o irmão
(morto durante a caçada policial), colocou as bombas no local onde estava sendo
realizada a Maratona de Boston. Eles mataram 3 pessoas, causaram a amputação de
membros de 17 pessoas e deixaram mais de 240 feridos. Neste momento estão
decidindo se deve receber a pena de morte ou não. Há todo um aparato e muito
dinheiro está sendo gasto para se chegar ao resultado final. Há cem vezes mais
provas do que seriam necessárias para provar a autoria do crime. Ninguém discute isso.
Merece a pena de morte? Se você
reconhece este castigo como válido, não tenha a menor dúvida. Ninguém mais do
que ele.
Há 30 anos atrás, um homem chamado Anthony Ray
Hinton, residente no Alabama, foi condenado à morte, num processo cheio de
irregularidades e malícia. Poderia relatar mais detalhes, mas não há
necessidade. Basta dizer que ele é negro e o processo foi no Alabama.
Finalmente foi libertado, há alguns dias atrás. Tudo que o Estado tinha de fazer
era testar uma arma. Apenas isso. O pedido foi negado. Depois de muito trabalho
judicial, finalmente ele foi libertado diante do absurdo da condenação. Há
vários casos como este. Alguém pode duvidar que outras pessoas inocentes foram
condenadas e executadas sem terem sequer a chance de provarem sua inocência?
Olho os dois casos e fico perplexo. A perplexidade
que vem do inacreditável, do paradoxo. E o paradoxo é este: você querer e achar
justa a pena de morte, bastante compreensível, mas saber que ela pode atingir
uma pessoa simples, inocente e que não tem meios de se defender.
Mais incrível ainda foi a declaração do pobre
homem: sem rancor, sem ódio e feliz por poder aproveitar o que lhe resta de
vida, agora que ele tem 58 anos.
oooooOOOooooo
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