As máquinas estão maquinando
Faz tempo que elas chegaram. Muitas chegaram bem antes de eu nascer. Antigamente elas eram simples, modestas, obedientes. Humildes, até. Quando não sabiam ou não conseguiam executar alguma tarefa, esperavam pacientemente até serem consertadas. Algumas eram graciosas, outras desengonçadas. Muitas eram até românticas, como as velhas locomotivas a vapor. As máquinas, há um bom tempo, são parte de nossas vidas, imprescindíveis, práticas.
Não sei, porém, o que aconteceu com elas nos últimos vinte anos. Começaram a ficar independentes, não necessitar mais de nós. Começaram até a fazer outras máquinas, dizer para nós como precisam ser feitas. Conversam, perguntam e respondem. Fazem nossas contas, escrevem nossos pensamentos, adivinham o que queremos falar. Não quebram e, quando quebram, não podemos consertar. São superiores, prepotentes, arrogantes. Não nos deixam mais falar com nossos filhos. Eles mesmos, mal falam entre si e com seus colegas. Lado a lado, conversam, entretanto, através de textos, curtos, silábicos, aglutinados. Cada vez mais precisamos delas e cada vez menos elas precisam de nós. E está tudo mudando muito rápido. Tenho receio. Não sei o que essas máquinas estão pensando, tramando...Estou com medo...das máquinas. Acho que elas estão maquinando algo.
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