Coisas que um poeta coleciona
Coleciono muitos pores do sol,
lindos sorrisos de gente feliz.
Na máquina, guardo os primeiros,
mas é na alma que guardo os últimos.
Coleciono também alvoradas,
alvoradas de todo matiz,
e frases lindas que ouço por aí.
Todas elas, guardo dentro de mim.
Sou também uma espécie de gari,
que, com força, limpa a alma inteira
de todo evento e ideia ruim.
Jogo logo fora toda cara feia,
que alguém possa fazer para mim.
Varro da rua do meu coração
toda e qualquer palavra maliciosa,
e não ganho por isso um só tostão,
só mesmo uma grande satisfação.
E nas horas em que estou de folga,
invento muitas histórias estranhas,
coisas que jamais aconteceram.
As de verdade não quis contar
pois isso o jornal faz muito melhor.
E, finalmente, quando estou só,
e não tenho nada para criar,
me ponho, alegre e feliz, a cantar,
como um vagabundo, um ninguém,
que não tem nada no que pensar.
O texto acima não faz parte do livro abaixo
Essa vida da gente
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