A oitava virtude
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido
(Ivan Lins: Começar De Novo)
A
primeira etapa: diligência
Quando você percebe, as coisas já aconteceram. Uma
complicação tremenda, a situação toda enredada, sem saída. Era assim que eu
estava, era assim que eu me sentia. Não sabia como havia começado, não sabia
onde poderia ter parado, feito uma intervenção. O problema desta última, a
intervenção, é que é definitiva, tudo tem de recomeçar. E a coragem para isso?
E os meandros da mente, cochichando que, talvez, seja possível ajeitar a
situação, remediar? Uma luta difícil de ser travada, um dilema infernal.
Cada ato que você tomou, em si mesmo, não significou grande
coisa. O primeiro erro, você quase nem percebeu. O segundo foi para consertar o
primeiro, e assim foi. Chega um momento que há uma montanha de erros, formando
uma tragédia. Qualquer coisa que você faça, vai ser mais um erro, e, a partir
de um certo momento, até mesmo um errinho pode ser fatal. E daí é que chega a
tal da hora da intervenção. Se você não faz, o destino faz para você. Você
pensa que qualquer coisa que você faça, vai ser a pior. Puro engano, A pior é a
intervenção do destino.
Como disse, era assim que eu estava. Tormento total. Um
emaranhado de dívidas e problemas, uma coisa sem saída, sem jeito. De qualquer
jeito que se olhava era ruim. Um jeito novo de olhar, pior ainda.
Resolvi, naquela maravilhosa manhã de sábado, dar uma folga
para mim mesmo. Precisava de um pouco de paz. Fingir, por um dia, que não havia
problemas, fingir que tudo estava resolvido. Que, no trabalho, só havia coisas
boas, tranquilidade, harmonia e prosperidade. Era só isso que eu queria naquela
manhã, só isso.
Havia comida pronta, era só esquentar quando viesse a fome.
Na varanda, uma rede gostosa. E o sol, ah, o sol, era divino. Assim que saí de
casa em direção à rede, porém, notei algo estranho. Um estranho ruído, um
estranho conversar. Não era de gente, nem do rádio, nem da televisão. Eram dois
pássaros. Eles estavam conversando. Por um motivo inexplicável, sabia que era
de mim que falavam. Um falava, outro respondia e havia aflição nos seus
piados. Um deles, só via a cabeça,
estava no meu telhado, logo ali na beirada. O outro, no meio das árvores. Esse
pulava, de um lado para o outro, sem parar. Só via a sua sombra e só vez ou
outra. Os dois, altercando, sem parar. Estavam aflitos, aflitos por mim, podia
dizer. Justo hoje que era dia de descansar, de fugir dos meus pensamentos. Cada
vez mais nervosos, gritavam um com o outro. Estavam querendo me avisar. Cheguei a pôr a mão na rede, eu estava
cansado. Precisava descansar, tentar fugir. Eles, entretanto, não davam folga,
não paravam de piar. Com angústia, com desespero. Quem pode ignorar? Criei
forças, vi que tinha de lutar. Relutante, abandonei a rede. Pus-me a meditar.
Por uns instantes eles pararam de gritar. Viam meu gesto, sabiam o que se
passava em mim.
Amanda. Eu tinha de fazer algo pela Amanda. A solução estava
nela. Do latim, Amanda, “que deve ser amada”. Mais do que isso, “que deve ser
procurada”, pelo menos para mim. Mas ela não estava ali. Entre minha casa e a
dela, havia uma boa distância. Podia ir de carro, pelo asfalto. Não era
prudente, porém, podia ser um erro. Tinha de ir pela mata, por uma trilha, esse
era meu caminho. Precisava procurar a Amanda, era isso que tinha de fazer. Já
não mais gritavam os pássaros. Piavam, agora, em tom de alívio. Sabiam que o
primeiro passo havia sido dado. Que resolvera abandonar a preguiça e tinha
optado pela diligência. Não ia ser fácil, sabia, mas precisava ir. Foi assim a primeira etapa, um pequeno momento de
grande vitória.
A segunda
etapa: castidade
Entrei em casa para pegar as coisas de que precisava para a
jornada. Uma garrafa de água, uma roupa apropriada. Quando abro a porta da
sala, lá estava aquela mulher. Eu a conhecia de algum lugar. Primeiro pensei
que estava ali para dar um recado, trazer uma mensagem dos pássaros, traduzir
sua linguagem. Mas, logo, logo, ficou claro seu objetivo. Estava ali, com
aquele olhar voluptuoso. Estava clara a verdadeira intenção. Atrasar minha jornada.
Estava muito claro e ela não procurava esconder. Seminua, envolvente, cheia de
desejos. Estava livre como homem, não havia ali pecado. Ela, não sei, mas isso
era problema dela. Pensei, aquilo podia ser rápido, não era como se fosse
passar o dia inteiro na rede. Talvez fosse até bom, para aquietar minha alma,
deixar-me relaxado para a minha missão. E, lá de dentro da casa, ouvi novamente
os pássaros piarem. Aflitos. Soturnos. Desesperados. Sabiam do perigo. E, lá de
dentro de minha alma, ouvi também um grito. Dificilmente iria encontrar essa
mulher novamente, possuí-la, sem pecado, sem culpa, puro prazer. Ouvi mais uma
vez o desesperado piado lá de fora. Aqueles minutos seriam fatais, podia ouvir
a mensagem. Um pouco de castidade,
decidi, seria bom para renovar minhas forças e começar a travessia. Virei os
olhos e deixei a linda mulher ali. Enquanto saía, dei mais uma olhada. Ela não
estava mais lá. Fora minha imaginação, tentando me distrair, tentando me
atrasar, através do caminho da volúpia. Foi assim a segunda etapa, um pequeno momento
de grande vitória.
A terceira
etapa: generosidade
Antes de entrar no mato cerrado, tinha de ir até fundo de
minha rua. E assim o fiz. Três casas depois, vi que havia um pedinte na
calçada. Torci, dentro de mim, para que ele não me parasse, não me pedisse.
Tinha algum dinheiro no bolso e ia precisar dele. Dinheiro contado, destino
certo. Tinha vindo em boa hora, na hora certa, na hora de chegar. Antes de o
mendigo estender a mão, o pássaro piou uma vez. O outro respondeu. Ouvindo o
piado, o mendigo se sobressaltou. Percebeu que eu estava vindo. Estendeu a mão.
Era isso que eu temia. Tinha dez notas, separei uma. Uma nota daquele dinheiro
de que eu precisava tanto. O piado, desta vez, foi triste, quase um lamento. Um
de cada vez, depois os dois juntos. Sabia que tinha de dar mais. Mais uma nota
separei. Os pássaros, porém, não paravam de reclamar. Agora gritavam, gritavam,
pulavam, pulavam. Era tudo, o que queriam. Botei a mão no bolso e peguei todo o
dinheiro. Quando o pedinte pegou o maço de notas, começou a pular, a gritar de
alegria. E seus gritos se confundiam com os gritos dos pássaros. E, apesar, de
não mais ter aquele valor de que tanto precisava, senti um alívio, me senti
bem.
É assim. É hora de intervenção. Conserto pequeno não
adianta. Tem que ser total. Continuei meu caminho, provei que podia ter
generosidade. É fácil quando você não tem nada. Mas experimenta fazer, como eu
fiz, com o único que você tem e que dá justo para o que você mais precisa. Isso
sim, é uma virtude. As aves, agora, voavam muito alto. Ainda assim, dava para
ouvir seu cantar. Era ousado, desafiador. Elas queriam mais de mim, não sabiam
se eu ia aguentar. Foi assim a terceira
etapa, um pequeno momento de grande vitória. Pensei estar pronto para o resto
da jornada.
A quarta
etapa: temperança
Intervenção. Isso é que é. Tem que ser tudo. Pedacinho não
conta. De pedacinho em pedacinho eu fiz, sem querer, a tragédia. Não tinha
jeito de, repentinamente desfazer pedaço por pedaço o que errado estava. Só com
uma intervenção.
Caminhei bastante. Tinha fome, tinha sede. Continuei,
entretanto, a caminhada. A trilha. O caminho para a casa da Amanda. Um mato
fechado, uma trilha estreita. A fome foi apertando, apertando. Tanta era a
necessidade de comer, que a sede até se recolheu um pouco. Foi então que senti
aquele cheiro de carne assada. Temperos. Sedução. Coisa boa. Deu água na boca. Afastei um pouco os arbustos e lá estava
aquela mesa posta. Variedade. Saladas, carne, vegetais, vinhos e refrigerantes.
Eram para mim, tinham meu nome. Até alguém para servir.
Sentei-me. Até então, tinha seguido as regras. A fome era
justa. A comida, também. O rapaz, o que servia, deu um sorriso. Pegava algo da
mesa e punha num prato. Olhava para mim, esperando por aprovação para cada
coisa que pegava. Quando o prato ficou pronto, colocou-o à minha frente. Fez
sinal para esperar. Encheu, então meu copo com uma limonada cor de rosa.
Depois, encheu minha taça com vinho vermelho. Tudo ali, no meio da floresta.
Uma mesa, uma toalha branca, manjares mil. Intervenção? Redenção? O que é mesmo
que eu queria?
O rapaz, solícito, sorridente, esperou por meu primeiro
bocado. Com o garfo, espetei um pedaço da carne suculenta. Antes que sentisse o
gosto na minha boca, ele já havia corrido para meu lado e segurava meu pulso.
Olhei para ele e o pássaro cantou. Primeiro um, depois o outro. Logo a seguir,
os dois juntos. Advertência. Aviso. Aí entendi. Não podia comer. Tinha coisa
para fazer. A Amanda, ela não podia esperar. Talvez só um bocado, ou dois.
Quase nada, uma coisa insignificante. Desta vez, o grito de advertência foi
mais agudo. Um piado que não era um piado. Ecoou na mata. Feriu meus ouvidos.
Sabia que não podia, tinha de continuar.
Foi assim a quarta etapa, um pequeno momento de grande vitória.
A quinta
etapa: paciência
E assim fiz. Um dos pássaros deu quatro pios. Quatro
estágios haviam passado e isso era bom, pois quatro é mais do que três. O outro
deu três gritos, pois três etapas faltavam, Três de advertência. Amanda, me
espera, estou indo. Tenho fome, tenho sede, mas eu vou.
Intervenção. É assim, tudo de uma vez. Não é como o erro
que se acumula através dos meses, dos anos, em disfarce. Quando você percebe, é
uma montanha, uma coisa intransponível, quase sem retorno.
Caminhei duro, pesado. O asfalto, de carro, teria sido
melhor. Não haveria etapas, nem passos, um passo só. Mas não seria intervenção,
seria uma evasiva, uma evasão.
Depois de muito caminhar, uma porteira. Era só abri-la,
continuar. Só uma porteira, nada mais. Cheguei perto, pus a mão no trinco,
pronto para abri-lo e passar. Um toque
no ombro. Lá estava de novo, ele, o rapaz da refeição, fazendo que “não” com o
indicador. Quis saber, ele não falava. Só fazia sinal de que não. Daí mostrou o
relógio, como quem diz que tinha de esperar. Como esperar? Tinha pressa, a Amanda estava me esperando.
De que tinha adiantado eu recusar todos aqueles prazeres anteriores. Por quê?
Para quê? Fez sinal para me sentar. Paciência. Era isso, tinha que ter paciência.
Sentei-me, sabia que não havia outro jeito, tinha de
esperar. Daí, então, o moço, cujo nome não sabia, nem nunca soube, foi atrás de
uma árvore e trouxe uma cesta de vime. Ainda com fome, pensei que talvez fosse
me dar uma fruta, ou um pedaço de pão. Para matar minha fome, seguir minha
missão. Abaixou-se, levantou a tampa, e tirou de dentro uma bíblia. Abriu numa
das páginas, ao acaso, e começou a ler:
- Hezrom gerou Rão; Rão gerou Aminadabe; Aminadabe gerou
Naassom; Naassom gerou Salmom; Salmom gerou Boaz; Boaz gerou Obede...
E por aí foi, não fazia sentido. Era a genealogia de David.
E falava, falava. Daí então, fazia uma pausa, e as aves gritavam, as duas
juntas, em uníssono. Bem coordenadas eram as duas. E a genealogia continuava
sem fim. Cansativa. Haja paciência, eu estava aborrecido. Nem prestava atenção.
Foi aí que os pássaros gritaram e o moço parou de ler. Fez um sinal de
interrogação com as mãos. E aí, eu entendi. Ele queria que eu prestasse
atenção. Numa genealogia? Num recitar de nomes sem fim? Qual o propósito, qual
a finalidade?
O detalhe, o passo a passo, eu tinha de aprender. Ele
recitou tudo e tudo de novo e tudo mais uma vez. Pensei então, por que não
teria lido os Provérbios? Seria mais sábio, teria aprendido uma lição, várias
lições. Ensinamentos sérios estão ali, todos válidos e certos até hoje, época
épica de certezas quânticas. Foi pensar, foi ele adivinhar meus pensamentos. E
as aves também. Deram gritos estridentes. Não tinha certeza, mas pareciam dizer
“ignorante”, “ignorante”...Foi aí então. E só aí, que entendi. O detalhe. Item
por item. Fazer tudo direito. Sem erros. Acúmulo de coisas certas, opondo-se ao
acúmulo de coisas erradas. Um monte de pequenos erros fazendo uma grande
montanha de engano. Prestei atenção. Ele repetiu outras vezes toda a
genealogia. Eu já sabia várias sequências, logo saberia tudo. Mas aí, uma das
aves soltou um som agudo, estridente. Missão cumprida, minha paciência tinha
sido aprovada. Ninguém falou, mas sabia que faltavam dois passos, cinco haviam
se passado. Foi assim a quinta etapa, um
pequeno momento de grande vitória.
A porteira estava aberta, poderia seguir.
A sexta
etapa: caridade
E eu segui. Muita dificuldade, muita pedra no caminho.
Estava com muitas dores. Mal conseguia absorver o ar para suprir meus pulmões.
Já não conseguia mais raciocinar corretamente. Eu parecia um trapo, um arremedo
de gente. Não aguentei mais, sentei-me ao pé de uma árvore e dormi. Não sei por
quanto tempo fiquei ali, mas sei que sonhei. Vi-me numa fila enorme de pessoas,
todas iguais a mim. Tinham o mesmo problema, um monte de erros acumulados ao
longo dos anos. Mas eles nem tinham entendido ainda que não havia solução, que
não havia conserto. Pensavam que daria para fazer algum remendo, algum acerto
milagroso e as coisas rodariam novamemente. Com um pouco de dificuldade no
começo, mas depois tudo se acertaria. Era por isso que estavam ali. Eles não
sabiam da intervenção. Uma hora chega em que não é possível mais o erro. Tudo
tem de acabar e começar de novo. Passar por um processo. Nulificar para depois
recomeçar. Do nada. Do zero. Do menos que zero. Os coitados não estavam
entendendo. De certa forma, apesar dos apesares, eu estava na frente
deles. Podia passar na frente e
deixá-los para trás. Eles estavam em outra fase, uma fase muito mais atrasada.
Meu coração, porém, ficou partido.
Comecei explicar a todos o que devia ser feito. No começo,
eles não entendiam, ficavam até um pouco revoltados. Depois, começaram a
entender. Dei exemplos. Meu próprio exemplo, vivo, ali na frente deles. Aos
poucos, eles foram se conformando e conforme iam aceitando a realidade, eles
começavam a voltar para o ponto inicial. Cada um para o seu. Cada um tem seu
próprio ponto zero. Foi bom para mim, estava ajudando a todos. O meu próprio
exemplo estava servindo para eles. Era como se eu estivesse fazendo uma
caridade para aqueles pobres coitados. Foi assim a sexta etapa, um pequeno
momento de grande vitória.
A sétima
etapa: humildade
Fiquei sendo uma espécie de modelo. Alguns, antes de
voltarem para seus pontos de origem, para suas próprias vidas – por mais
miseráveis que fossem – vinham me agradecer. Por ter mostrado a luz para eles.
Mostrado a verdade. Aquilo era um exagero. Eu, nem eu mesmo, havia encontrado a
luz. Tinha de passar por algumas provas. Depois teria de esperar a intervenção,
ainda. Mas me senti orgulhoso. Achei que estava mesmo sendo muito útil, muito
valioso. Meu coração foi se enchendo de vaidade. Eu tinha valor, valor mesmo.
Claro, é tudo relativo, mas para aqueles ali, eu era mesmo alguém de valor.
Alguns me cumprimentavam, outros me abraçavam. Daí escutei, ainda no meu sonho,
aquele piado de alerta das aves. Elas
estavam no meu próprio sonho. E no meu sonho, elas falavam. E o que elas
estavam me falando era que eu não era nada, não tinha nada que me envaidecer.
Daí notei que não era uma fala, eram seus piados. Mas eu entendia como língua
de gente. Entendi que estava sendo orgulho, soberbo, achando-me melhor do que
os outros. Fiquei com vergonha de mim mesmo e me senti humilde. Acordei com os
gritos dos pássaros, de verdade. Foi assim a sétima etapa, um pequeno momento
de grande vitória.
A
oitava virtude
Tinham acabado meus testes. O sonho também fora um teste.
Passei por todos e, agora, só precisava achar a Amanda. Eu sabia que ela estava
bem próxima agora. Andei mais umas duas horas e, de repente, via a casa dela.
Era a parte de trás. Fui correndo. Entrei pela porta dos fundos. Procurei por ela,
pela Amanda. A casa, porém, estava vazia. Sentei-me no sofá para pensar. Estava
tentando entender o que acontecia. Quando abri os olhos, notei que estava, na
verdade, na minha própria casa. Era uma verdadeira loucura, uma insanidade. Mas
era isso.
A Amanda não existia. Ela estava na minha consciência. Ela
era a minha consciência. Ela era a minha consciência e tinha de ser amada. E eu
senti um profundo amor por ela. Mais do que por qualquer mulher. E amar minha
consciência era o mesmo que ter paz. Era isso que estava sentindo agora: paz.
Enorme, maior do que o mundo. Acho que Amanda é também o nome da paz. Aquela
que deve ser amada. E eu pensei que aqueles pássaros, negros, sombrios, não
soubessem cantar. Mas eles sabiam e estavam cantando, uma música tão bonita,
tão cheia de serenidade, como nunca antes eu tinha ouvido. Foi aí que eu olhei
para eles e vi que eles não eram pretos. Agora, com a luz do sol, e com a paz
que eu sentia por dentro, pude ver que eles eram azuis. Um azul bonito, forte,
que me enchia a alma. E eles foram voando embora, lado a lado, cantando uma
música que eu nunca tinha ouvido antes. A intervenção tinha terminado.
Era aquele o meu primeiro dia de paz verdadeira, de uma
infinidade enorme que ainda iria vir. Foi daí que me dei conta de que aquele
era a oitava etapa, a oitava virtude. Mas não era uma etapa, não. Era o fim,
era o começo. Era meu infinito, o infinito do resto da minha vida.
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