A cor da fé, a cor de Jonathan Ferrell
Quando percebeu, o carro já estava saindo da pista, voando sobre a calçada, para, finalmente, bater contra uma árvore. Assim que recobra a consciência, procura pelo celular para pedir socorro. Uma confusão terrível dentro do veículo, nada podia ser encontrado. Cambaleante, consegue sair e se aproximar de uma casa. Bate à porta na esperança de conseguir ajuda ou pelo menos um telefone emprestado para chamar a polícia. Ninguém responde. Lá dentro, uma mulher apavorada chama a polícia dizendo que um bandido está tentando entrar em sua casa. Rapidamente algumas viaturas aparecem. A vítima, andando às tontas, finalmente poderia ser socorrido. Ele ouve uns gritos confusos, que não entende. Na verdade eram ordens da polícia para que se deitasse no chão. A seguir, dez tiros. Dez. O homem, que além de não ter celular, certamente não tinha armas, cai morto.
O policial é acusado de assassinato, mas um júri se recusa a processá-lo, devido às “circunstâncias”.
A cor da vítima, talvez você já saiba, era negra. Ele era um ex-jogador de futebol americano. A da mulher, eu não sei – ela não saiu de casa – provavelmente era branca. Outra coisa que eu não sei, mas vou conjeturar, é que no domingo ela foi à igreja e agradeceu a Deus por tê-la livrado de um terrível ataque. Pelo menos de um possível ataque. O que Deus pensa de tudo isso, eu também não sei, embora possa imaginar. Aconteceu em Charlotte, Carolina do Norte, EUA.
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À procura de Lucas
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